Entrevista: Flávio Karras - Tomo Literário

 


O escritor Flávio Karras é autor do livro “Bom dia, você vai morrer”, que foi ganhador do Prêmio Aberst de Literatura. Escreveu também o livro Indigesto e, recentemente, publicou na Amazon o conto “Socorro! Mate o meu micro-ondas!


A entrevista foi concedida por Flávio durante o leitura do livro “Bom dia, você vai morrer!” no Tomo Literário Clube de Leitores e agora compartilho com os leitores do site.


Em breve, o autor terá um novo livro que será publicado pela Rocket Editorial.


Na entrevista fala sobre o prêmio, financiamento coletivo, rotina de escrita, as características presentes em seus textos literários, o mercado editorial e muito mais. Confira.


Tomo Literário: Como surgiu a ideia de escrever o livro “Bom dia, você vai morrer!”?


Flávio Karras: Primeiro de tudo, agradeço a oportunidade de participar desta breve entrevista ao Tomo Literário, veículo muito importante na divulgação da literatura nacional. Lembro da alegria ao ver o meu pequenino “Indigesto” lindamente resenhando no blog. Foi um momento de muita emoção. Só tenho a agradecer.


Bem, a ideia do “Bom dia...” veio de um emaranhado de pensamentos filosóficos alcoolizados. Em uma noite de bebedeira e com os sentidos um tanto confusos, fitei minha esposa e companheira de copo e pensei como seria se eu a visse na forma como iria morrer. Sim, não é nada romântico. O que a angústia provinda da cena poderia gerar? Este foi o embrião do livro.


Tomo Literário: O livro foi o ganhador do V Prêmio ABERST nas categorias Projeto Gráfico e Narrativa Longa de Terror. Como foi pra você ser vencedor do prêmio?


Flávio Karras: O evento foi um belíssimo momento de confraternização e valorização da literatura nacional. Fiquei muito contente por ter sido escolhido entre tantas obras de qualidade, ainda mais por levar para casa dois troféus bacanas.


Tomo Literário: Bom dia, você vai morrer! foi uma publicação independente por meio de financiamento coletivo. O Catarse tem sido um meio importante de publicação dos livros para autores que não estão nas grandes editoras?


Flávio Karras: Exato. Os sites de financiamento coletivo são tábuas da salvação para escritores e editoras independentes que não têm como arcar com os bizarros custos de impressão.


Tais sites são úteis tanto na fase do financiamento propriamente dito, quanto na pré-venda que pode ser utilizada para medir o interesse público e traçar os próximos passos da produção.


Tomo Literário: Você tem alguma rotina de escrita? Costuma construir fichas de personagens, criar roteiros ou o processo é mais intuitivo?


Flávio Karras: Sou uma negação com rotina e organização. Se alguém busca dica construtiva comigo é melhor parar de acompanhar estas linhas. Minha rotina de escrita é péssima. Tento escrever pelo menos uma cena por dia. Cena que pode ser um parágrafo ou quinze folhas.


E mais, preciso de prazos. Sem prazo fico perdido. A exemplo da “Parasita de Almas” que demorei mais de três anos para escrever, e o “Pho dah C”, próximo romance a ser lançado pela Rocket, que escrevi em trinta dias graças ao prazo do edital.



Tomo Literário: Umas das características mais marcantes dos seus textos são a ironia, a acidez e a crítica aos comportamentos contemporâneos. Você não pensa em escrever crônicas sobre o cotidiano? Esse estilo adotado é algo planejado de acordo com cada história?


Flávio Karras: Todas as minhas histórias são iniciadas com a pretensão de fazer algo tocante, pesaroso e melancólico. Contudo, acabo descambando para o humor, via ironia ou singelo sarcasmo. A história vai se montando de forma automática, em uma dança canalha e, muitas vezes, acaba virando um guilty pleasure literário.


Tomo Literário: Você tem contos publicados e também as narrativas longas A Parasita de Almas e Bom dia, você vai morrer. O que você mais gosta de escrever, os contos ou os romances? Por que?


Flávio Karras: A estrutura narrativa vai depender do fôlego da história. Se a história pode ser rápida, sem delongas ou sem necessidade de elaborar ou aprofundar personagens, vamos de conto ou noveleta; caso contrário, o romance é mais adequado para detalhar, esmiuçar.


Tudo conforme o fôlego ou a força da história, sob pena de esticarmos com uma “encheção” de linguiça ou fazer uma conclusão precoce.



Tomo Literário: Como você tem percebido o cenário do mercado editorial para os livros de terror, sobretudo depois da pandemia? Os leitores têm buscado o terror ficcional para fugir do terror real?


Flávio Karras: Confesso não ter observado esta tendência, mas o reforço na utilização das redes sociais e celular como meio de cultivo da ansiedade que brotou no período periclitante da pandemia.


Tomo Literário: Atualmente está lendo algum livro?


Flávio Karras: Estou lendo o “Kiumba” de Everaldo Rodrigues.


Tomo Literário: Que livros e/ou autores você recomenda aos leitores?


Flávio Karras: Leiam. Apenas isso. Leiam no celular, notebook, tablet, kindle ou impresso. Leiam qualquer obra que traga felicidade ou completude. Só não vale livro pirata, daí o lugar no inferno estará garantido.


Tomo Literário: Quer deixar algum comentário para os integrantes do clube e leitores do blog?


Flávio Karras: Aos integrantes do Clube, estou muito ansioso para nosso bate papo cadavérico e de antemão agradeço pela leitura do “Bom dia, você vai morrer!”. Aos leitores do blog, recomendo que devassem este site. Tem muita resenha bacana e apontamentos super confiáveis. #ficaadica.


Conheça o site do autor:

https://www.flaviokarras.com.br/


Siga o autor no Instagram:

https://www.instagram.com/flaviokarras/


Nota: guilty pleasure - é algo que você gosta, no entanto não é visto como algo bacana/legal pela sociedade.





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