Márcio Benjamin é autor dos livros Maldito
Sertão e Fome. Desde os treze anos é envolvido com lápis e papel para contar
histórias. Ele falou com o Tomo Literário sobre seus livros, indicações de obras,
autores que o influenciaram e novos projetos. Leia a entrevista na íntegra.
Tomo
Literário:
Como
foi o início de sua jornada pelo meio literário?
Márcio
Benjamin: Comecei
participando de coletâneas com a editora Andross, depois lancei meu próprio
livro pela editora Jovens Escribas.
Tomo
Literário:
Maldito
Sertão traz histórias baseadas no folclore e na literatura oral. Como surgiu a
ideia do livro?
Márcio
Benjamin: Na
verdade essas histórias já fazem parte da minha vida. Eu tive uma avó muito
mágica e mentirosa (risos) que me contava altas histórias de assombração, as
quais já contava pro meu pai, e assim o gosto foi se intensificando até hoje!
Tomo
Literário:
Quais
foram os maiores desafios para fazer a obra?
Márcio
Benjamin: A
segurança de assumir a linguagem oral na escrita. Fiquei inseguro que
funcionasse tanto quanto está funcionando.
Tomo
Literário:
E
como foi o processo de escrever o livro Fome, que também é ambientado no
nordeste brasileiro?
Márcio
Benjamin: Nesse
caso juntei a fome com a vontade de comer. Badum tsss! Ok, foi péssimo. Mas
sério, tentei utilizar a mesma linguagem do Maldito Sertão dessa vez com um
romance, e procurei ser o mais ágil possível, pois não tinha experiência com
esse estilo. Sempre gostei muito de zumbis, aí procurei reler a questão da seca
com esses monstros maravilhosos, uma grande pitada de candomblé...Aí fui
juntando um pouco daqui, inventando um pouco dali, e surgiu!
Tomo
Literário:
Sei
que está vindo por aí o livro Narrativas do Medo 2 em que você participa ao
lado de outros autores. Quais as expectativas para o lançamento do livro?
Márcio
Benjamin: Nossa,
as melhores possíveis! Ser convidado pra o primeiro foi uma grande honra e me
senti extremamente satisfeito com o resultado! É realmente um livro que vai
fazer história pois contou com um apanhado do que melhor está sendo feito no
terror nacional hoje, com histórias muito bem escritas e diversas. Pra o número
dois, a coisa vai melhorar ainda mais porque tem ainda mais gente legal!
Tomo
Literário:
O
que te inspira a escrever?
Márcio
Benjamin: As
histórias que me contam. Sempre!
Tomo
Literário:
Está
trabalhando em algum novo projeto literário? Pode nos falar sobre ele?
Márcio
Benjamin: Vários.
No momento escrevo o conto pra o Narrativas do medo 2, mas ainda é surpresa, só
posso adiantar que se passa no nordeste (ô novidade...risos), e que trata da
relação bem peculiar de uma mãe com sua filha, que é obrigada a fazer coisas
terríveis dada a miséria. Ao mesmo tempo escrevo “A procissão”, que é a
continuação de Fome. E tem outros caminhando que ainda não podem ser revelados,
mas digamos que em breve vamos alcançar, atingir outro tipo de mídia...(risos e
mais risos).
Tomo
Literário:
Que
autores você recomenda ou quais autores influenciaram o seu trabalho como
escritor?
Márcio
Benjamin: Eita,
são vários: Gabriel García Márquez, Marina Colasanti, Ray Bradbury, Júlio
Cortázar, Maria Valéria Rezende, Sheyla Smanioto, no terror nacional, toda a
turma do narrativas e ainda M.R. Terci, que eu acho foda! Não vou nem citar
Stephen King porque nem precisa, né?
Tomo
Literário:
Que
livros, de quaisquer gêneros, você indicaria aos leitores e de que maneira
esses livros te tocam?
Márcio
Benjamin: Danou-se!
Como escolher? (risos) Sombras da noite e o Cemitério, de Stephen King, que me
levaram aos primeiros passos do terror. Qualquer coisa de Caio Fernando Abreu,
que me ensinou que escrever simples não significa ser simplório. Qualquer coisa
de Júlio Cortázar, que me ensinou que nem tudo deve ser explicado. E mais
inúmeros outros que ainda estão a serem descobertos.
Tomo
Literário:
Quer
deixar algum comentário para os leitores?
Márcio
Benjamin: Leiam
como se a sua vida dependesse disso! E olha que depende, viu?
Saiba
um pouco mais sobre o autor
Márcio Benjamin
Costa Ribeiro, um natalense do Estado do Rio Grande do Norte, tem 37 anos,
trabalha como advogado, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, e costuma apresentar-se como um escravo das letras. Desde os treze anos
é metido com lápis e papéis, tentando mostrar aos outros um pouco do que se
passa em sua cabeça. Participante usual de antologias de terror (Noctâmbulos,
Caminhos do Medo, pela Editora Andross), também já fez muita gente rir com suas
peças de teatro (Hippie-Drive, Flores de Plástico, Ultraje).Tenta tornar
público seus contos exibidos com uma certa freqüência no site www.umanjopornografico.blogspot.com. Maldito
Sertão foi o seu primeiro livro, de contos. Lançado em 2012 pela Editora Jovens
Escribas, foi considerado um dos melhores de 2012 e 2013 pelo Troféu Cultura
Potiguar e quadrinizado pelo coletivo Quadro 9, rezando a lenda que conhecerá a
tela grande do cinema. Em 2015 foi lançada a segunda edição com mais contos.
Em 2016, foi
convidado pela Universidade de Sorbonne, tendo exposto seu trabalho em Paris,
na referida universidade, bem como participado do Salão do Livro na capital
francesa.
Ainda no mesmo ano
lançou o seu primeiro romance, Fome, o qual concorreu ao Prêmio da
Biblioteca Nacional como melhor Romance Juvenil de 2016.
Em 2017, teve um
dos contos do Maldito Sertão, "Casa de Fazenda", traduzido para o
espanhol e composto a coletânea "Literatura Brasilis", e lançado na
XXVI Feira do Livro em Havana, Cuba.
Conheça
os livros de Márcio Benjamin
Alma viva não
seria capaz de desenvolver a um adulto barbado a crença em criaturas esquecidas
na primeira infância. O diabo peludo, o lobisomem, a mula sem cabeça, tudo isso
era coisa de criança, perdida no amadurecer enrugado da face, e então Benjamim
sopra novamente vida a esses seres, vida e medo.
Fome
Em seu novo livro,
“Fome”, Márcio segue a linha do terror e mantém o nordeste brasileiro como
cenário para sua ficção. Porém, desta vez, escolheu o monstro mais querido da
cultura pop, os mortos vivos conhecidos como zumbis e o situou numa cidadezinha
interiorana que está passando por uma cruel e prolongada seca. Sobre a história
do livro, o filósofo Pablo Capistrano escreveu em sua orelha: “Com uma
narrativa simples e direta, bastante teatral e cênica, o criador dessa história
atravessa o horizonte do sertão, o grande tropo da literatura brasileira no
século XX, com imagens rápidas de hordas de flagelados aos farrapos se
arrastando em busca de comida, contaminados de uma desconcertante pulsão que
mesmo na morte os move em sua fome sem fim. Pois como o próprio autor coloca na
boca de um de seus personagens: “pra que pressa, mãe, se as arribaçãs rasgam o
céu como se soubessem que vamos todos morrer?”.
Sobre as compras, estas podem ser feitas diretamente com o autor (entrega pra todo o Brasil, com frete e autógrafo grátis).
O livro Narrativas do Medo pode ser adquirido na Travessa.
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Que lindo! Muito obrigado!
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