Victhor Fabiano é autor dos livros O Lavrador
e o Plebeu, O Epitáfio e Guerra da Minha Rua. Ele concedeu entrevista ao Tomo
Literário e falou sobre seus livros, o início de sua jornada no meio literário
e muito mais. Confira.
Tomo
Literário:
Para
iniciarmos, como foi o começo de sua vida literária?
Victhor
Fabiano: Após
escrever uma redação voltada para a escola, segundo o pedido de uma professora,
percebi a possibilidade de continuar a história desenvolvida na redação e
prolongar para um romance. Claro, com a motivação da professora e seus elogios,
percebi com mais clareza a possibilidade. Quando dei-me conta, o livro estava
escrito e sua história havia me conquistado fortemente. Eu havia escrito, já,
outro livro, mas desconsiderei, pois seu enredo era fraco e sua escrita
totalmente inexpressiva.
Tomo
Literário:
Guerra
da Minha Rua é seu mais recente livro. Como surgiu a ideia de fazer a coletânea
de contos, crônicas e poesias reunidas numa única obra em torno de uma
personagem?
Victhor
Fabiano: A
história de Madame Mórra surgiu como uma revelação de fatores políticos,
particulares e sociais da vida de alguém. No caso, essa personagem fictícia
possuiria uma história densa, que envolve os mais variados tipos de relações
familiares e econômicas. Deste fio lógico, produzindo sua história, surgiu o
conto Guerra da Minha Rua, narrativa na qual os componentes da história de
Mórra são explorados, bem como sua decadência e ataque contra os vizinhos. Por
páginas sua história parece inacabada, se não fosse pelo conto final cujo
conteúdo revela o paradeiro de Mórra. Enfim, são contos que estão relacionados diretamente
ao Guerra da Minha Rua, e outros textos, que chamo de retratos, responsáveis
pela discussão de outros temas cotidianos, como amor, solidão e o suspense da
vida urbana. Desta forma, surgiu a coletânea como um registro dos retratos de
Mórra e dos nossos retratos também; para expressar nossas contradições.
Tomo
Literário:
Quanto
tempo durou o processo até a publicação? E qual foi o seu maior desafio?
Victhor
Fabiano: O
processo foi denso pois, a priori (início de 2016), busquei um financiamento
coletivo para bancar a publicação por meio de uma editora que prestaria o
serviço da publicação. Contudo, não atingi a meta e deixei a ideia da
publicação guardada por quase um ano. Apenas no começo de 2017 decidi
publica-lo pela editora responsável pela edição do meu primeiro livro, O
Lavrador e o Plebeu. O maior desafio é difícil de destacar, pois são tantos...
Mas sempre ressalto o desafio da divulgação, da publicidade sobre a obra e,
principalmente, o desafio de tornar o livro uma ideia passível à leitura: este
desafio é diário. Afinal, reside na base de toda dificuldade do pequeno autor a
dificuldade financeira e as garras do mercado.
Tomo
Literário: Seu primeiro romance O Lavrador e o Plebeu
trata de conflitos entre o estado absolutista e a revolta popular. O outro
livro, O Epitáfio, também aborda questões políticas. Na sua visão, a literatura
pode ser um mecanismo de conscientização política do cidadão?
Victhor
Fabiano: Sem
a possibilidade de entender e decifrar o mundo, os seres humanos não são
conscientes de sua própria existência crítica. Acontece que o ser humano, por
seu processo de reprodução material e social nos últimos séculos, tem sido
roubado de sua própria condição. Por isso que vemos tantas pessoas trabalhando,
escrevendo, estudando, cantando, lendo, enfim, exercendo atividades mecânicas
alheias à consciência do que se faz e para que se faz aquilo. Na minha opinião,
a literatura precisa abraçar a causa de ser um mecanismo que provoque e produza
questionamentos sobre este ciclo e quebre barreiras que, muitas vezes, pela via
didática já estão fortes demais. A política precisa estar no centro da
literatura, embora os diversos gêneros tragam temas variados, para buscar
devolver às pessoas seu potencial crítico dentro da história. Principalmente
aos trabalhadores e trabalhadoras. É disto que fala O Lavrador e o Plebeu. Os
conflitos residem na base de nossa história e de nossa sociedade. É necessário
que a literatura não os engula, mas sim os explicite.
Tomo
Literário:
O
que te inspira a escrever?
Victhor
Fabiano: A
realidade, suas contradições, movimentos, lutas, problemas e paradoxos.
Tomo Literário: Guerra da Minha Rua está na fase
de lançamento, mas queremos saber: está trabalhando em algum novo projeto
literário? Pode nos contar?
Victhor
Fabiano: Estou,
em alguns projetos! Mais de três romances aguardam letras para tomar a vida
para si. Entretanto, falta tempo. Os três relacionam-se com os problemas
políticos, sendo que um deles explora o conflito religioso entre poder político
e poder econômico.
Tomo
Literário:
Que
autores você recomenda ou quais autores influenciaram o seu trabalho como
escritor?
Victhor
Fabiano: Recomendo
Machado de Assis, principalmente, por sua obra e contribuição essencial à
literatura brasileira e mundial. Joanne Rowling, por exemplo, não apenas
recomendo como incluo na lista de autores que influenciaram meu modo de escrita
e trabalho.
Tomo
Literário:
Que
livros, de quaisquer gêneros, você indicaria aos leitores e de que maneira
esses livros te tocam?
Victhor
Fabiano: Para
inspirar minha prática pedagógica, tanto na escrita quanto nos diálogos que
participo em escolas públicos, busco referenciar a obra de Paulo Freire e,
neste caso, indico Pedagogia da Autonomia, pois explora o campo do conhecimento
de maneira dialética
Tomo
Literário:
Quer
deixar algum comentário para os leitores?
Victhor
Fabiano: Quero
agradecer imensamente o espaço da entrevista e agradecer pela atenção de cada
leitor e leitora do blog. Aproveito para convida-las/los ao lançamento de
Guerra da Minha Rua, será bem-vinda e bem-vindo para este momento de literatura
e diálogo sobre o mundo. Afinal, Mórra é culpada ou não? Saberemos juntos.
Beijos!
Conheça
os livros do escritor Victhor Fabiano
O Lavrador e o Plebeu
Editora
Multifoco
Ser verdadeiro para muitos pode ser a escolha
conveniente, para Alício foi. Lavrador de uma terra simples, mas da qual
provinha todo o seu sustento, tratava de conservar seus dias em meio a uma
monarquia cruel. Mas no terror das limitações políticas e de direito, arriscou
auxiliar um plebeu que fora arremessado em vias públicas pela própria guarda.
Ver tal cena, aos olhos de Alício, exigia compaixão e ajuda, e foi o que
decidiu fazer. Neste enredo, mergulhamos nos conflitos entre um estado
absolutista e uma revolta popular, caminhando rumo à libertação de um povo e à
construção da sua própria história. Alício finaliza nosso livro de forma jamais
imaginada. Caminhos nunca são definitivos quando se trata de destino.
Disponível na loja da Editora Multifoco.
O Epitáfio
Editora
Penalux
Arturo permanece forte até o momento em que é
iminente o perigo de se contaminar com o poder daqueles que buscam sua queda; é
momento de abandonar. Após seu próprio partido ser diluído por impostores
políticos, há o perigo de uma seita tomar os caminhos do governo. Por trás de
uma sólida base de governo, há um veneno puro traçando aqueles que não estão em
vigia; quedas drásticas, uma crise social e econômica terrível e o pior: o
engano diluído pelos sábios. A cadeira vaga de Arturo foi a maior arma dos infiltrados.
Resta lutar, buscando levar a verdade a todos, até que haja a necessidade de
armas. De qual lado você estará?
Disponível no site da Editora Penalux.
Guerra da Minha Rua
Editora
Multifoco
Imagine-se à mercê do próprio ódio. Madame
Mórra sobrevive num casarão pouco desejado para a época, acariciando memórias e
lembranças de sua época dourada: riqueza, fama, desejos e corrupção. Os quadros
à parede documentam tal passado que nada condiz com o presente de miséria e
solidão. Abusos, trabalho forçado e a destruição de seu potencial legado. Mórra
resguarda em si o rancor das memórias feridas – convenhamos: há maior veneno
letal do que estas feridas? Mórra, à companhia de seu gato, resguarda sua
própria existência, nestes tempos de amargura, numa rua dominada por “gente
comum”. E decide vingar-se. Pois bem: a guerra tem início para lavar a alma da
ex-diplomata. Assassina?
Disponível na loja da Editora Multifoco.
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Muito legal!
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