O Corvo, livro publicado pela Editora
Clepsidra em 2018, traz o texto de Edgar Allan Poe, tanto o original em inglês
quanto a tradução feita pelo escritor Machado de Assis em 1883.
Exausto de fadiga, numa noite, alguém bate à
porta. Ele lembra-se, em meio aos livros que estudava, daquela que agora os
anjos proferem o nome: Lenora. O medo o toma, mas também a curiosidade em saber
quem bate à porta; talvez o vento, é um de seus pensamentos. Eis que pela
janela surge “um nobre Corvo” que pousa sobre o busto de uma estátua de Pallas
Atenas, a deusa grega da sabedoria.
Ao questionar algo ao pássaro que ali está,
uma surpresa toma conta do homem, posto que o animal, “uma ave negra, friamente
posta”, responde. Sim, ela fala. A ele diz que se chama “Nunca mais”. Resposta
esta que se repete a outras indagações feitas pelo homem e que, ao mesmo tempo,
desperta nele o interesse em tentar descobrir o real significado das duas
palavras que o corvo profere.
O poema fala dessa conversa que o homem tem
com a ave. O primeiro, que se via solitário com a perda de Lenora, agora vê o
animal diante de si. O que esse corvo representa? Seria ele a representação da
morte? Seria o corvo a voz de sua consciência tentando fazê-lo aceitar a perda
da mulher amada? Seria algo mais misterioso e mais complexo de entendermos?
Notadamente o leitor sentirá o ambiente soturno e melancólico que o poema
carrega em seus versos.
Na segunda parte do livro temos as
ilustrações de Paul Gustave Doré (1832 – 1883), artista conhecido sobretudo por
suas xilogravuras produzidas no século XIX. As figuras são ímpares e trazem uma
demonstração imagética do texto de Poe, transcendendo portanto as palavras e
incorporando elementos da interpretação e da visão do autor, acerca do poema de
Edgar. O prefácio da obra coube ao escritor
e pesquisador de ficção de horror Oscar Nestarez.
O Corvo é, sem dúvida, uma das obras mais
célebres de Edgar Allan Poe. Foi conhecido e reinterpretado ao longo do tempo,
tanto em ensaios, críticas e em versões cinematográficas.
A tradução de Machado de Assis e as
ilustrações de Doré, datam da mesma época e tem total consonância com a visão
desses dois artistas sobre a obra do escritor Poe. A tradução de Machado, contudo,
carrega também sua interpretação, posto que os versos foram adequados para a
língua portuguesa e não meramente traduzidos.
Originalmente o poema foi publicado na
American Review em 1845. Foi nesse mesmo ano que ganhou uma versão em livro e começou
a ter sua versão traduzida em vários países.
O Corvo é um poema enigmático, soturno (como
dito anteriormente) e que tem um ar sombrio, mas que ainda assim também carrega
uma forte simbologia, capaz de gerar interpretações acerca do que se lê. O trabalho gráfico da Clepsidra, tanto no que refere-se ao formato do livro quanto das ilustrações e da diagramação merece destaque. Leitura recomendada.
Sobre o
autor:
Edgar Allan Poe nasceu em Boston, nos Estados
Unidos, em 1809. Era filho de atores de teatro e teve uma infância que poderia
ter sido trágica. Ficou órfão de mãe e foi abandonado pelo pai, mas foi adotado
por outra família. Foi criado em Virgínia. Trabalhou como editor, escritor,
jornalista e escreveu poemas, contos e romances, sempre com a temática de
suspense e terror. Faleceu em outubro de 1849.
Ficha
Técnica
Título: O Corvo
Escritor: Edgar Allan Poe
Editora: Clepsidra
Edição: 1ª
Número
de Páginas:
78
Ano: 2018
Assunto: Poesia
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