“Laranja Mecânica”, de
Anthony Burgess foi publicado pela primeira vez em 1962. Marco da literatura
distópica é narrado pelo personagem Alex, um jovem que lidera uma gangue de
outros jovens que comete atos de violência e barbaridade na cidade em que
habitam.
O modo violento empregado
por Alex contra suas vítimas e a reincidência em delitos, acabam por levá-lo a
um tribunal que o condena. Alex, então, é recolhido ao sistema de
encarceramento que o afasta da sociedade. O jovem tem como desejo voltar às
ruas. Um experimento que vem sendo testado pode ser a sua saída. E então, ele
se submete ao sistema empregado por homens que querem transformar pessoas que cometem atos ruins em pessoas boas.
Submetido ao método, que
mexe com seu corpo e mente, ele volta ao convívio social. Paira a dúvida se de
fato os homens querem a reabilitação social de Alex ou querem fazer disso um
show para a sociedade. Querem recuperá-lo? Querem apresentar alguma resposta
aos questionamentos contra a violência? Querem apresentar algum mote para
manter-se no poder?
O livro de Burgess trata de
temas atemporais, como a violência, a interferência na vida de jovens, o papel
do Estado na vida do indivíduo. Assuntos que eram discutidos na década de 60 e
que continuarão sendo discutidos hoje e amanhã.
“Transformar
um jovem decente em uma coisa mecânica não deveria, certamente, ser encarado
como triunfo para nenhum governo, a não ser aquele que se gabe de sua
capacidade de repressão.”
O autor criou para Alex um
dialeto. Por meio de palavras de difícil compreensão nós temos um choque com a
realidade daquele jovem. As palavras, no início, dificultam o entendimento de
certas passagens, mas ao longo do texto se tornam familiares. No contexto vão
nos dando a exata dimensão de seu significado.
Na edição da Editora Aleph,
publicada em 2014, há um glossário ao final do livro. Importante mencionar que
as explicações dos vocábulos não existiam na obra original de Burgess. E, por
isso, seguindo a recomendação dada no “aviso ao leitor” sugiro que façam a
leitura sem tomar contato com o glossário. Isso permite ao leitor que tenha a
vivência de quem leu a obra pela primeira vez. O estranhamento causado pelos
termos faz parte do processo do livro e o torna ainda mais interessante.
É um livro que já teve versão cinematográfica de
grande sucesso, dirigido em 1971 por Stanley Kubrick. O livro é digno do título
de marco da literatura e sua estranheza é uma das qualidades. A crítica que há
por traz da história apresentada, bem como a discussão que paira sobre a
violência, o Estado e a juventude o torna perene.
Ficha Técnica
Título: Laranja Mecânica
Escritor: Anthony Burgess
Editora: Aleph
ISBN: 978-85-7657-003-5
Edição: 1ª
Número
de Páginas:200
Ano: 2014
Assunto: Ficção inglesa
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