A Santa Aliança, dos escritores A. J. Kazinski foi publicado pela Editora Tordesilhas em 2016 e o texto foi traduzido por Mário Vilela.
Eva Katz, de 34 anos, chega ao Pomar das
Macieiras, para seu primeiro dia de trabalho na cozinha da creche. Ela tem uma
história de recomeço, em que se vê totalmente perdida após a perda de seu
namorado no Afeganistão, a perda de seu emprego de jornalista e o abalo em sua
vida financeira. Ao ficar com um grupo de crianças na creche em que começa a
atuar, um dos meninos desenha o que parece ser um crime.
“Eram
dois homens, não havia dúvida. Um assassinava o outro. Não era fácil adivinhar
como. Com um empurrão? Uma faca?”
Por meio daquele desenho, Malte, o menino,
queria contar alguma coisa para a novata que acabara de chegar ao recinto
repleto de crianças. Eva, que tem o DNA de jornalista, embarca numa
investigação sobre um suposto suicídio. O morto? O tio de Malte, chamado
Christian Brix, que é irmão de Helena Brix Lehfeldt, a dama de companhia da
princesa consorte.
A cada passo que a protagonista da história
dá, vai descobrindo que está mais comprometida do que imagina e, claro, está
sendo perseguida. O jogo realizado com Eva é racional e psicológico. A Santa
Aliança, que é uma organização monárquica formada no século XIX pode ter alguma
ligação com a morte? A constituição da Santa Aliança é um fato histórico. Ela
foi formada em 1815 pelo Império Russo, o Império Austríaco e o Reino da
Prússia, depois das guerras napoleônicas, com o intuito de garantir a
realização das medidas aprovadas no Congresso de Viena e combater a difusão de
ideias liberais pelo continente europeu.
O que parecia um simples crime pode fazer
parte de uma rede de intrigas ainda maior do que Eva imaginava inicialmente.
Ela vai ter de encarar desafios para descortinar o que envolve a morte daquele
homem e porque ele fora assassinado, se desvencilhar das investidas de dois
agentes de um organismo que serve à Santa Aliança e enfrentar seus traumas e
medos.
“”Não,
Eva”, disse a si mesma. “Agora faça o favor de controlar a sua psicose aguda
provocada por ter sofrido trauma infantil e por ter ficado sozinha nesta casa
de merda, com uma dívida do tamanho do mundo...””
Ela não esperava que em seu primeiro dia de
trabalho na creche e a partir de um simples desenho de uma inocente criança, a
sua vida fosse mudar completamente. E a transformação de Eva ao longo da
história é bem demonstrada pelos autores, tornando-a uma personagem diferente
dos tantos investigadores que vemos em outros livros. Ela se apoia, por
exemplo, num antigo professor, por quem ela tinha antipatia e achava-se
diminuída por ele nos tempos da universidade.
A.J. Kazinski nos traz uma trama que fala da
monarquia europeia, da manutenção do poder na Dinamarca e da obstinação de uma
jornalista em compreender e revelar o que é escondido, mesmo que isso coloque a
sua própria vida em perigo. A dupla de autores tem em “A Santa Aliança” o seu
terceiro romance. A.J. Kazinski é o pseudônimo dos escritores dinamarqueses Anders
Rønnow Klarlund e Jacob Weinreich.
O livro é um excelente romance policial e tem
um ritmo frenético e ações constantes do início ao fim, o que coloca o leitor
dentro da história, sem fôlego para acompanhar a movimentação que se desenrola
na trama. A rede de personagens com que Eva Katz cruza para seguir a sua
jornada, vai abrindo o leque de possibilidades, no entanto isso não é um
problema, posto que a trama se afunila para a conclusão de maneira magistral.
Os autores entregam um final surpreendente,
típico de se imaginar acontecendo numa película cinematográfica. Aliás, durante
todo o livro foi essa a sensação que senti, como se estivesse assistindo a um
filme.
O texto traz questionamentos sobre o poderio
econômico e político, sobre a dominação e a concentração de poder nas mãos de
poucas famílias e sobre o enfrentamento em busca da verdade. O livro é realmente
eletrizante e dinâmico e apresenta diversas reviravoltas ao longo da história.
A Santa Aliança é ficção que mexe com a
realidade. Em meio a riqueza e a realeza há muito de podre e pobre (associando
o adjetivo à nada nobre). A personagem central, Eva Katz, vai a fundo em suas
investigações. Vale a pena o leitor embarcar com ela nessa história cheia de
mistérios.
Foto: Reprodução |
Sobre
os autores
A. J. Kazinski é o pseudônimo dos escritores
dinamarqueses Anders RønnowKlarlund e Jacob Weinreich, que colaboram pela
segunda vez numa produção literária. Seu dois primeiro livros, O último homem bom e O sono e a morte, foram publicados pelo
Tordesilhas em 2012 e 2013, respectivamente.
Ficha Técnica
Título: A Santa Aliança
Escritor: A. J. Kazinski
Editora: Tordesilhas
Edição: 1ª
ISBN: 978-85-8419-044-7
Número
de Páginas:
488
Ano: 2016
Assunto: Romance policial
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