Desafio: 23 livros para 2023 - Tomo Literário

 


Em 2022 fiz uma seleção de 35 livros para indicar aos integrantes do Tomo Literário Clube de Leitores.

A relação enviada a eles tinha o título da obra, o nome da escritora ou escritor, o nome da editora e a sinopse divulgada em sites de venda de livros ou da própria editora. Na lista há obras de diversos gêneros literários, preservando assim um dos valores do clube: a diversidade.

Os 35 (trinta e cinco) livros foram dispostos aleatoriamente, portanto não seguiam uma sequência de predileção, gênero, autor, editora ou quaisquer outros critérios. Isso foi feito justamente para que todos ficassem livres e não fossem influenciados na votação, que selecionou entre eles 7 para as leituras do primeiro semestre de 2023.

Os critérios utilizados para a seleção dos 35 livros foram diversificados, cada um pode ter atingido um ou mais dos quesitos, tais como: (a) finalista de prêmio literário; (b) repercussão da obra na mídia especializada; (c) representatividade do escritor ou escritora no cenário literário nacional; (d) autores novos conhecidos; (e) autores novos desconhecidos; (f) clássicos; (f) autores contemporâneos destacados em seu gênero literário; (h) indicação de escritores e escritoras; (i) indicações de editoras; (j) livros comentados por outros autores que foram lidos no clube de leitores; (k) livros bem avaliados na Amazon; (l) indicações de blogueiros literários, entre outros.

Dos 35 selecionamos 7 para o clube e há alguns que já li. Então, resolvi criar uma desafio para o ano de 2023, com os 23 livros que ficaram na lista e ainda não li. Os 23 livros serão lidos, além dos outros livros que cetamente lerei no ano. O desafio será postado no story do Instagram @tomoliterario com a hashtag #23para2023.

Veja abaixo quais são os livros e suas respectivas sinopses:


Mesa de Canto
Thais Tomaz – Luva

No subúrbio do Rio de Janeiro, um encontro de almas acontece. Com cicatrizes profundas e travando suas batalhas internas, Flávia e Júlio encontram um no outro uma conexão que é muito mais que amor. E na dualidade da cidade partida, entre a beleza e a violência, os dois buscam eternizar a pulsão de vida que sentem quando estão juntos.

Mesa de canto é mais do que uma história de amor. É a história de personagens profundos, pintados com as cores singelas do subúrbio do Rio de Janeiro. É a amostra exata de como o cenário carioca abriga muito mais do que praias da zona sul e calçadões das novelas das oito. O Rio de Janeiro, com todas as suas contradições.


Flor de gume
Monique Malcher - Jandaíra

Com sua prosa poética intensa, a autora passeia pelas ruas e pelas águas do Pará, trazendo à tona as dores de meninas, mães, avós. Três gerações de mulheres fortes, em 37 contos da autora paraense Monique Malcher. “Monique não parece preocupada em desenvolver uma fórmula literária e sim, muito mais do que isso, produzir o gesto narrativo em seu ato contínuo, umedecido porque recém-saído do ventre.” Paloma Franca Amorim, escritora paraense, no prefácio do livro “Monique Malcher escreve o crescimento das mulheres resistentes. Desenha linhas de vidas que, sabemos, muitas vezes quase foram interrompidas; mas abre suas mãos e nos mostra uma transformação: a flor corajosa que se defende, reage, ataca.” Jarid Arraes, escritora e editora de Flor de Gume pelo selo Ferina, na apresentação do livro.


Fé no Inferno
Santiago Nazarian – Companhia das Letras

Em seu novo romance, Santiago Nazarian mescla histórias do genocídio armênio a uma narrativa situada no Brasil contemporâneo para abordar com uma coragem incomum problemas de classe, etnia, gênero e orientação sexual.

Estamos numa época de minorias perseguidas, de nativos expulsos de suas próprias terras, da religião majoritária se impondo sobre um povo. Estamos no Brasil de 2017, às vésperas de uma eleição reveladora; e estamos em 1915, em plena Primeira Guerra Mundial. Quem une essas duas épocas é Cláudio, um jovem cuidador de idosos que vai trabalhar para Domingos, um senhor armênio, no bairro dos Jardins, em São Paulo. Como homossexual e neto de indígenas, Cláudio sabe bem o que é ser minoria, e na convivência com Domingos conhece uma história que remonta a mais de um século: o genocídio armênio perpetrado pelos turcos. A partir da leitura de um livro de memórias, Cláudio começa a suspeitar de que possa estar diante de um dos últimos sobreviventes de um dos maiores massacres do século XX, e sua responsabilidade como cuidador é mantê-lo vivo. Com Fé no Inferno, Nazarian se firma como um exímio contador de histórias, mestre indiscutível do ritmo e da condução. Com duas linhas narrativas que se cruzam e se entrelaçam, e mesclando pesquisa histórica, folclore armênio e uma observação mordaz do Brasil contemporâneo, este romance mantém o leitor emocionado e absolutamente envolvido até seu desfecho surpreendente.


Perto do coração selvagem
Clarice Lispector – Rocco

O surgimento de Perto do coração selvagem, em 1943, causou grande impacto no cenário literário brasileiro, proporcionando à autora aclamação imediata da crítica e de seus colegas escritores.Houve quem encontrasse no livro a influência de Virginia Woolf, ao passo que outros apostavam em Joyce, seguindo a falsa pista da epígrafe da qual Clarice pinçou seu título: “Ele estava só. Estava abandonado, feliz, perto do coração selvagem da vida.” Ambos os grupos estavam errados, apesar do uso do fluxo de consciência pela escritora estreante a justificar tais correlações. Ocorre, no entanto, que esse havia sido um achado natural e espontâneo para Clarice Lispector, que admitiu como única influência neste caso O lobo da estepe, de Hermann Hesse. Não em termos estilísticos tampouco por se identificar com o caráter do protagonista, mas sim por compartilhar com ele e, sobretudo, com Hesse, o desejo imperioso de romper todas as barreiras e ultrapassar todos os limites na busca da própria verdade interior. Anseio personificado pela personagem central, Joana, com uma expressão que se tornou célebre: “Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome.”Íntima e universal, destemida e secreta, Joana “sentia o mundo palpitar docemente em seu peito, doía-lhe o corpo como se nele suportasse a feminilidade de todas as mulheres” e ela destoava do sistema patriarcal em que se encontrava inserida da mesma forma que Clarice se distanciava da literatura de seu tempo, ainda dominada pelo regionalismo e o realismo. Ambas, autora e protagonista, eram forças divergentes, porém não dissonantes, já que introduziam uma nova musicalidade, uma harmonia própria, poética e triunfal, na aspereza circundante, enquanto buscavam “o centro luminoso das coisas” sem hesitar em “mergulhar em águas desconhecidas”, deixando o silêncio e partindo para a luta. Deste embate à beira do íntimo abismo, Joana torna-se uma mulher completa e Clarice, uma escritora singular e inimitável.


Ao pó
Morgana Kretzmann – Editora Patuá

Tudo que se passa entre as paredes de uma casa deve lá ficar – exceto um crime. Não estou falando somente de crime de morte, mas também daquele que faz a pessoa morrer por dentro. Dentre estes, a violência sexual é sua face mais pervertida, a mais funesta, pois, via de regra, inclui as pessoas próximas. Sofia, a personagem central desta novela, é testemunha de um escândalo secreto – mas as razões da vida a levam para bem longe de sua pequena cidade. Sua alma, contudo, lá ficou, e sua trajetória de atriz é o palco em que ela quer convencer a si mesma de que tudo vai bem. Por fim, quinze anos mais tarde, há o retorno e uma revelação.

Morgana Kretzmann sabe conduzir uma narrativa de modo a prender a atenção do leitor e, para tanto, a sucessão dos capítulos, por vezes assincrônicos, é realizada com a argúcia de ficcionista completa. Tudo resulta numa trama que preserva a necessária relação de causa e efeito entre os diferentes momentos e, ainda, realiza uma essencial e acurada expressão literária, criada para nos fazer refletir sobre as mais dramáticas experiências da condição humana.

Ao pó é a estreia que anuncia uma carreira destinada ao reconhecimento do público leitor. Seja testemunha e participante dessa trajetória, comece por este livro.



Uma doença fatal assola o Brasil e o transforma em uma terra pós-apocalíptica: sem governo, sem leis e sem esperanças. Os sobreviventes tentam cruzar o país em busca de um porto seguro.

Vencedor do Prêmio Jabuti na categoria “Romance de Entretenimento”.

Primeiro, o uso de novos agrotóxicos sem os devidos testes. Depois, a reação inesperada com as larvas que eles deveriam dizimar. Não se sabe quem foi o primeiro infectado, apenas que o surto começou no Mato Grosso do Sul. São os chamados corpos secos: espectros humanos que não possuem mais atividade cerebral. Mas seus corpos ainda funcionam e anseiam por sangue.

Seis meses depois, há poucos sobreviventes. Um jovem aparentemente imune à doença está sendo estudado por uma equipe médica e precisa ser protegido a qualquer custo; uma dona de casa vive em uma fazenda no interior do Brasil e se encontra sozinha precisando reagir para sair de seu isolamento; uma criança vê a mãe tentar de tudo para salvar a família e fugir do contágio; uma engenheira de alimentos percebe que seus conhecimentos técnicos talvez não sejam suficientes para explicar o terror que assola o país. Juntos, eles vão narrar suas jornadas, em busca do último refúgio ao sul do país. Escrito em conjunto por quatro autores, Corpos secos não é só um thriller, nem um romance-catástrofe. É uma narrativa sobre os limites da maldade humana, e as chances de redenção em meio ao caos.


Secretária de Satã
Karine Ribeiro – Rocket Editorial

O auxiliar de necropsia Alexandre Queiroz se envolve com o agente literário do seu autor favorito, Gabriel Salinas, como forma de se aproximar de seu grande ídolo. O encontro entre ele e o escritor é marcado por um compromisso: Alexandre deverá seguir os passos de Amanda, a protagonista do último livro de Salinas, que por um pacto com forças ocultas, deve ofertar cinco corações humanos ao próprio demônio, numa perseguição alucinada por seus mais profundos desejos. Conseguir os corações, no entanto, será uma árdua e sangrenta tarefa.


Apague a luz se for chorar
Fabiane Guimarães – Alfaguara

Em Apague a luz se for chorar, duas narrativas se entrelaçam para compor um retrato do interior do Brasil e pensar até onde é possível esconder um segredo de família. Cecília não sabe muito bem o que fazer com a própria vida. Depois de mudar de Brasília para o Rio de Janeiro, a jovem ainda não conseguiu encontrar um emprego nem organizar seu futuro.

João, pai solteiro de uma criança com paralisia cerebral, tenta levar a vida em Brasília como pode. Trabalha como veterinário na capital federal durante o dia e procura formas de ganhar mais dinheiro à noite ― o objetivo é juntar quantia suficiente para bancar um tratamento experimental para o filho.

Quando os pais de Cecília morrem, ela é forçada a voltar para a pequena cidade de sua infância, onde eles ainda moravam. Mas uma dúvida começa a atormentá-la: a possibilidade de que eles foram assassinados. E João, desesperado por mais recursos, começa a se aventurar por trabalhos pouco recomendáveis.

Um suspense impactante sobre o que significa ser parte de uma família, e os limites que estamos dispostos a ultrapassar para mantê-la.


A palavra que resta
Stênio Gardel - Companhia das Letras

Neste primoroso romance de estreia, acompanhamos a trajetória de Raimundo, homem analfabeto que na juventude teve seu amor secreto brutalmente interrompido e que por cinquenta anos guardou consigo uma carta que nunca pôde ler.

Aos 71 anos, Raimundo decide aprender a ler e a escrever. Nascido e criado na roça, não foi à escola, pois cedo precisou ajudar o pai na lida diária. Mas há muito deixou a família e a vida no sertão para trás. Desse tempo, Raimundo guarda apenas a carta que recebeu de Cícero, há mais de cinquenta anos, quando o amor escondido entre os dois foi descoberto. Cícero partiu sem deixar pistas, a não ser aquela carta que Raimundo não sabe ler ― ao menos até agora.

Com uma narrativa sensível e magnética, o escritor cearense Stênio Gardel nos leva pelo passado de Raimundo, permeado de conflitos familiares e da dor do ocultamento de sua sexualidade, mas também das novas relações que estabeleceu depois de fugir de casa e cair na estrada, ressignificando seu destino mais de uma vez.


Flores de alvenaria
Sérgio Vaz – Global

Como poeta e morador da periferia, Sérgio Vaz sabe, como ninguém, transmitir a alma das ruas. Em Flores de alvenaria o autor nos lança nas calçadas do subúrbio e descortina um universo muitas vezes invisível por meio de textos, ora em verso, ora em prosa, sobre os mais variados temas: educação, negritude, liberdade, sexo, empatia. Com apresentação do cantor e compositor Chico César, a obra traz diálogos, relembra a situação da periferia em outras épocas e conta com poemas que costumam ser declamados na Cooperifa, evento criado pelo poeta que transformou um bar de Taboão da Serra em um evento cultural.


Porco de Raça
Bruno Ribeiro – DarkSide Books

Uma distopia humana visceral e repleta de horror, Porco de Raça coloca o dedo na ferida e entrega uma narrativa transgressora que distorce e expande gêneros, unindo entretenimento a uma dura crítica social. O novo lançamento da DarkSide® Books vai deixar todos nós prontos para entrar na briga.

No enredo, acompanhamos um professor negro, falido, preso a uma cadeia de acontecimentos inescapáveis que acabam por levar a uma jornada rumo a própria degradação física e psicológica. Um personagem kafkiano, com suas motivações, conflitos e traumas, vivendo em um país em transe. Ao ser capturado e confinado, ele se vê obrigado a fazer parte de um ringue de lutadores formado por párias sociais, lutando com uma máscara de porco para deleite de espectadores da alta sociedade. Como define o autor, o romance é “um Esaú e Jacó da deep web”, em referência ao clássico de Machado de Assis em que irmãos com ideologias diferentes e visões de mundo contrárias encontram-se em eterno conflito.


Dias vazios
Barbara Nonato – Nova Fronteira

Após sofrer um acidente que a deixa em coma, Rebeca acorda sem se lembrar de nada. Sua última memória é da véspera de uma viagem que faria com um grupo de amigos, então adolescentes, para passarem os últimos dias de 2006 numa cidade serrana do Rio de Janeiro. Porém, isso já faz doze anos. Nesse período, o laço que unia os jovens se esgarçou, e cada um seguiu seu caminho. Menos Rebeca, que ficou encapsulada no tempo e agora precisa preencher os vazios da sua história a partir de visitas ao passado e a episódios que envolvem aquelas pessoas. Vencedor da quarta edição do Prêmio Kindle de Literatura, "Dias vazios" conta com orelha assinada pela escritora Conceição Evaristo, que ressalta um importante particularidade do livro: "[ele] traz para o texto literário um tema de discussão tão necessário como a violência contra a mulher, sem perder a graça, sem perder o tom de ficção."


E se Deus fosse Deusa?
Sabine Mendes Moura – Luva

O que aconteceria se você decidisse publicar autores nacionais e viver disso? Amanda descobriu, do jeito difícil. Perdeu tudo, foi morar de favor com a Cris e, ainda que a Cris seja gata, Amanda já nem sabe mais como encarar sua sexualidade. Restaram ela, os livros e um Deus de quem desconfia. Fazer o quê?

“E se Deus fosse Deusa?” é leitura certeira quando o projeto dos sonhos estiver pesando demais. Nesta fábula para adultos cansados, Sabine Mendes Moura brinca com o poder das crenças, em prosa leve e bem-humorada, porque crescer pode até doer, mas o espírito não requer esforço.


Suíte Tóquio
Giovana Madalosso – Todavia

É uma manhã qualquer quando Maju atravessa a praça ao lado de Cora. Puxando a garota pelo braço, ela passa sorrateiramente pelo exército branco, sobe a avenida, pega um ônibus e desaparece. Exército branco foi o nome que Fernanda, mãe de Cora, deu às babás que todos os dias lotam a praça daquele bairro de classe alta com as crianças de seus patrões. Nos últimos tempos, no entanto, a babá e a filha parecem tão anônimas para Fernanda quanto as outras. Afundada numa crise pessoal, ela demora a perceber que Maju e Cora sumiram sem dar notícias. Ao longo do dia, tudo vai desabando. De um lado, Fernanda lida com o fracasso de seu casamento. Apaixonada por uma diretora com quem trabalhou num projeto cinematográfico, ela deixa a relação com o marido definhar. Quer distância de Cacá, mas conforme os primeiros telefonemas aflitos para a babá vão se transformando em desespero, se vê de novo afundando naquele universo. Enquanto isso, Maju vai até a rodoviária e desaparece num ônibus com Cora. Em meio a motéis imundos e paradas insólitas, põe em ação seu plano, que imediatamente sai do controle.

Neste romance pé na estrada, Giovana Madalosso coloca para girar, com força e fluidez, a vida dessas personagens que parecem eternamente em busca ― de ternura, redenção, sexo, qualquer coisa que possa movê-las de onde estão. O sequestro de Cora abala as engrenagens do passado e do presente, do desejo e do ressentimento, e a procura desesperada que se segue é também um doloroso acerto de contas com a vida e as expectativas que construímos. Suíte Tóquio é um romance vertiginoso e tragicômico que fala daquele lugar tênue entre o que as pessoas querem ser e o que de fato são.


O corpo interminável
Claudia Lage - Record

Uma história familiar prestes a ser relembrada e resgatada. Em busca de suas origens, Daniel tenta reconstituir a história da mãe, uma guerrilheira desaparecida na ditadura civil-militar no Brasil. As tentativas de reconstruir a sua história pessoal junto à história do seu país e os fios de memória rompidos moldam a narrativa. Ao buscar informações sobre a mãe, surgem outras histórias, ou outras possibilidades de histórias, também desaparecidas, de tantas mulheres. Claudia Lage fez um livro sobre a ausência e também sobre a escrita, essa (im)possibilidade de se reinventar e se refazer por meio das palavras.


Febre Vermelha
Francis Graciotto – Independente

Um navio desgovernado encalha nas pedras em Praia Grande, com sua tripulação brutalmente assassinada em alto mar. Em pleno verão na Baixada Santista, a manchete nos jornais é vista com indiferença pela população, que está mais preocupada em curtir o feriado de ano novo. Em poucos dias, uma epidemia misteriosa se espalha pelo litoral, deixando seus infectados com uma febre ensandecedora, olhos vermelhos e fome insaciável. Ocorrências de extrema violência e canibalismo tornam-se cada vez mais comuns, e as autoridades não são capazes de lidar com o caos que domina as ruas e ameaça contagiar todo o país. Com cenários reais em Santos, São Paulo e região, acompanhe a perigosa jornada de um grupo de sobreviventes, cada um com motivações e problemas pessoais, dispostos a fazer o que for preciso para sobreviver à Febre Vermelha.



Quando os mortos falam
Cláudia Lemes – Avec

Verena Castro pediu exoneração do cargo de investigadora na DHPP quando sua filha mais nova foi assassinada. Quatro anos depois, sua vida toma um rumo inesperado quando recebe o telefonema de um médium, indicando um corpo e sua localização. Envolvida na investigação de forma clandestina com a ajuda do melhor amigo, Caio, Verena logo descobre que há um maníaco na cidade de São Paulo, replicando as cenas de homicídio mais perturbadoras dos filmes clássicos de horror – e a próxima vítima pode ser alguém que ela ama.


O veneno de Sócrates
Vincento Hughes – Luva

“A escolha do veneno sempre tem relevância.”

Hospedada na mansão de uma amiga em Atenas, Sofia Parlesi resume a euforia em uma frase: “Vocês moram no paraíso. O clima descontraído é quebrado quando Sofia descobre um ex-namorado entre os hóspedes. O inesperado reencontro resgata um passado que julgava ter enterrado. Em meio a pontos turísticos e segredos, uma discreta tensão paira sobre o local, culminando em uma suspeita morte por envenenamento.

Decidida a descobrir a verdade, Sofia compartilha as desconfianças com seu tio Aparicio Pitachinni, um senhor de quase noventa anos, dotado de lucidez invejável e ótima percepção para desvendar enigmas. A vítima pode ter sido envenenada? Por que ninguém contestou a naturalidade do óbito? É quando Sofia descobre que não era a única a guardar segredos.


Front
Edimilson de Almeida Pereira – Nós

Numa prosa poética arrebatadora, Edimilson de Almeida Pereira narra neste romance a trajetória de um homem que se constitui a partir dos escombros de uma cidade hostil e monta, peça por peça, o mosaico da sua subjetividade com os estilhaços de uma vivência de violência, abandono e desigualdade.


Enterre seus mortos
Ana Paula Maia, Companhia das Letras

Uma habilidosa mescla de novela policial, faroeste de horror e romance filosófico, escrito por uma das vozes mais originais da literatura brasileira contemporânea. Edgar Wilson é “um homem simples que executa tarefas”. Trabalha no órgão responsável por recolher animais mortos em estradas e levá-los para um depósito onde são triturados num grande moedor. Seu colega de profissão, Tomás, é um ex-padre excomungado pela Igreja Católica que distribui extrema unção aos moribundos vítimas de acidentes fatais que cruzam seu caminho. A rotina de Edgar Wilson, absurda em sua pacatez, é alterada quando ele se depara com o corpo de uma mulher enforcada dentro da mata. Quando descobre que a polícia não possui recursos para recolhê-lo ― o rabecão está quebrado ―, o funcionário é incapaz de deixá-lo à mercê dos abutres e decide rebocar o cadáver clandestinamente até o depósito, onde o guarda num velho freezer, à espera de um policial que, quando chega, não pode resolver a situação. Nos próximos dias, o improvisado esquife receberá ainda outro achado de Wilson, o lacônico herói deste desolador romance kafkiano: desta vez o corpo de um homem. Habituados a conviver com a brutalidade, Edgar e Tomás não se abalam diante da morte, mas conhecem a fronteira, pela qual transitam diariamente, entre o bem e o mal, o homem e o animal. Enquanto Tomás se empenha em salvar a alma, Edgar se preocupa com a carcaça daqueles que cruzam seu caminho. Por isso, os dois decidem dar um fim digno àqueles infelizes cadáveres. Em sua tentativa de devolvê-los ao curso da normalidade, palavra fugidia no universo que Ana Paula Maia constrói magistralmente, os dois removedores de animais mortos conhecerão o insalubre destino de seus semelhantes. Com uma linguagem seca, que mimetiza as estradas pelas quais o romance se desenrola, a autora faz brotar questões existenciais de difícil resolução. O resultado é uma inusitada mescla de romance filosófico e faroeste que revela o poderoso projeto literário de Maia.


Ponciá Vicêncio
Conceição Evaristo - Pallas

A história de Ponciá Vicêncio descreve os caminhos, as andanças, as marcas, os sonhos e os desencantos da protagonista. A autora traça a trajetória da personagem da infância à idade adulta, analisando seus afetos e desafetos e seu envolvimento com a família e os amigos. Discute a questão da identidade de Ponciá, centrada na herança identitária do avô e estabelece um diálogo entre o passado e o presente, entre a lembrança e a vivência, entre o real e o imaginado.


A vida invisível de Eurídice Gusmão
Marta Batalha – Companhia das Letras

Feito raro para um romance de estreia, este livro é festejado internacionalmente antes de chegar às livrarias brasileiras, com os direitos já vendidos para mais de dez editoras estrangeiras.

Rio de Janeiro, anos 1940. Guida Gusmão desaparece da casa dos pais sem deixar notícias, enquanto sua irmã Eurídice se torna uma dona de casa exemplar. Mas nenhuma das duas parece feliz em suas escolhas. A trajetória das irmãs Gusmão em muito se assemelha com a de inúmeras mulheres nascidas no Rio de Janeiro no começo do século XX e criadas apenas para serem boas esposas. São as nossas mães, avós e bisavós, invisíveis em maior ou menor grau, que não puderam protagonizar a própria vida, mas que agora são as personagens principais do primeiro romance de Martha Batalha.

Enquanto acompanhamos as desventuras de Guida e Eurídice, somos apresentados a uma gama de figuras fascinantes: Zélia, a vizinha fofoqueira, e seu pai Álvaro, às voltas com o mau-olhado de um poderoso feiticeiro; Filomena, ex-prostituta que cuida de crianças; Luiz, um dos primeiros milionários da República; e o solteirão Antônio, dono da papelaria da esquina e apaixonado por Eurídice.

Essas múltiplas narrativas envolvem o leitor desde a primeira página, com ritmo e estrutura sólidos. Capaz de falar de temas como violência, marginalização e injustiça com humor, perspicácia e ironia, Martha Batalha é acima de tudo uma excelente contadora de histórias. Uma promessa da nova literatura brasileira que tem como principal compromisso o prazer da leitura.


Velhos demais para morrer
Vinicius Neves Mariano – Editora Malê

Quando os idosos se tornam a maioria da população, o mundo entra em colapso econômico e uma crise social se instaura. Enquanto jovens recorrem a tratamentos anti-idade cada vez mais avançados, velhos são jogados à margem da sociedade. É nesse lugar que três personagens de diferentes idades se perguntam sobre qual o sentido de envelhecer em um mundo que despreza a velhice. Velhos demais para morrer, de Vinícius Neves Mariano, foi o vencedor na categoria romance do Prêmio Malê de Literatura. Vinícius constrói uma distopia, em que a imposição antienvelhecimento da sociedade atual é projetada em outra sociedade ficcional, onde a luta desesperada contra os efeitos da passagem do tempo, se configura em um romance original, instigante e envolvente.



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