Exorcismo
é um tema polêmico que não é tratado pela igreja de maneira explícita (nem
atualmente, nem em tempos remotos). De um modo ou de outro, é um assunto que
suscita questionamentos e despertou muito medo em que viu o filme “O Exorcista”. Mas, vamos ao que nos traz
o livro “Exorcismo”, de Thomas B.
Allen, publicado pela Editora DarkSide Books em 2016, traduzido por Eduardo
Alves.
Ao ler
o relato de um exorcismo realizado em 1949, William Peter Blatty escreve uma
carta para o padre William S. Bowdern, que teria sido ordenado pela igreja para
manter-se em silêncio sobre o acontecimento; e o sacerdote jesuíta recusou-se a
expor o fato para Blatty. Isso, no entanto, não o impediu de escrever o livro “O Exorcista”, que foi publicado
originalmente em 1971. É importante fazer uma observação aqui: “Exorcismo” e “O Exorcista” são livros diferentes.
O
caso em questão foi a inspiração para o filme “O Exorcista”, datado de 1973 e que teve direção de William
Friedkin, com roteiro de William P. Blatty. Na versão cinematográfica, para
preservar a identidade do garoto citado no caso de 1949, uma menina interpreta
a personagem.
Como
relatado no prefácio da publicação da DarkSide: “a camada superficial de ficção encobria uma realidade terrível. Um
menino foi possuído. Um exorcismo de verdade foi feito. Uma criança real
vivenciou o terror verdadeiro.”
Até
a publicação original de “Exorcismo”,
que aconteceu em 1993, a história do garoto possuído pelo demônio nunca havia
sido contada.
Robert
Mannheim é o garoto que centralizada a história. O nome não é verdadeiro, bem
como foram utilizados pseudônimos para os outros membros da família. Com o
garoto sob possessão, os pais buscam tratá-lo com psicólogos e posteriormente
com pastores protestantes, posto que essa é a religião dos pais. Eles levam o
menino até um pastor (Luther Miles Schulze), que, inicialmente, acreditou que
as manifestações relatadas eram truques. Após presenciar alguns eventos em sua
casa, tendo em vista que levou o garoto para passar um período lá, ele
sentenciou: “Vocês precisam ver um padre
católico. Eles sabem o que fazer em casos assim.” E a família atende ao que
o pastor solicitou.
O
livro conta em detalhes os enfrentamentos que o garoto possuído trava com os
sacerdotes e todos aqueles que o cercam. Após uma sessão utilizando um
tabuleiro Ouija, com sua tia Harriet, que era espírita, o garoto se interessa
pela tábua. Após a morte da tia, o jovem começa a apresentar transtornos que
logo são identificados como atos sobrenaturais. Os pais chegam a acreditar que
poderia ser o espírito de Tia Harriet querendo falar através do corpo do
garoto, utilizando-o como um tabuleiro. O caso que também era visto
como possessão por um poltergeist vai se tornando ainda mais complexo e
perigoso. Os acontecimentos que eram estranhos passam a ser horripilantes.
Arranhões
no assoalho, tremores no colchão, vão se tornando cada vez mais violentos.
Elevação de cobertor, carteira escolar que desliza pela sala de aula, tudo isso
deu início aos assustadores acontecimentos, que depois foram se expandindo ao
redor de Robbie, independente do local em que ele estivesse.
Casacos
voando para fora do armário, tombamento de mesa, poltrona se erguendo acima do
chão, vasos lançados pela sala se chocando contra a parede e tantos outros eventos
sobrenaturais, como contorções, força descomunal do garoto, palavras e números
indicados na pele arranhada, convulsão e imitações, vão surpreendendo aqueles
que o rodeiam.
O
livro discorre então sobre os eventos sobrenaturais e o que os padres fizeram
com o garoto. Os detalhes são apresentados passando pelos momentos mais
tranquilos do menino até as manifestações assustadoras que englobam
xingamentos, levitação, cuspes, agressões físicas, marcas e inscrições feitas sobre
a pele. Sofrimento, dor e agonia são vivenciadas na luta pela libertação de
Robbie. Até um quarto de hospital chega a ser cenário para a prática exorcista.
“A voz mudou. Eu sou o diabo. Vou fazer
ele acordar, e ele vai ficar contente. Você vai gostar dele. De imediato,
Robbie abriu os olhos, sorriu, olhou em volta e falou com uma estranha doçura.
Instantes depois, os olhos do menino se fecharam e seu corpo ficou tenso. Eu
sou o diabo e vou fazer ele acordar, e ele vai ficar desagradável. O garoto
voltou a acordar rabugento, reclamando e xingando os homens que o prendiam.”
Sem
dúvida, “O Exorcismo” é
aterrorizante. Imaginar que trata-se de um relato tido como real é ainda mais
assustador. A narrativa é linear e Thomas prende o leitor com a história que
conta. O autor consegue fazer um relato sobre uma história real de maneira
tão intrigante como uma obra de ficção bem elaborada.
No
que tange ao ato de exorcismo vemos considerações nos diálogos entre padres,
pastores, membros da família, além de descrições detalhadas, orações que são
utilizadas durante o ato, objeções sobre o que foi apurado no caso do garoto em
questão, considerações seculares e religiosas sobre a abordagem.
O
autor conta ainda como foi encontrado o diário do padre Bowdern, aquele que
citamos e que vem apresentado no final do livro.
A
questão que não quer calar: os fatos foram reais ou camuflaram algum outro
acometimento psicológico desconhecido? O autor disserta sobre as distintas
visões acerca do episódio. E o leitor, após concluir a leitura, terá a sua visão
sobre os mistérios e manifestações que cercam esse intrigante caso. A
publicação da DarkSide é fechada com o Diário do Exorcista (texto do diário do
padre), além da Nota do Autor, Bibliografia, Notas dos Capítulos e fontes
utilizadas.
Uma
obra aterrorizante, um relato jornalístico de primeira qualidade. Leia e não
tenha medo!
Thomas B. Allen é jornalista
desde os anos 1950. Na década seguinte, foi contratado pela divisão editorial
da National Geographic, onde contribui como freelancer até hoje. Tem mais de
quarenta livros publicados sobre os mais diversos temas, como política
internacional, história dos Estados Unidos, guerras, espionagem, romances, vida
selvagem e fauna marinha, incluindo alguns títulos sobre tubarões.
Ficha Técnica
Título: Exorcismo
Escritor: Thomas B. Allen
Editora: DarkSide Books
Edição: 1ª
ISBN: 978-85-66636-98-7
Número de Páginas: 272
Ano: 2016
Assunto: Exorcismo
Eu li recentemente O Exorcista e gostei muito, e agora quero ler este também, apesar de ser um texto mais "teórico", creio que mesmo assim de te dar certo medo. Quanto mais por ter sido real.
ResponderExcluirEspero poder ler ele em breve.
Beijos
http://recolhendopalavras.blogspot.com/
Adorei esse toque jornalistico do livro! Já comprei. Lerei logo mais!
ResponderExcluirBjks
Lelê