Alexandre Braoios tem contos publicados em
antologias e lançou seu primeiro romance em 2016, Coisas de Menino. Professor,
doutor em microbiologia, estudante de psicologia e escritor, Alexandre concedeu entrevista
ao Tomo Literário e falou sobre seu livro, processo de escrita, novo
projeto, dicas de leitura, além de outros assuntos literários.
Tomo
Literário: Para iniciar nos conte como foi o inicio de
sua carreira literária.
Alexandre
Braoios:
Quando criança e adolescente eu sempre gostei de escrever. Com o tempo e os
compromissos que vamos assumindo, isso ficou esquecido. Em 2012, procurei por
algum curso de escrita online e fiz um curso oferecido por Marcelo Spalding.
Durante o curso, ele apresentou um projeto a todos os alunos para uma coletânea
de contos inspirados em letras de música. Seria a atividade final do curso. Meu
conto, A Novidade, inspirado na música de mesmo nome de Gilberto Gil, foi
selecionado. A coletânea se chama Contos de Som e Silêncio e foi publicada em
2013. A partir daí fiz outros cursos e oficinas e participei de quinze
antologias. Em 2016 lancei meu primeiro romance: Coisas de Menino.
Tomo
Literário:
Coisas de Menino é um livro que trata de
abuso na infância. O que te moveu a escrever essa história?
Alexandre
Braoios:
Eu sempre achei que o assunto não é discutido com a profundidade que merece. Em
geral, a notícia que vemos é muito superficial. Queria saber (ou pelo menos
imaginar) o que sente e pensa um abusador. Sempre ouvimos que abusadores, em
geral, foram abusados na infância. É um ciclo difícil de quebrar. Aliado a
isso, um dia ouvi de uma amiga enfermeira o quanto era difícil cuidar e tratar
de pacientes que tinham cometido algum crime. Fiquei imaginando essa situação,
uma enfermeira cuidando de um pedófilo. Outra importante fonte de inspiração
foram histórias reais que tive conhecimento, incluindo histórias pessoais e de
pessoas próximas a mim.
Tomo
Literário:
Quanto
tempo levou todo o processo, desde a ideia até a publicação do livro pela
Editora Illuminare? Qual foi o maior desafio?
Alexandre
Braoios:
Foi um processo longo, tanto pela minha inexperiência em escrever um romance,
como pela delicadeza do tema. Não queria que o livro fosse apenas mais uma
história chocante e rasa. Tive que ler muitos matérias e artigos para compor o
personagem Raul, o abusador. Queria que ele tivesse a chance de mostrar seu
ponto de vista, mesmo que deturpado. Desde a ideia original até colocar tudo no
papel demorei cerca de 1 ano e meio.
Tomo
Literário:
Você
tem contos publicados em antologias e disponíveis no Wattpad. O que te inspira
como escritor?
Alexandre
Braoios:
Eu vejo a escrita como uma importante forma de expressão pessoal. Gosto de
escrever sobre assuntos delicados e de dar voz a personagens que tem pouca
visibilidade. Mesmo em meus contos de terror ou suspense, sempre insiro algum
conflito existencial. A culpa, o remorso, o autoconhecimento são temas
recorrentes. Estou terminando o curso de psicologia e tenho fascínio pelos
aspectos que envolvem o psiquismo e o mundo interior.
Tomo
Literário:
Quais
autores você recomenda ou quais autores influenciaram o seu trabalho?
Alexandre
Braoios:
Eu acredito que qualquer tipo de leitura é importante. Porém, acho que não
podemos ficar presos somente a um gênero ou autor. Sem dúvida, Stephen King foi
uma grande influência, especialmente pelo gênero. Quanto à escrita em si, sou
fascinado por Gabriel Garcia Márquez. Cem Anos de Solidão é imbatível. Outros
autores que me influenciaram foram Jorge Amado, Nelson Rodrigues e Mario Vargas
Llosa.
Tomo
Literário:
Como
é para você o processo de escrita? Tem um ritual, um horário, um lugar
específico que goste de escrever?
Alexandre
Braoios:
Por causa de minha rotina profissional como professor e também por ser
estudante de psicologia é muito difícil estabelecer um ritual ou rotina de
escrita. Não consigo simplesmente, chegar em casa cansado, sentar e escrever.
Preciso estar focado e para isso, não posso ter nenhum tipo de preocupação ou
distração. Gosto de escrever quando estou sozinho em casa e durante as férias.
A maioria dos escritores que conheço dizem que preferem escrever à noite ou
madrugada, mas minha escrita rende muito mais pela manhã, quando ainda não fui
golpeado pelos percalços do cotidiano. Às vezes, o simples fato de abrir um
e-mail de trabalho, já me tira do foco e não consigo escrever.
Tomo
Literário:
Que
livros você indicaria aos leitores e por qual motivo?
Alexandre
Braoios:
Eu acho que Cem Anos de Solidão e A Metamorfose, de Kafka são livros eternos e
indicados para qualquer pessoa que goste de ler. Ao mesmo tempo, não acho que
existam livros obrigatórios. Eu já tive a oportunidade de ler livros muito bem
recomendados e até clássicos que simplesmente não gostei. Acredito que gostar
ou não de um livro depende muito do seu estado de espírito no momento da
leitura, além do estilo pessoal de cada leitor. É muito difícil hoje em dia, um
jovem ter paciência para ler livros clássicos e aguentar as intermináveis
descrições sem que haja ação. Vivemos em uma época em que as pessoas tem pressa
de conhecimento.
Tomo
Literário:
Está
trabalhando em algum novo projeto literário? Pode nos contar?
Alexandre
Braoios:
Estou trabalhando em um novo romance. A
história fala sobre a influência da politica, da ciência e da religião na vida
de um pequena cidade fictícia. Ao mesmo tempo em que a personagem principal
conhece o poder de cada uma dessas instituições, trava uma batalha de
autoconhecimento que modificará radicalmente suas convicções e crenças. O livro
tem o título provisório de “O Beijo de Darwin” e pretendo que esteja pronto até
outubro.
Foto: Reprodução |
Tomo
Literário:
Deseja
deixar algum comentário para os leitores?
Alexandre
Braoios:
O recado que posso deixar é: Arrisquem-se. É importante sairmos de nossa zona
de conforto e conhecer livros e autores novos. Novos no sentido de novato, mas
também de autores e histórias que fogem um pouco de nossas leituras habituais.
Saiba
um pouco mais sobre o autor
Alexandre Braoios é professor
universitário, paulistano, mora atualmente em Jataí – GO. Biomédico com
doutorado em microbiologia e estudante de psicologia, apaixonado por livros e
cinema. Teve um conto selecionado para publicação na Revista Ler & Cia das
Livrarias Curitiba, participou de diversas antologias e coletâneas. Seu
primeiro romance, Coisas de Menino, foi publicado pela Editora Illuminare em
2016.
Conheça
o livro
Coisas de Menino
Ao final de sua vida, ele confiou um segredo
monstruoso à sua única cuidadora. Agora, a enfermeira enfrenta o dilema de
manter seu juramento profissional e o desejo de fazer justiça. Preso à uma
cama, um criminoso confesso está inteiramente aos seus cuidados. Justiça ou
Desforra? Castigo ou perdão?
Conheça essa história sob a perspectiva do
abusador, da criança e de Andrea.
Raul, um paciente em estado terminal,um professor aposentado, carismático e popular, mas também, um pedófilo. Piccolo, um menino inocente, uma vítima de abuso sexual no passado. Andrea, uma enfermeira dedicada, uma confidente, mas também, uma mulher horrorizada com as confissões de seu paciente.
Raul, um paciente em estado terminal,um professor aposentado, carismático e popular, mas também, um pedófilo. Piccolo, um menino inocente, uma vítima de abuso sexual no passado. Andrea, uma enfermeira dedicada, uma confidente, mas também, uma mulher horrorizada com as confissões de seu paciente.
O livro está disponível na Amazon.
Contos
disponíveis no Wattpad
43 Graus de TPM
A Novidade
As Mãos, a Mãe e o Cetim
Dois Domingos
Pelo Espelho
Leia os contos em:
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