[Entrevista] Leca Haine - Tomo Literário


Leca Haine é uma escritora brasiliense com quatro livros publicados e que se dedica tanto ao gênero ficção para jovens como para adultos. Ela concedeu entrevista ao Tomo Literário e falou sobre seus livros, carreira, participação da Editora Lua Azul na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, novos projetos e muito mais. Confira!

Tomo Literário: Como se deu o início de sua carreira literária?

Leca Haine: Escrever sempre foi uma coisa que eu gostava muito. Desde criança, as aulas de redação eram as que mais me atraíam. Segui a carreira jornalística e trabalhei em alguns jornais no começo da carreira até ingressar no serviço público, onde trabalhei durante muitos anos em Assessoria de Imprensa na área da Saúde. O trabalho e os cuidados com a família, marido e filhos não permitiam a dedicação que eu gostaria de ter com a área de ficção e, por isso, decidi aguardar até poder me dedicar integralmente à escrita. Com os filhos crescidos, comecei fazendo alguns cursos de roteiro para televisão e cinema e foi a partir daí que percebi que não poderia fugir ao meu destino. Minha realização profissional estava na área da ficção.

Tomo Literário: O livro A Torre traz a história de uma idosa preconceituosa e um porteiro, tratando da codependência pela solidão. Como surgiu a ideia do livro?

Leca Haine: Considero A Torre um dos meus melhores trabalhos e penso que mesmo muito mais adiante, este pensamento ainda irá persistir porque é um livro que fala de temas recorrentes do ser humano como a solidão, a culpa, o preconceito social e por aí afora, sem ser clichê e nem procurar ensinar nada a ninguém. As conclusões partem do próprio leitor, à medida em que avança na história que está sendo contada. Na verdade, a Torre me surgiu inteira, completa. Foi algo muito maluco porque eu sentei e escrevi numa folha de papel, de uma só vez, quem seriam as personagens centrais e o que iria acontecer com elas. Logo após isso, confesso que comecei a escrever o livro umas quatro ou cinco vezes e após a décima página, eu desistia e deixava para lá. Um dia, lembro que era tarde da noite, resolvi escrever da forma que me viesse à mente, sem cobranças e sem ficar pensando se iria agradar. Quando dei por mim, tinha escrito umas 40 páginas e não parei mais. Quem leu A Torre, viu que o enredo é fascinante e assim como não dá vontade de parar de ler, não dava vontade de parar de escrever também.

Tomo Literário: A trilogia Lua Azul navega por outro gênero, a literatura fantástica. Conte-nos, como foi a ideia da trilogia?

Leca Haine: A Trilogia Lua Azul, com dois livros publicados ( Lua Azul e a Terra Paralela e Lua Azul e a Luta Contra o Medo) , além do terceiro volume a caminho, provavelmente a ser concluído até abril do ano que vem, nada mais é do que uma história que eu gostaria de encontrar numa livraria e levar para casa. Eu adoro livros com uma pegada meio mágica, que tem um quê de emoção e também de aventura. Reuni tudo isso com uma personagem segura e firme do que quer, mas ao mesmo tempo, em alguns momentos, frágil e emocional. O resultado disso é que a Zelda é uma menina de 16 anos muito cativante, que sempre tem algo bacana a dizer sem ser chata e sem querer provar nada a ninguém.  O resultado disso é que é uma trilogia gostosa de se ler. Eu queria que fosse bem escrita e que causasse interesse entre os pré-adolescentes porque penso que este público tem poucas opções no Brasil. Ou leem aqueles diários interativos cheios de gírias que tentam “ganhar” o leitor a qualquer custo ou se dedicam aos livros mais adultos, com romances sensuais e um universo que acredito, não deva fazer parte do mundo de um adolescente. O mais incrível de tudo com a Trilogia Lua Azul é que além dos pré adolescentes e adolescentes, os adultos e idosos também tornaram-se fã da Zelda e seus amigos e cobram com muita ênfase o que querem que aconteça no desfecho da história rsrs.

Tomo Literário: Qual é o maior desafio para o escritor quando elabora uma história contada em três livros?

Leca Haine: Com certeza, o mais difícil é manter a identidade da história. Você tem que esquecer que se passaram alguns meses ou até mesmo anos, desde a última publicação, e recomeçar exatamente de onde parou, com o mesmo tipo de escrita e com a mesma emoção. É realmente bem parecido com o que a gente chama de “pegar o trem andando”.

Tomo Literário: Seu mais novo lançamento foi o livro Quem Vê Cara Não Vê Ansiedade, que é uma ficção baseada em fatos reais, que aborda a ansiedade. Como foi o processo desse livro?

Leca Haine: Esse livro nasceu sem uma pretensão literária específica. Ao escrevê-lo, eu queria passar a emoção de quem convive com a ansiedade num grau de transtorno, ou seja, muito além da ansiedade que permeia o dia a dia de todos nós. A fórmula que encontrei foi contar a história em primeira pessoa, e mais do que isso, por meio de depoimentos. Esses depoimentos ora são do garoto que enfrenta a doença, ora são da mãe, que começa o livro se sentindo muito culpada, ora do pai ou da avó. Na verdade, esses depoimentos, principalmente da mãe e do rapaz contém informações captadas a partir de inúmeros depoimentos de pacientes que tive oportunidade de ouvir e presenciar ao longo da minha carreira como assessora de imprensa. 

Tomo Literário: O que te move a escrever?

Leca Haine: Além de gostar muito de escrever, e também de ler, penso em poder colaborar, ainda que seja um pouquinho, para uma transformação que um dia virá. Não sei se irá demorar, ou se será mais rápido do que a gente imagina, mas o nosso país um dia vai sim ter uma maioria de pessoas responsáveis e que prezam a sua palavra, que cumprem compromissos e seguem as leis e normas não porque estão sendo vigiadas, mas porque é o certo a se fazer. É claro que existem muitas pessoas maravilhosas e que vem atuando bastante em prol desta transformação e o meu trabalho é apenas uma gotinha no oceano, mas acredito e confio no poder da educação e da leitura e sempre que puder vou falar disso.

Tomo Literário: Você esteve na Bienal do Livro do Rio de Janeiro com a Editora Lua Azul. Como foi o evento? Quais as expectativas para a editora no mercado?

Leca Haine: A Bienal do Rio foi maravilhosa, nunca vi tanta gente que gosta de livro reunida, aliás, todas as bienais são muito boas porque nos unem ao leitor. Tem o olho no olho, o abraço, e isso mostra ao autor que ele está no caminho certo. Além do Rio, tive oportunidade de participar de bienais em Brasília, São Paulo, Fortaleza e Belém e em cada uma delas fiz mais do que leitores, fiz amigos.  A Editora Lua Azul foi criada pelo meu marido, Moacir Santos, e tem como objetivo justamente abrir caminho para os meus livros porque facilita a burocracia de viajar com os livros, fazer lançamentos etc. As capas também ficam em família, são um trabalho de edição da minha filha, Carolina Haine. Pensamos em continuar sempre buscando novos meios e formas de divulgação e produção de ainda muitos trabalhos.

Leca Haine na Bienal do Livro do Rio de Janeiro / Foto: Reprodução
Tomo Literário: Está preparando algum novo projeto literário? Pode nos contar?

Leca Haine: Além do Lua Azul 3, que tem o título provisório de Lua Azul e o Improvável Retorno, estou escrevendo um romance que se passa no Brasil e em Londres. Também vou transformar em romance uma história que eu escrevi no curso de sinopse para televisão, que conta a história de uma enfermeira na São Paulo dos anos 40 que é seduzida e abandonada pelo dono da clínica onde trabalha.

Tomo Literário: Que autores você recomenda ou quais autores influenciaram o seu trabalho como escritora?

Leca Haine: Da infância eu trago Monteiro Lobato, com as Reinações de Narizinho, e Orígenes Lessa, com memórias de Um Cabo de Vassoura. Já na vida adulta, adorei a escrita do Franz Kafka em A Metamorfose e Aldous Huxley, com Admirável Mundo Novo, além de todos os contos da Clarice Lispector e também o livro “A hora da estrela”. Também há muito tempo e preciso reler, Gabriel Garcia Marquez, com “Cem anos de solidão”. Atualmente, tenho lido bastante a autora italiana, Elena Ferrante e muitas autoras nacionais da atualidade também. É sempre muito bom aprender!

Tomo Literário: Que livros, de quaisquer gêneros, você indicaria aos leitores e de que maneira esses livros te tocam?

Leca Haine: Basicamente os que eu citei, além da poesia de Paulo Leminski e também as crônicas de Milton Hatoum.

Tomo Literário: Quer deixar algum comentário para os leitores?

Leca Haine: Um leitor é mais feliz do que as demais pessoas porque vive várias vidas em uma só. Sei que alguém já disse, mas é a pura verdade!

Conheça os livros de Leca Haine.

A Torre

Rio de Janeiro, anos 2000.

Eusébia, uma velha mulher arrogante e preconceituosa, vê-se sozinha e sem ninguém para conversar, a não ser o porteiro Tião, que veio do nordeste em busca de trabalho. Com o passar do tempo, surge uma espécie de codependência entre os dois, induzida pela solidão que sentem e que não têm coragem de confessar nem mesmo para si próprios.

Somente encarando os erros do passado e buscando perdoar-se a si próprios, ambos conseguem enxergar que a Torre, o prédio onde moram, não é mais o mesmo e que um novo destino os aguarda

Lua Azul e a Terra Paralela

A história de uma menina chamada Zelda, que leva uma vida normal até começar a receber alguns bilhetes misteriosos na caixa dos correios. O primeiro dos bilhetes diz – entre outras coisas - que “ um sinal surgirá no céu e, na praça dessa cidade, lhe será descortinado o véu”.

Uma vez na praça da cidade, Zelda olha para o céu e vê a lua azul, iluminando tudo ao redor. Ao reparar mais adiante, vê uma chave dourada a qual ela toca e atravessa um portal, indo parar numa outra dimensão: a Terra Paralela. Tem início aí uma aventura cheia de emoção e ação a cada capítulo!

Lua Azul e a Luta Contra o Medo

Até que ponto uma adolescente comum consegue superar o fato de ter que atravessar um portal e viver longe da família em uma outra dimensão? Esse é o desafio de Zelda, a partir de agora, na Terra Paralela.

Neste segundo livro cheio de aventura e suspense, a garota descobre que muitas vezes as coisas não são como parecem, que amigos se transformam facilmente em inimigos e que os nossos desafetos podem vir a ser aqueles que irão nos sustentar na luta contra o medo.

Quem vê Cara não vê Ansiedade

Mostra, por meio de depoimentos de uma família, a angústia que é enfrentar esse mal pouco conhecido, mas que pode ser devastador. Temos aqui relatos cheios de emoção e do sentimento de exclusão que acomete a pessoa que lida com este transtorno.

Esta é uma história de ficção baseada em fatos reais. Fala da angústia vivida por mais de 9% dos brasileiros (cerca de 18, 6 milhões de pessoas) que sofrem com transtornos de ansiedade (segundos dados da Organização Mundial de Saúde) e que muitas vezes são tidos como irresponsáveis ou vagabundos. Algumas dessas pessoas são representadas por meio das personagens deste livro. Tudo o que foi aqui relatado faz parte de experiências captadas com equipes que atuam na redução de danos, hospitais e clínicas psiquiátricas, além de consultórios de psicologia que tive oportunidade de conhecer ora trabalhando na área de comunicação da saúde, ora como mera observadora e/ou paciente em terapia.

Encontre os livros de Leca Haine:

Estante Virtual: www.estantevirtual.com.br
Você também poderá pedir diretamente à editora Lua Azul www.facebook.com/editoraluaazul
ou pelo site: www.lecahaine.com.br

Encontre Leca Haine nas rede sociais:

Informações: editoraluaazul@gmail.com

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