Para quem gosta de livros de não ficção fiz uma seleção de dez livros que li e recomendo.
Confira:
A jornalista Maureen Orth escreveu a história sobre a caçada ao serial killer Andrew Cunanan, responsável pelo assassinato de Gianni Versace. Favores Vulgares – A história real do homem que matou Gianni Versace (Editora Vestígio, 448 páginas, 2018) uma série televisiva que venceu o Emmy 2018.No livro a autora conta a história completa do criminoso, fala sobre a forma como o jovem se aproximou do estilista, o mundo de opulência no qual vivia e até mesmo os motivos que levaram a polícia e o FBI a falharem repetidas vezes enquanto tentavam capturá-lo. O livro consegue unir duas vertentes bastantes interessantes: é um trabalho jornalístico investigativo repleto de detalhes e um relato contundente sobre um sociopata. A indicação aqui cabe por dois motivos: pelo trabalho primoroso de jornalismo e pela curiosa história que traça o perfil de um sociopata e os erros da polícia.
A depressão, incluindo a que ocorre em adolescentes, é um problema sério. A adolescência, por si só, é uma fase da vida em que nos deparamos com momentos turbulentos, variações de humor e crises emocionais. É comum ao jovem passar por situações de extrema pressão e novas situações que requerem mais e mais do indivíduo à medida em que a vida adulta se aproxima. Confissões de Um Adolescente Depressivo (Editora Seoman, 171 páginas, 2017), foi escrito por Kevin Breel. O jovem, aos dezenove anos, tornou-se um fenômeno mundial com sua TED Talk, quando aguçou a percepção das pessoas sobre um jovem falando de um tema tão pesado quanto a depressão suicida. A sua forma leve, inteligente e consciente de abordar o assunto chama a atenção também na publicação. A obra se torna um verdadeiro guia para entender melhor quem enfrenta esse mal na adolescência pelo olhar de quem mergulhou fundo no processo depressivo, chegando a cogitar a possibilidade do suicídio. O livro tem uma abordagem que nos faz refletir sobre o assunto, além de clarificar pontos que são imprescindíveis para observarmos os jovens que nos cercam.
Os relacionamentos abusivos despertam preocupação e falar sobre o tema é extremamente importante na vida em sociedade. Falar sobre o assunto possibilita que se compreenda esse comportamento masculino. O livro Mulheres Que Amam Psicopatas: Como identificar homens com distúrbios de personalidade e se livrar de um relacionamento abusivo (Editora Cultrix, 320 páginas, 2018), vem para colaborar com o entendimento sobre o tema. Os índices de violência contra as mulheres são alarmantes. No Brasil, estima-se que cerca de 70% das mulheres já sofreram algum tipo de violência física ou sexual. Escrito por Sandra L. Brown, o livro mostra que há homens com traços psicopáticos e trata ainda sobre as vítimas desses relacionamentos e as consequências que tais relacionamentos acarretam para as mulheres. É uma pesquisa completa que ajuda homens e, sobretudo, mulheres.
Para quem gosta de biografia temos a sugestão de leitura do livro Agatha Christie From My Heart: Uma Biografia de Verdades (Illuminare, 537 páginas, 2016). É a primeira biografia da Rainha do Crime escrita originalmente em português por Tito Prates (escritor, pesquisador e Presidente da ABERST – Associação Brasileira dos Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror). O livro conta ainda com autorização de Mathew Prichard, neto de Christie. A maior escritora de best-seller de todos os tempos merecia uma biografia rica que revela toda a sua trajetória de vida. Se você é leitor de livros de romance policial, curte biografias e tem interesse em conhecer mais sobre Agatha Christie, o livro é imprescindível. É um livro de referência para elucidar inúmeros assuntos que permeiam a vida da Rainha do Crime.
E por falar em romance policial, o livro O Sol Ainda Brilha: A história do homem que passou 30 anos no corredor da morte por crimes que não cometeu (Vestígio, 324 páginas, 2019), poderia ser um livro ficcional, mas não é. Anthony Ray Hinton, o autor da obra, passou trinta anos no corredor da morte, acusado injustamente de ter cometido dois assassinatos no estado do Alabama. Com apenas 29 anos de idade, acreditava que a situação seria resolvida rapidamente. Num sistema judicial que funcionava de um modo diferente para um homem com pouco dinheiro e negro, Hinton se viu condenado à cadeira elétrica. Anthony se manteve firme ao longo do período que passou no corredor da morte e decidiu não apenas sobreviver, mas buscar meios de encarar a situação em que se encontrava e ser luz em meio a tudo que vivenciou. Uma história impressionante!
Pequeno Manual Antirrascita (Companhia das Letras, 136 páginas, 2019), da escritora e filósofa Djamila Ribeiro é outra indicação que não poderia faltar na lista e que traz um tema sempre atual. Em onze lições a autora apresenta conteúdo que nos ajuda a entender a origem do racismo e como combatê-lo. Notadamente, o livro permite reflexões para quem deseja se aprofundar a percepção acerca do racismo estrutural e que tem a coragem de assumir a responsabilidade pela mudança do estado atual de como as coisas se dão. É imprescindível compreendermos que o racismo está presente na sociedade e que é um sistema, um sistema de opressão que nega direitos, que viola individualidade e que não é ato isolado de um ou outro. Ser antirracista é urgente, como argumenta a filósofa.
Escrito pelo ex-repórter do New York Times, Charles Duhigg, O Poder do Hábito (Objetiva, 408 páginas, 2012) não é um livro recente, como se pode notar pelo ano da publicação. No entanto, até hoje, o livro tem se tornado um poderoso aliado para quem, na vida particular ou nos negócios, deseja mudar algum aspecto. O que a obra mostra é a possibilidade de focar em padrões que moldam aspectos da nossa vida, criando, portanto, a transformação de hábitos. O livro apresenta histórias reais em que a percepção de que a mudança de alguns padrões pode levar ao sucesso e propicia um novo entendimento sobre o potencial humano e a capacidade de transformação.
Claro que aqui não poderia faltar um livro que nos contasse sobre um período da História. Corações Sujos (Companhia das Letras, 352 páginas, 2011), foi escrito por Fernando Morais, jornalista que recebeu três vezes o importante Prêmio Esso e quatro vezes o Prêmio Abril de jornalismo. Após o final da Segunda Guerra Mundial, a Liga do Caminho dos Súditos – a Shindo Renmei – foi criada em São Paulo. Os seguidores do grupo acreditavam piamente que a rendição do Japão não passava de uma fraude. Eles não aceitavam o fato de que o Japão havia perdido uma guerra e, em pouco tempo, a colônia japonesa se dividiu. De um lado aqueles que seguiam a Shindo Renmei e do outro os que haviam aceitado a derrota, chamados de “Corações Sujos” No período compreendido entre janeiro de 1946 e fevereiro de 1947, os matadores da Shindo Renmei percorreram o Estado de São Paulo fazendo atentados que levaram à morte 23 imigrantes e deixaram cerca de 150 feridos. Nessa grande reportagem, Fernando Morais conta a história dessa seita nacionalista que aterrorizou a colônia japonesa que morava no Brasil.
Para os leitores que gostam de arte mesclando-a com biografia, a indicação é o livro de Hayden Herrera, Frida: A Biografia (Biblioteca Azul, 624 páginas, 2011). A figura de Frida Kahlo é bastante difundida, o que, de certo modo, a tornou bastante popular. A artista sofreu um grave acidente na juventude, foi casada com o muralista Diego Rivera e foi amante de Trotsky. Nessa biografia, escrita por uma reconhecida historiadora da arte, temos a intimidade de Frida, detalhes, descrições e interpretações sobre os quadros que pintou. A biografia da artista revela-se, assim como sua imagem, uma história que carrega dor, sofrimento, libertação, fluidez, sedução e arte. Conhecer mais sobre Frida é um verdadeiro mergulho no mundo da arte.
A última sugestão dessa postagem fica por conta do livro Estação Carandiru (Companhia das Letras, 252 páginas, 2005). O médico Drauzio Varella, autor da obra, faz um relato sobre os dez anos em que prestou atendimento voluntário na Casa de Detenção de São Paulo, o maior presídio do Brasil, até que foi demolido e onde foi instalado o Parque da Juventude, no bairro do Carandiru em São Paulo. O livro também virou filme em 2003, dirigido por Hector Babenco. A publicação não visa denunciar o sistema prisional, mas sim demonstrar uma disposição de que as pessoas sejam tratadas na sua individualidade, mesmo em condições em que tal individualidade seja bem difícil de ser manifestada. Entre as diversas histórias contadas por Drauzio, identificamos claramente que, não importa qual seja o crime que o detento havia cometido, eles seguiam à risca um código de conduta próprio. Não seguir esse código equivalia à morte. As nuances do sistema carcerário podem ser sentidas na leitura.
Boa leitura!
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