“As
fotos espalhadas sobre a mesa punham a nota gráfica no relato verbal que seus
agentes lhe ofereciam. Uma casa abandonada, ocupada por uns desconhecidos que
se haviam dedicado a decorar as paredes com as imagens que agora ele tinha
diante de si, capturadas em fotografias. Um porão transformado em mausoléu. Uma
tela macabra estampada à guisa de mortalha, como se o túmulo fosse um leito de
flores. A forte sensação de que os mortos tinham sido amantes e de que alguém, provavelmente
seu assassino, queria que estivessem juntos.”
Daniel e Cristina são encontrados mortos. Os
corpos estão unidos numa mortalha e junto a eles há muito dinheiro. A história
que paira sobre o assassinato do casal remonta ao desaparecimento deles sete
anos antes da descoberta do fatídico crime. Na época em que desapareceram o caso acabou sendo abafado. Mas agora, com os corpos encontrados de um jeito um tanto quanto peculiar e envolto a mistérios, o inspetor Héctor Salgado entra na
história do casal e revira os porões da história passada e segredos de ambos,
bem como de suas famílias.
Em paralelo, Leire Castro, continua
procurando informações sobre Ruth (ex-mulher de Héctor), que vivia com sua nova
companheira e que está desaparecida. Na
investigação conduzida por Leire ela descobre que pode ter ligação com o tempo
em que as pessoas eram torturadas por ser contra o regime.
A morte do casal é misteriosa. Quadros na
parede da casa em que os corpos foram encontrados parecem contar algo, revelam
o cenário do crime e a presença dos corpos, do mesmo modo que um conto de um
escritor reproduz a cena. Como as pinturas e o conto podem explicar o caso?
“(...)
só conseguiu ler a primeira linha, escrita em maiúsculas. Era um título: ‘Os
Amantes de Hiroshima’.”
A relação de Daniel com Cristina, os círculos
por quais o casal viveu, o nome da banda que Daniel fazia parte... tudo pode
revelar a verdadeira razão do crime. São muitas pistas que formam um
quebra-cabeça que precisa ser montado para descortinar os acontecimentos que levaram à morte do
casal.
Toni Hill nos dá uma livro com capítulos
curtos e uma história recheada de detalhes e suspense. Há muitas reviravoltas,
que tornam a investigação dos casos ainda mais instigantes para o leitor. A
trama é bastante envolvente, o enredo é bem montado e as respostas aos pontos
que surgem ao longo da história se fundem, são concluídos. O grande
quebra-cabeça que aparece a partir das diversas pistas, é montado pelo autor de maneira surpreendente.
O livro é dividido em quatro partes: as vítimas, os sobreviventes, os abutres e os
carrascos. Apesar de o livro ser o terceiro de um série, é possível compreender
toda a história contida no terceiro volume. Os outros livros do autor, que
formam a trilogia são: O Verão das Bonecas Mortas e Os Bons Suicidas. Ler o
terceiro volume sem ter lido os outros não é um problema, pois a história
contida no livro se apresenta integralmente.
A alternância entre os dois casos
investigados no livro é bem conduzida e consegue prender o leitor até o final. Sem dúvida, Toni Hill se consolida como um dos maiores
escritores de livros policiais da contemporaneidade. É uma leitura ágil e
agradável. Para quem gosta de livros policiais, como eu, é uma excelente
pedida.
Sobre o
autor
Toni Hill é graduado em psicologia. Há mais
de dez anos se dedica à tradução literária e à colaboração editorial. Seus dois
primeiros romances, protagonizados pelo inspetor Héctor Salgado, foram
publicados em mais de vinte países, com grande êxito de venda e de crítica.
Ficha Técnica
Título: Os Amantes de Hiroshima
Escritor: Toni Hill
Editora: Tordesilhas
ISBN: 978-85-8419-040-9
Edição: 1ª
Número
de Páginas:
502
Ano: 2016
Assunto: Ficção policial
Assunto: Ficção policial
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