Vida na metrópole
em 18 contos de L. R. Guedes
Poeta, escritor, cronista, tradutor e também letrista (sob o
nome de Paulo Flexa), Luiz Roberto Guedes é um criador que não se encerra num
único nicho. Autor atuante no campo da literatura juvenil, com definido gosto
pelo fantástico, vem publicando numerosos títulos, desde “Perdidos no trem
fantasma”(1995), até “A saga do Gato do Negro” (2016), tendo obras adotadas
pelo PNBE (Plano Nacional Biblioteca na Escola), a exemplo de “Treze noites de
terror” e “O livro das mákinas malukas”. A par de traduzir poetas e organizar
antologias de conto e poesia, Guedes tem publicado sua obra adulta, a partir da
novela histórica “O mamaluco voador” (Travessa dos Editores, 2006). Seus contos
de “Alguém para amar no fim de semana” (Annablume, 2010), foram considerados
pelo escritor Luiz Ruffato como “uma quase novela, de sabor pop”, devido às
narrativas interligadas, protagonizadas por um Josué Peregrino, possível alter ego do autor.
A coletânea seguinte, “Miss Tattoo — uma quase novela” (Jovens
Escribas, 2016), foi descrita pelo crítico Alfredo Monte como uma “taxonomia do
tiozão”, que abrangeria desde “tipos descolados (que circulam pela noite), até
tipos introspectivos, voltados nostalgicamente para os anos 80. Monte assinala:
“É incrível a leveza da prosa de Guedes. Ele escreve como um autor policial
norte-americano. Entretanto, é uma falsa leveza, ainda que o leitor ache tudo
fluente, jocoso e mordaz. (...) É amargura no fundo do riso, é o ácido no suco
da laranjeira ”. Esse estilo seco e despojado também foi observado pelo poeta,
tradutor e editor Vanderley Mendonça: “Guedes é poeta e,
impressionantemente, não usa o artifício poético em seus livros para criar
imagens batidas e surradas buscando emoção fácil no leitor”.
Agora, Guedes lança “Como ser ninguém na cidade grande”,
sua seleta de melhores contos, escritos nos últimos vinte anos, a maioria
publicados anteriormente em livros, revistas e jornais literários, além de alguns
inéditos. Para o escritor Roniwalter Jatobá, que assina a orelha do livro,
essas dezoito narrativas propiciam uma multiplicidade de olhares sobre a cidade
e seus viventes, refletindo “um testemunho do nosso tempo, numa prosa direta e
repleta da condição humana”. A propósito, o escritor argentino Ricardo Piglia
considera que “o êxito do artista é ser reconhecido pelos outros artistas”.
|Penalux/Imprensa|
Leia um trecho:
Grande
João Vitorino. Parece que você nos mandou alguns originais nos últimos anos,
não foi? É lamentável, meu caro, mas este país não lê, não valoriza o autor
nacional. O que você trouxe aí? Morto
sem chão? Qual é o assunto? Hum. Interessante. É compreensível, você lida
com a realidade que conhece. O tema é sempre o grande problema de um livro, meu
caro. That’s the trouble. Atualmente,
ninguém quer ouvir falar desse tipo de regionalismo tardio: massacre de
sem-terra, tribo dizimada, grilagem de terras, assassinato de missionário,
matador de aluguel etc. O Brasil urbano está de costas pra esse Brasil do
fundão. É pena, mas that’s it. A missão de um editor hoje é uma
verdadeira cruzada. It’s really hard, my
dear.
Serviço:
“Como ser ninguém na cidade grande”, contos de Luiz Roberto
Guedes, Penalux, 2018, 172 páginas, R$ 40,00.
Disponível para compra:
http://editorapenalux.com.br/loja/como-ser-ninguem-na-cidade-grande
Lançamento:
19 de setembro, quarta-feira, a partir das 19 horas, no Centro
Cultural Al Janiah, Rua Rui Barbosa, n° 269, Bela Vista, S. Paulo.
Leia um conto do
livro:
http://rascunho.com.br/sorte-grande
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