Em entrevista ao Tomo Literário, Vitor
Abdala, autor dos livros Tânatos e Macabra Mente, comenta sobre seus livros,
literatura de terror/horror e conta que em breve terá seu primeiro romance
publicado. Vitor fala ainda sobre escrever contos, Aberst, o segundo volume de
Narrativas do Medo e muito mais.
Tomo
Literário:
Quando
e como foi o seu primeiro contato com a literatura?
Vitor
Abdala:
Não me lembro de quando li meu primeiro livro, mas sei que gosto de livros
desde que era bem pequeno. Acho que, com uns dez anos de idade, eu já escrevia
histórias.
Tomo
Literário:
Tânatos
– Contos Sobre a Morte e o Oculto foi o seu primeiro livro. Como surgiu a
reunião dos contos que estão presentes na obra?
Vitor
Abdala:
Os contos de Tânatos foram escritos em menos de um mês. Eu escrevi o primeiro
conto em meados de 2015 para participar de uma antologia e, depois disso, as
ideias foram pipocando na minha mente e fui escrevendo uma história após a
outra. Quando já tinha escrito alguns contos, tive a ideia de reuni-los em um
livro. Com os nove contos escritos, procurei uma editora para publicar o livro.
Como se tratava de uma coletânea de contos, as chances de publicá-la por uma
editora tradicional eram quase nulas. Por isso, nem perdi meu tempo submetendo
originais para essas editoras. Tirei dinheiro do meu bolso e banquei a primeira
edição em uma editora pequena. Na verdade, nem era uma editora, era uma espécie
de gráfica que cobrava para fazer uma capa, diagramar o livro e imprimi-lo. A ideia
era apenas satisfazer um sonho de adolescente de publicar um livro. Só depois
pensei que poderia usar a publicação para começar a me inserir no mercado
literário, sem grandes pretensões.
Tomo
Literário: Narrativas do Medo foi
organizado por você. Como foi o trabalho de reunir dezoito feras do terror
nacional?
Vitor
Abdala:
O Narrativas foi uma das coisas mais legais que fiz desde que comecei minhas
incursões na literatura criativa, há uns dois anos. A ideia era apenas publicar
um livro, mas durante o processo de produção da antologia, nós, autores,
interagimos de forma tão intensa que acabamos forjando laços muito bacanas entre
a gente. Em nenhum momento houve estresse ou briga entre os autores. Pelo
contrário, rolou (e ainda rola) muita brincadeira e zoação entre a gente. A
experiência foi muito, muito interessante.
Tomo
Literário: Sei que o volume dois está
chegando. O que os leitores podem esperar do segundo livro?
Vitor
Abdala:
A experiência do primeiro foi tão bacana que todos nós quisemos repetir a dose.
Então, logo que o primeiro Narrativas foi lançado, já começamos a planejar um
segundo volume. A ideia inicial era fazer um segundo volume com um time
completamente novo. Queria reunir mais 18 ou 20 nomes de destaque no cenário do
terror, que por vários motivos não tinham participado do primeiro volume. Mas
todos os autores do Narrativas 1 (com apenas uma exceção) quiseram fazer parte
do segundo volume. Então, em vez de criar uma nova família, tive que ampliá-la.
A família aumentou, mas o clima amistoso permanece. Está sendo uma experiência
ótima fazer o segundo volume. Somos mais de 30 autores e, desta vez, teremos
ilustrações também. Se o primeiro volume já era considerado um marco na
literatura de horror nacional, o segundo certamente conseguirá superá-lo.
Tomo
Literário:
Macabra
Mente, seu segundo livro publicado, reúne contos de sua autoria em que o terror
se manifesta em situações das mais diversificadas. Que dica você daria aos
novos autores que desejam escrever um conto de terror? O que não pode faltar?
Vitor
Abdala:
Acho que o principal é tentar fazer alguma coisa diferente, buscar alguma coisa
original, seja no enredo, seja na forma de contar a história, seja no estilo. Temos
muitos autores de terror no cenário independente brasileiro e, a cada dia que
passa, surgem novos nomes. Para se destacar, tem que fazer alguma coisa
diferente.
Tomo
Literário:
Na
sua visão quais são as perspectivas para os livros de terror brasileiro? Tem
conquistado mais leitores? O mercado tem recebido bem nossos autores?
Vitor
Abdala:
Acho que o cenário, do ponto de vista dos autores, tende a crescer bastante e
isso se deve à facilidade com que se pode publicar hoje em dia. O problema é o
mercado leitor. No Brasil, lê-se muito pouco. E terror se lê menos ainda. Para
os autores nacionais, então, a realidade chega a ser cruel. Em mais de 90% dos
casos, o autor de terror nacional acaba escrevendo para amigos mais próximos.
E, às vezes, mesmo os amigos que compram o livro, nem sequer o leem.
Tomo
Literário:
Você
e mais doze autores formaram os 13 Malditos, grupo que disponibilizou os
trabalhos na Amazon numa promoção para os leitores. Como foi a receptividade do
público?
Vitor
Abdala:
A ideia de criar o grupo partiu da Glau Kemp, que tem se destacado com um livro
que não sai da lista de mais vendidos da Amazon (Quando o Mal Tem um Nome). Ela
é uma autora independente mas que, em breve, encontrará seu espaço no mercado
editorial tradicional. Não tenho dúvidas em relação a isso, tanto por causa de
seu talento quanto por causa de sua perseverança e profissionalismo. Ela quis se
unir a mais 12 autores independentes para juntarmos esforços e divulgarmos
nossos trabalhos. A ideia é que, se o autor X divulga o autor Y, os leitores de
X conhecerão o trabalho de Y e vice-versa. E deu muito certo, acho que em dois
dias, nosso grupo teve cerca de 10 mil downloads na Amazon. Isso é um número
muito expressivo para autores independentes e pouco conhecidos.
Tomo
Literário:
O
que te move a escrever?
Vitor
Abdala:
Escrevo primeiro porque esse é meu ganha-pão. Antes de ser escritor, sou
jornalista. Trabalho como repórter e preciso escrever diariamente não raro mais
de uma matéria. Mas para além da escrita jornalística profissional, resolvi
começar a enveredar pela escrita criativa porque gosto de criar histórias e de
desenvolvê-las. É um trabalho difícil. Não é fácil, porque durante o processo
encontramos bloqueios, becos sem saída etc. Mas é um trabalho muito
gratificante. Sem dúvida alguma.
Tomo
Literário:
Está
trabalhando em algum novo projeto literário? Pode nos contar um pouco?
Vitor
Abdala:
Depois de dois anos batalhando como autor independente, no final do ano
passado, eu assinei um contrato com uma editora tradicional, a Editora
Generale, do grupo Évora. Nos próximos meses, devo lançar meu primeiro romance
por essa editora. A Évora/Generale é mais conhecida por seus livros de
gestão/administração e por suas biografias (como a do Iron Maiden, Pink Floyd,
Messi, Roger Federer etc), mas que também já publicou bons livros de terror, como
a trilogia Apocalipse Zumbi e o livro Diário de um Exorcista, que virou um
filme e hoje faz sucesso na Netflix. Esse meu livro será um romance policial
com elementos de horror, ambientado no Rio de Janeiro. O processo de revisão do
texto já terminou e o livro está em processo de diagramação. Agora tudo depende
da editora.
Tomo
Literário: Que autores você recomenda ou
quais autores influenciaram o seu trabalho como escritor?
Vitor
Abdala:
Há muitos nomes interessantes no cenário de terror nacional, mas como estou
trabalhando com a maioria deles nesse momento, não me sinto à vontade de citar
apenas alguns. Eu correria o risco de cometer injustiças. Mas basta dar uma
olhada na lista de autores dos dois volumes do Narrativas do Medo para se ter
uma ideia de como tem gente boa escrevendo terror no Brasil.
Tomo
Literário:
Que
livros, de quaisquer gêneros, você indicaria aos leitores e de que maneira
esses livros te tocam (ou perturbam)?
Vitor
Abdala:
De terror, sugiro O Cemitério, de Stephen King, é um dos livros mais sombrios
que já li. Acho que é a melhor e mais melancólica obra do mestre do horror.
Entre os brasileiros, indico Bufo & Spallanzani, de Rubem Fonseca, que é um
clássico do romance policial nacional. Também recomendo Abusado, do Caco Barcellos,
que não é de ficção, mas que poderia ser considerado um dos melhores romances
policiais do país.
Tomo
Literário:
Quer
deixar algum comentário para os leitores?
Foto: Reprodução |
Vitor
Abdala:
Convido todos vocês a conhecerem o meu trabalho e o de vários autores nacionais
que tem trabalhado duro para conseguir seu reconhecimento. Também queria
aproveitar para apresentar a recém-criada Associação Brasileira de Escritores
de Romance Policial, Suspense e Terror (Aberst), que tem por objetivo reunir
autores brasileiros e divulgar seu trabalho. Para participar, basta ter
publicado um romance, conto ou poesia em livro físico solo, coletivo ou e-book
(na Amazon). A associação é capitaneada pela incansável Claudia Lemes, que é
uma das grandes revelações da literatura policial e de suspense nacional,
autora de Eu Vejo Kate e Um Martini com o Diabo. Ela tem se dedicado muito para
colocar a associação para funcionar e com isso ajudar no desenvolvimento desses
gêneros literários no país.
Saiba
um pouco mais sobre o autor
Vitor Abdala é jornalista e escritor, nascido
no Rio de Janeiro em 1981. É casado e pai de um menino de cinco anos. Autor de
Tânatos e Macabra Mente, organizador da antologia Narrativas e coautor de
várias coletâneas, entre elas algumas internacionais. Membro da Horror Writers
Association, dos Estados Unidos, e conselheiro da recém-criada Associação
Brasileira de Romance Policial, Suspense e Terror (Aberst).
Conheça
os livros
Tânatos
– Contos Sobre a Morte e o Oculto
O que você faria se, sozinho em sua casa, recebesse
mensagens de um número desconhecido em seu celular e o estranho insistisse em
te fazer uma visita? Ou então, se fosse queimado vivo e, no nomeio da agonia
provocada pelas chamas, a morte se esquecesse de você? E se você começasse a
ter uma sensação esquisita de que há alguma coisa arranhando seu estômago e
começasse a vomitar coisas estranhas, como dentes e unhas?
Esses são alguns pesadelos que se apresentam
aos personagens do livro de estreia de Vitor Abdala. Uma coletânea de contos
que envolvem a temática sobrenatural. Para quem curte boas histórias de terror,
sem finais felizes.
Macabra
Mente
É a segunda coletânea de Vitor Abdala e reúne
oito contos de terror, sendo cinco inéditos. O livro, lançado de forma
independente, através do selo próprio do autor (VCA), traz os contos O Barulho
na Casa de Máquinas, Zé do Peixe Quer o Seu Voto, Auto de Resistência, Disco de
Vinil, Beta, Túmulo de Aço, Ilha das Focas e Despachos.
Disponível na Amazon.
Narrativas
do Medo
Organizada por Vitor Abdala, Narrativas do
Medo reúne dezoito contos de algumas das mentes mais criativas do terror
nacional. Prepara-se para o terror!
Acompanhe
Vitor Abdala
Facebook: https://www.facebook.com/vitor.abdala1
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