Maria João Cantinho publica pela Penalux seu livro de
poemas que foi agraciado com o prestigiado Prêmio Glória de Sant’Anna
A Maria João Cantinho é muito mais conhecida
como ensaísta e crítica. No Brasil, também é conhecida pelo trabalho que
desenvolve frente à revista literária Caliban.
A autora já publicou, dentre outras obras, 4 livros de poesia. Do Ínfimo, o mais recente, é uma
ótima oportunidade para conhecer sua produção poética. O livro foi agraciado
com o Prêmio Literário Glória de Sant’Anna – 2017.
O escritor português António Cabrita, por
ocasião do lançamento do livro em Portugal, fez a seguinte crítica a respeito
da obra: “É um livro de grande equilíbrio, que tem arquitetura e é meditado,
denotando ampla consciência do seu ofício. Sendo discursivo não cai no vício da
retórica; o seu léxico medido e uma expressividade controlada não perdem de
vista os seus efeitos emocionais embora prescinda de se meter em ponta dos pés, no afã de
cativar o leitor por um ‘sensacionalismo das imagens’. Nos poemas de Cantinho a
ênfase não está no brilho (as imagens fulgurantes) mas antes na justeza das
palavras. São versos que testemunham um desencontro com as idealidades,
disfóricos, versos de onde se parte ou nos quais se vinca que algo se
perdeu e que quando encenam um retorno recortam um céu plúmbeo em
fundo. Contudo, a tristeza que neles se plasma foge de consolidar-se como a
abstracção de um saber, ou da congelação melancólica. Daí que surdam laivos de
revolta e vários poemas reclamem um certo cariz social”.
Para a própria poeta, sua obra pretende resgatar a experiência do olhar e do
quotidiano. “Olhar para as coisas pequenas e banais”, diz Cantinho, “e
descobrir-lhes a luz, a que emana do objeto, mas também da memória, dos
fragmentos que se perdem no passado e que nos assaltam como imagens longínquas,
auráticas. E assim celebrar o que escapa aos gestos de hoje, à nossa pressa, ao
ruído. Uma celebração íntima, que só a linguagem redesperta”, conclui.
Cumplicidade, amor pelas coisas pequenas, regresso à infância, empatia.
O livro é também uma forma de reavivar o diálogo com autores que marcaram
presença na vida e na obra da autora.
“É um lugar de abertura – a um chamado, a uma
escuta, ao desejo, sobretudo”, escreve Danielle Magalhães, poeta e doutoranda da UFRJ. “Do ínfimo é um livro de
passagens, caminhos, jornadas. A isso que existe enquanto chama (na duplicidade
desta palavra: verbo e substantivo), que não pode ser capturado nem fixado, que
não obedece ao tempo cronológico, mas a um tempo outro, ‘entre a promessa e o
exílio’ (‘O eco’), habitando o ‘limiar’, esse entrelugar, isso que não se reduz
a um ou a outro, que não chega a ser, que só existe ‘no limiar da sombra ao ser’,
que deve permanecer como possibilidade para continuar sendo desejo, que deve
permanecer como potência para continuar chamando, ecoando como um chamado tal
como nos sonhos ressoa a manifestação de nossos desejos mais ocultos.”
O livro será publicado pela Penalux e estará disponível no site da
editora a partir da segunda quinzena de maio.
Serviço:
Título: Do Ínfimo
Autor: Maria João Cantinho
Especificações: 1º edição brasileira, 2018 – 14x21, 74 páginas.
Link para compra:
Foto: Alfredo Cunha |
Sobre a autora:
Maria João Cantinho nasceu em Lisboa, é
doutorada em Filosofia. Publicou 4 livros de ficção e 4 livros de poesia, 3
livros infantis, um livro de ensaio, intitulado O Anjo Melancólico, editora Angelus Novus. É professora, crítica
literária e colabora com JL (Jornal das Letras, Artes e Ideias, Colóquio-Letras
(Fundação Calouste Gulbenkian), Revista Pessoa e várias revistas académicas e
literárias. Tem poesia traduzida em francês, castelhano e alemão. Atualmente
tem no prelo um romance e um livro de ensaios.
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