Entrevista: Vanessa Passos - Tomo Literário

 


Vanessa Passos é doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e Phd em Escrita Criativa na PUCRS, sob orientação do Luiz Antonio de Assis Brasil.


Autora de A mulher mais amada do mundo (Luazul, 2020), seus contos já venceram diversos concursos literários e foram selecionados para participar de antologias. É idealizadora do Programa Formação de Escritores e do Curso 321escreva, além de produzir eventos literários.


Pintura das Palavras, sua rede social de promoção de escrita criativa, alcança milhares de pessoas, desde profissionais até aspirantes a escritores.


A filha primitiva, ganhador da 6ª edição do Prêmio Kindle, agora publicado pela Editora José Olympio, foi seu romance de estreia. O livro foi lido pelos integrantes do Tomo Literário Clube de Leitores e teve um bate-papo online com a presença da escritora. Além disso, Vanessa Passos concedeu uma entrevista que foi publicada em primeira mão para os membros do clube e que agora é compartilhada com vocês.


Tomo Literário: Como foi o seu primeiro contato com a literatura por meio da escrita? Quem te incentivou a seguir a carreira de escritora?

Vanessa Passos: Comecei a escrever porque os livros me salvaram. Eles foram os meus primeiros melhores amigos. Eu era muito tímida e me escondia na biblioteca da escola. Com o tempo, tive vontade de escrever minhas próprias histórias, criar meus personagens. E decidi fazer o curso de Letras. Foi lá que soube dos concursos literários e publiquei meu primeiro conto.

Tomo Literário: Como surgiu a ideia de escrever A Filha Primitiva? Qual das etapas foi a mais trabalhosa até publicar o livro?

Vanessa Passos: O livro surgiu da investigação do silêncio. Para mim, o silêncio fomenta a violência e o romance, sem dúvidas, é uma história sobre violência. Eu comecei a desenvolver as personagens e convivi com elas durante muito tempo. Costumo dizer que o livro foi um parto de 4 anos. O mais difícil foi encontrar o tom da história. Todo livro precisa de um, que é o elemento que une e da coesão ao texto. O tom de A filha primitiva é a raiva, que costura todo o livro.

Tomo Literário: A personagem de A Filha Primitiva demora para se perceber como mãe. E ela percebe isso pelo ódio. Para você, como foi lidar com a maternidade?

Vanessa Passos: Acredito que é preciso adotar o filho depois que nasce. A maternidade é uma experiência complexa. Eu não queria ser mãe. Mas quando tive minha filha me tornei uma mãe muito coruja. Eu e minha filha somos muito amigas.

Tomo Literário: Além do Prêmio Kindle de Literatura você teve contos premiados. Você acha que todo escritor deve apostar em inscrever seus trabalhos em premiações para ajudar a ter visibilidade?

Vanessa Passos: Acho que o caminho de cada escritor é único. Não existe uma regra ou uma fórmula. Optei pelos concursos na minha carreira literária, porque no início não conhecia outros caminhos. Há muitas pessoas que começam com blog, publicam de forma independente. Sem dúvidas, há vários caminhos e cada escritor precisa encontrar o seu.

Tomo Literário: Você tem bastante atuação nas redes sociais. Como é ocupar esse espaço que, muitas vezes, apresenta uma disseminação de ódio, misoginia, racismo e outros preconceitos? Quais são as dificuldades de uma escritora para encarar esse campo?

Vanessa Passos: É um cenário difícil. A cultura do ódio e do cancelamento tem sido disseminada. Busco a consciência de quem sou e dos meus princípios, não estou à mercê da opinião alheia para determinar quem sou e no que acredito. É essa postura que me permite seguir firme e com minha saúde mental ok.

Tomo Literário: Comente conosco um pouco sobre o seu trabalho com o curso de escrita que você ministra e como os leitores e escritores podem obter informações sobre o curso.

Vanessa Passos: O 321escreva é uma formação de escrita com 7 cursos para acompanhar pessoas na jornada de escrita e publicação. Temos mais de 120 aulas gravadas, plantão de dúvidas ao vivo e acompanhamento personalizado. Mais informações estão disponíveis no site:
https://pinturadaspalavras.com.br/curso-321escreva/

Tomo Literário: Você tem feito uma série de eventos para divulgação do livro A Filha Primitiva. Como você tem sentido a receptividade dos leitores em diferentes regiões do país?

Vanessa Passos: Foram mais de 20 viagens na turnê de A filha primitiva. A recepção e o carinho dos leitores tem sido incrível. Conversar sobre a história, as personagens e o que os emocionou no livro.

Tomo Literário: Você acredita que hoje o leitor brasileiro tem dado mais chance aos escritores nacionais, sobretudo aqueles que estão adentrando o mercado literário? Ou ainda há alguma resistência com a literatura nacional?

Vanessa Passos: Temos vivido um bom momento em relação à leitura de livros nacionais. E acredito que isso tenha ocorrido devido aos movimentos de Clubes de Leitura espalhados por todo o país que valorizam a leitura de autores brasileiros, como: "Leia Nacionais", "Leia Nordeste", entre outros.

Tomo Literário: Como tem sido seu trabalho de escrever a coluna do jornal O Povo?

Vanessa Passos: Tem sido uma experiência muito rica e proveitosa. Manter uma coluna semanal sobre escrita criativa e trazer reflexões sobre o ato de escrever tem sido muito importante, sobretudo, num mecanismo de imprensa que alcança tantas pessoas como o Jornal O POVO.


Tomo Literário: Quais são os autores ou livros que você recomenda aos leitores e o que você está lendo atualmente?

Vanessa Passos: Estou lendo sempre uma mulher. Recentemente estou lendo Cida Pedrosa e Teresa Cárdenas, livros que comprei na Festa Literária Internacional de Paraty. Que potência de escrita!

Tomo Literário: Tem algum novo projeto vindo por aí? Pode nos contar um pouco sobre as novidades?

Vanessa Passos: Estou sempre com projetos mirabolantes. Estou trabalhando no meu segundo romance, vou fazer um curso de longa duração de roteiro, após o término do Pós-doutorado em Escrita Criativa na PUC, e também pretendo organizar um evento presencial com as alunas e alunos do Curso 321escreva.

Tomo Literário: Quer deixar algum comentário para os leitores do blog e do clube de leitura?

Vanessa Passos: A literatura salva. Como eu sei? Porque sobrevivi para contar a história. Que vocês, como leitores, saibam que são também agentes de leitura e que é importante compartilhar sobre as histórias e os livros.



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