Em seu novo livro, escritor e professor da PUC
questiona e aprofunda a estética da existência
A estética da existência,
termo apontado por Michel Foucault no terceiro volume da obra História da Sexualidade – O cuidado de si,
traz como reflexão a possibilidade de criação de outros estilos de vida em
resposta à reprodução de padrões e valores de uma determinada sociedade, tendo em
contraponto a transformação da existência humana em obra de arte. O escritor
Edmilson Felipe parte deste pressuposto para desenvolver o enredo de seu novo
livro, O cio da salamandra não seduz
camaleões, romance que sai pela Editora Penalux e cujo lançamento ocorrerá
no próximo sábado, na capital paulista.
Na história
apresentada por Edmilson, um homem solitário carrega consigo o desejo de
mudança. Apelidado de Zero, este personagem vivencia, tal como um camaleão, diversas
situações pelas quais novos lugares e personagens passam a fazer parte de sua
história, acentuando forte interação entre passado, presente e futuro.
Os outros
personagens que surgem no romance assumem formas tentadoras diante de Zero,
como as mulheres com as quais ele se relaciona sexualmente. São presenças
decorrentes de seus relacionamentos antigos, namoros desmanchados. Essas
relações fugazes traduzem a vida em seu estado mais passageiro. Aspecto que
merece atenção especial, pois representa o ponto central do livro. Ante esta
questão, o escritor aponta a rota filosófica do seu enredo: “Novas
subjetivações, sociabilidades e encontros. Desejos incandescentes que promovam
outros níveis de vínculo com a realidade. Um cotidiano pautado por encontros e
desencontros; situações-limite que induzam ao questionamento da própria vida na
sua dimensão efêmera, atemporal e sobretudo artística”.
Todavia, existe alguma
autenticidade entre os personagens, mesmo inseridos neste contexto tão fugaz. Zero,
o protagonista, alimenta em seu íntimo o desejo de mudança. Ele que vive uma
vida de padrões, trabalho, sexo, está sempre com uma ânsia que o impele a
mergulhar em um oceano de acontecimentos. Libertar-se de uma vida comum é a
pulsão que move a engrenagem da narrativa em torno da vida de Zero: a procura
de um estilo de vida diferente em meio à transitoriedade de sua existência.
“Acredito que o
livro possa contribuir para uma reflexão mais aprofundada de como todos estamos
estancados num estilo de vida tão retilíneo e uniforme que não dá mais conta de
ser vivido”, diz Edmilson Felipe, justificando sua proposta ficcional. “O
cenário contemporâneo requer um olhar para essas mudanças, tanto
comportamentais, como situacionais, em que um melhor entendimento do real possa
ser analisado e superado”, finaliza.
Celio Almeida de Carvalho, que assina o texto
de orelha, assim resume o livro: “Histórias cruzadas num mosaico alucinante.
Uma narrativa que ignora o tempo linear e busca na desordem a construção de
histórias que se retroalimentam, num redemoinho de desejo, tensão e morte. Mas O cio da Salamandra Não Seduz Camaleões,
de Edmilson Felipe, não se prende ao comum. Não se trata aqui de uma história
carregada de erotismo e suspense, apenas. Trata-se de uma busca, de encontrar o
caminho rumo ao Km Zero”.
O lançamento do livro ocorrerá dia 25 de agosto, sábado, a partir das 19h,
no Bar Canto Madalena (R. Medeiros de Albuquerque, 471 - Vila Madalena, São
Paulo – SP)
Serviço:
O cio da salamandra não seduz camaleões,
romance –Edmilson Felipe (Editora Penalux, 2018; 120 páginas).
Link para compra:
Sobre o autor:
Edmilson Felipe é Doutor em Antropologia,
professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Participa do Núcleo
de Estudos da Complexidade nas linhas de pesquisa: Itinerários Intelectuais e
Dinâmicas Culturais Contemporâneas. Atua na área de Antropologia, com ênfase em
Complexidade e Conhecimento, Indústria Cultural, Cinema, Arte e Tecnologia e
literatura.
Psicanalista, escritor e poeta, participa de
vários eventos literários na cidade. Produção Literária: O Susto do Sapiens: Ensaios antropoéticos
– Poemas (2.000; 2014 - 2ª. edição) – Antes
do Medo – Poemas (2005). Dias de
Rock and Roll –
Romance (2012). Self no Cadafalso –
Poemas (2.015). Almanaque da Carne –
Poemas (2.017).
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