Ocorreu no primeiro dia da Horror Expo, maior feira de terror da América Latina, mesa de debate que reuniu escritores que abordaram o caminho da literatura independente de horror.
Autores que atuam com publicações independentes apresentaram suas visões sobre o mercado, desafios e oportunidades, além de falarem sobre sua trajetória.
Com mediação de Clara Madrigano, Cláudia Lemes (autora de Eu Vejo Kate e Inferno no Ártico), Jorge Alexandre Moreira (autor de Escuridão e Numezu), Flávio Karras (autor de Indigesto e A Parasita de Almas), Alexandre Braoios (autor de O Beijo de Darwin) e A.T. Sérgio (autor de contos presentes em mais de 20 antologias), tocaram o bate-papo.
A literatura independente ainda carece de espaço, mas há muitos escritores produzindo bons conteúdos. Como mencionado por Jorge Alexandre Moreira: "Ainda sofremos com a falta de visibilidade." Segundo o autor ainda é preciso que o trabalho do autor independente seja mostrado para o público leitor.
A iniciativa de apresentar a literatura de horror/terror depende tanto dos próprios escritores que podem criar a sua base de leitores, quanto da aceitação por parte do público que pode conhecer mais e buscar uma gama de títulos e estilos de escrita que se adapte ao seu gosto pessoal.
A iniciativa de apresentar a literatura de horror/terror depende tanto dos próprios escritores que podem criar a sua base de leitores, quanto da aceitação por parte do público que pode conhecer mais e buscar uma gama de títulos e estilos de escrita que se adapte ao seu gosto pessoal.
Cláudia Lemes comentou sobre a literatura policial que tem se aproximado mais daquela que é considera a alta literatura. Já para o horror/terror ainda há um caminho a ser percorrido, incluindo a mudança de visão de editoras que precisam se abrir e se unir para fortalecer o mercado.
Importante ação de união realizada por escritores e que tem demonstrado resultado é a ABERST - Associação de Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror. Entidade que visa dar visibilidade ao trabalho de autores dos gêneros mencionados e seus subgêneros, a associação tem atuado fortemente no fomento à leitura e divulgação do trabalho dos autores associados. Exemplo disso é o Prêmio Aberst de Literatura que chega em sua segunda edição e que tem autores independentes entre os finalistas, um deles é Flávio Karras, autor do livro A Parasita de Almas, que concorre na categoria Melhor Romance de Horror ou Terror. A participação da associação na maior feira de terror realizada no Brasil corrobora a iniciativa de promoção da literatura de horror.
Extrapolar, ir além, colocar para fora seus demônios, são alguns dos motivadores para a escrita de livros de terror, como ressaltou o escritor Alexandre Braoios. "Toda obra é uma forma de expressão das emoções" - destacou. O gênero de terror, sem dúvida, permite com que os escritores transcendam o habitual, o real, as regras que vivemos cotidianamente na sociedade. A escrita de terror também pode ser catártica como diz A. T. Sérgio, que afirmou tratar de demônios em suas obras, porque escrever terror permite com que as coisas ruins que estão guardadas internamente sejam expostas nas páginas de contos ou livros.
Certamente, seja qual for o caminho seguido pelos autores para expor o horror, advenha ele da sobrenaturalidade ou da realidade, há espaço no mercado e temos excelentes autores atuando no gênero. Aos leitores cabe se permitir em conhecer os autores nacionais e suas obras.
Certamente, seja qual for o caminho seguido pelos autores para expor o horror, advenha ele da sobrenaturalidade ou da realidade, há espaço no mercado e temos excelentes autores atuando no gênero. Aos leitores cabe se permitir em conhecer os autores nacionais e suas obras.
Jorge Alexandre Moreira, Cláudia Lemes, Clara Madrigano, Flávio Karras, Alexandre Braoios e A. T. Sérgio |
A literatura independente de horror/terror tem ganhado espaço e há oportunidades para os escritores que não precisam projetar a sua carreira traçando um caminho de dependência de editoras. Naturalmente, desejar ter um livro publicado por uma grande casa editorial ainda é sonho de muitos escritores, no entanto, não há apenas esse espaço para ser explorado e para conquistar leitores.
O comportamento do leitor também tem mudado e essas mudanças podem implicar em oportunidade para que os escritores independentes aumentem o alcance de suas publicações.
O SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) lançou, no início do ano de 2019, um estudo sobre a venda de livros no Brasil. A referida pesquisa foi citada por Flávio Karras no debate. Pois bem, segundo tal estudo - que baseia-se em informações do mercado tradicional e que, portanto, não abarca o que acontece de fato, exclusivamente, no mercado independente, revela que houve em 2018 uma queda de 10,1% nas vendas em relação ao ano anterior, 2017.
O mesmo estudo aponta que, no Brasil, foram publicados 46.828 livros em 2018. Do total mencionado 22,84% de todos os livros publicados no Brasil ao longo de 2018 advém dos chamados livros independentes. Então, de acordo com os números, temos uma boa fatia do mercado que é integrada por autores que publicam os seus livros por meios que não estão ligados às editoras tradicionais. Um panorama que soa animador para quem pensa em seguir tal estratégia de publicação.
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