Wallery Giscar concedeu entrevista ao Tomo
Literário. O escritor falou sobre suas incursões na literatura, seu livro
Ajuste de Contas e muito mais.
Tomo
Literário:
Como
foi o início de sua jornada pela literatura?
Wallery
Giscar: Tudo
começou com um trabalho solicitado em sala de aula sobre o livro Senhora. A
professora elogiou o trabalho e eu fiquei com a sensação de que podia ser
escritor. Até que me empolguei na época, mas após a empolgação, esqueci. De
tempos em tempos me vinha a ideia de escrever um livro só que outros objetivos
surgiram e fui colocando a literatura de lado. Foi quando vieram as participações
em concursos literários lá pelos idos de 1998 época em que iniciava o curso de
Letras/Português. Vi nos concursos a
chance de mostrar o meu trabalho e comecei a participar. Ganhei alguns, perdi
outros tantos, mas a experiência foi muito boa, pois serviu para me despertar
para a literatura. No entanto, passei um longo período afastado da literatura,
pois estava com outros projetos em mente. Somente quando lancei meu livro
Ajuste de Contas no formato ebook, pela amazon, que decidi mergulhar na
literatura e assumir o lado escritor, pois até então, apesar de escrever poesia
e alguns contos e ter participado e ganhado alguns concursos, não havia
resolvido apostar na literatura.
Tomo
Literário:
Como
surgiu a ideia do livro “Ajuste de Contas”?
Wallery
Giscar: Ajuste
de Contas surgiu para participar de um concurso literário que teve na minha
cidade, Teresina. Na infância e adolescência fui muito influenciado por
histórias de violeiros que cantavam as peripécias de pistoleiros e isso gerou
em mim a necessidade de também contar uma narrativa que envolvesse o mundo da
pistolagem. Quando apareceu o concurso, já estava na minha cabeça a história de
Ajuste de Contas e foi só sentar e começar a escrever.
Tomo
Literário: O livro tem a abordagem sobre
uma figura que paira no imaginário: o pistoleiro. A composição do personagem
foi baseada em alguma história real?
Wallery
Giscar: Não.
Ajuste de Contas e o drama de Justino são frutos da imaginação. Embora tenha
como pano de fundo a pistolagem, aborda questões como conflito de terras,
prostituição, ganância, vingança, amor e perdas.
Tomo
Literário:
Quanto
tempo levou todo o processo da escrita até a publicação e qual foi o maior
desafio?
Wallery
Giscar: Eu
como escritor tenho três momentos na escrita: o período de germinação, em que
surge a ideia e começo a pensar no personagem e no desenrolar da história; o
segundo momento é o da escrita do primeiro rascunho, é um esqueleto da
história; e finalmente o terceiro momento é o mais desafiador, cansativo e
trabalhoso, o trabalho de revisão. Essa revisão não é a revisão gramatical a
que submetemos nosso livro, mas é a revisão em que aprimoramos os diálogos, as
cenas, os personagens e tudo o que envolve a narrativa. Como o livro surgiu
para participar de um concurso literário, a escrita demorou pouco tempo, talvez
um mês. Após ganhar o concurso literário, o livro foi publicado em 2005 numa
antologia, juntamente com outros vencedores do concurso em 2001. Em 2015, fiz
algumas alterações na história e em junho, publiquei-o como ebook na amazon. E
no início de 2016, comecei a procurar por uma editora. Foi então que encontrei
a Giostri Editora e publiquei o livro em março de 2017.
Escrever uma boa história é difícil. É
preciso se ater a uma infinidade de técnicas e ainda ter o cuidado de criar
algo que venha a atrair o leitor. E mesmo fazendo isso, não é garantia de
sucesso. Depois vem outra fase que é uma verdadeira batalha: conseguir uma
editora. E feito isso, não acaba; na verdade começa, pois surge o desafio de
angariar leitores. Creio que, analisando todas as fases, a mais desafiadora é
se sobressair num oceano de outras tantas obras e conseguir a atenção do
leitor. É um trabalho de paciência e muito esforço, mas que tem sua recompensa.
Tomo
Literário:
O
que te inspira a escrever?
Wallery
Giscar: Para
responder preciso contar um pouco sobre meu passado. Sempre gostei de histórias
desde pequeno. Acho que essa parte da minha vida é a primeira vez que conto
numa entrevista, mas vamos lá. Nasci numa cidade pequena do Maranhão e acho que
até os dez anos não tínhamos TV. Isso mesmo, nada de televisão. Hoje as
crianças passam o dia grudadas na tela da TV, celulares e tablets. E eu não
tinha isso. Então como fui gostar de histórias? Bom, para começar só dormia
depois que me contavam uma boa história. Como surgiu essa paixão, não sei. Mas
guardo na lembrança a imagem de um garotinho com os olhos esbugalhados ouvindo
histórias antes de dormir. Antes de saber ler, já pedia minha irmã mais velha
para ler para mim. Livros? Não, revistinhas em quadrinhos. Coisa que não era
recomendada para crianças, pois se dizia que iria lhes tirar o prazer da
leitura dos livros. O que, felizmente, só me ajudou na minha paixão pela
leitura. E tinha outra coisa na minha infância sem televisão: havia um programa
no rádio, acho que era o programa da Tia Leninha, creio que era esse o nome.
Todos os dias havia uma história contada por ela e eu estava lá com o ouvido
grudado no rádio, ouvindo a história. Por que toda essa fixação em histórias
não sei responder. Só sei que essa paixão fez nascer o desejo de também
encantar outras pessoas assim como um dia eu me encantei e ainda me encanto ao
ler um bom livro. Hoje quero ser lido e poder colocar meus livros nas grandes
livrarias. O que me inspira a escrever é o amor pela arte de contar histórias,
o prazer de encantar os leitores e poder trazer um pouco de alegria, diversão e
prazer com a leitura de minhas histórias.
Tomo
Literário:
Está
trabalhando em algum novo projeto literário? Pode nos contar?
Wallery
Giscar: Estou
trabalhando em uma ficção científica e em um romance romântico e creio que logo
mais terei novidades.
Tomo
Literário:
Que
autores você recomenda ou que influenciaram o seu trabalho como escritor?
Wallery
Giscar: Quem
deseja ser escritor deve acima de tudo gostar de ler. Não dá para imaginar
alguém que almeja ser escritor e diga não gostar de ler. Deve-se ler de tudo,
dos clássicos aos contemporâneos. E quanto mais cedo o autor se convence disso,
mais rápido ele começa a crescer na sua profissão. Há autores fantásticos como
Machado, José Lins do Rego, O. G. Rego de Carvalho, Graciliano, Raduan, Gustave
Flaubert, Tchekov, Saramago dentre tantos outros e que merecem ser lidos. É
somente na leitura diária que descobrimos aquilo de que gostamos. Cabe ao
iniciante se aventurar por essas maravilhas literárias e procurar tirar o
máximo proveito.
Tomo
Literário:
Que
livros, de quaisquer gêneros, você indicaria aos leitores e de que maneira
esses livros te tocam?
Wallery
Giscar: Estabelecer
uma lista de livros a serem lidos é um pouco complicado, pois vai do gosto de
cada uma, mas indicaria O nome da Rosa, de Umberto Eco, é um livro bem escrito
com uma história muito interessante, esse é um dos melhores livros que li; outro
que recomendaria sem pestanejar é O Amante, de Marguerite Duras, é daqueles
livros que você não esquece; O Morro dos Ventos Uivantes foi um dos que ficaram
no rol dos melhores que li; Madame Bovary é uma pérola da literatura; e uma
leitura de algo mais recente poderia ser o famoso A culpa é das estrelas; Um
amor para recordar, de Nicholas Sparks, para aqueles que gostam de uma ótima
história de amor; um livro com uma
escrita ímpar, Lavoura Arcaida, do nosso Raduan, só para citar alguns. São livros com histórias
cativantes, bem escritos e com uma técnica apurada, são daqueles livros que
você termina satisfeito com a leitura e as lições aprendidas.
Com certeza o blog tem muitos aspirantes a
escritore(a)s e indicaria que lessem O escritor de fim de semana, de Robert J.
Ray, é um livro que dá muitas dicas de como escrever um livro em 52 fins de
semanas, trabalhando muito bem a questão das cenas, diálogos, personagens.
Oficina de Escritores, do Stephen Koch, é uma boa pedida, pois mostra como o
autor deve proceder na escrita. Como escrever um romance de sucesso, de Albert
Zuckerman, vai mostrar dicas preciosas para que você transforme seu romance num
sucesso. E por último, vá de Manual do roteiro, de Syd Field, embora fale de
roteiro ele traz dicas úteis para a escrita. Acabou? Não, esses são apenas o
começo, mas são livros que vão ajudar muito.
Tomo
Literário:
Quer
deixar algum comentário para os leitores?
Wallery
Giscar: Quero
agradecer o espaço no blog e dizer que foi um grande prazer poder falar um
pouco de mim e do meu trabalho como escritor. Desejo sucesso e que continue
apoiando a literatura.
Conheça
um pouco mais sobre o escritor
Wallery Giscar Desten nasceu em 1973 na
cidade de São Domingos do Azeitão – MA. Formou-se, inicialmente, em
Letras/Português, por sonhar um dia ser escritor, e, posteriormente, veio a se
formar no curso de Bacharel em Direito. Mora desde 1989 em Teresina-PI,
trabalhando como servidor público. O interesse pela literatura se deu, por
acaso, quando tinha 15 anos. Alguns anos depois, surgiu a curiosidade pelos
concursos literários e começou a escrever para participar e ter alguma
experiência. Dessas aventuras alcançou alguns bons resultados, conquistando o
3º lugar no concurso de poesia da VII semana de Letras da UESPI – 1998; 2º
lugar no concurso de crônica da FUNDAC – 1998; participação na antologia
poética “As trinta melhores poesias” do I Concurso UESPI de literatura – 1999;
menção honrosa com o romance O jardim dos amores – FUNDAC – 2003 e com Ajuste
de Contas conseguiu o 1º lugar no concurso “Prêmio O.G. Rego de Carvalho –
Categoria Novela – FUNDAC – 2001.
Conheça
os livros de Wallery Giscar
Ajuste de Contas
Justino é um experiente pistoleiro contratado
para um serviço em Parnaíba – PI. Já nos preparativos para a execução do
contrato de morte, o matador desconfia de que é vítima de uma suposta emboscada
que se reverte na elucidação de uma injustiça do passado e no feliz acaso da
descoberta da filha, de existência jamais imaginada. Descobrindo-a, vai ao
encontro da grande paixão de sua vida, Lindalva, a quem no passado abandonara
para seguir a vida da pistolagem . Uma história de vingança, amor, surpresas e
traições, penetrando nos meandros da vida dessa figura tão sombria e
emblemática do nosso imaginário e que desperta ao mesmo tempo curiosidade e
mistério- o pistoleiro.
Disponível na Saraiva | Cultura | Editora Giostri
Um pouco de poesia faz bem
Um pouco de poesia faz bem para o coração, a
alma e os sentidos. Apesar de não se dar destaque à poesia como outrora ela
continua latente e bem presente. Num conjunto de textos que falam sobre amor,
solidão, tristeza, dissabores e fatos cotidianos "Um pouco de poesia faz
bem" traz à tona textos que foram escritos em diferentes épocas e
motivados pelos mais diversos motivos e constatações, provando que o poeta é um
observador da vida cotidiana e catalisador de sentimentos e impressões que vai
colhendo através de seu olhar atento e pondo-os no papel. Recheado de textos
leves que vão levá-lo a refletir sobre os mais diversos temas o autor nos
convida a sentar e tranquilamente deliciar-se lendo uma boa poesia.
Disponível na Amazon.
O lobisomem e outros contos
Todo lobisomem mete medo, mas o dessa
história tem algo de muito interessante e serve para mostrar como nossa
imaginação é fértil. Este "O Lobisomem e outros contos" vai
diverti-lo com muitos contos pra lá de engraçadas. Muitos deles originados de
situações banais, hilárias, cotidianas que acontecem em todas as famílias,
coisas que um pai ou mãe veem acontecer na vida dos seus filhos e guardam com
carinho na memória e agora eternizados estão nas páginas deste livro de contos.
Disponível na Amazon.
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