Alan Santiago é autor do
livro de ficção policial Unami: A Receita da Vingança, além de ter outros
livros publicados de não ficção. Ele falou ao Tomo Literário sobre seus livros
e escrita, além de revelar que tem um novo projeto que será publicado em 2018.
Confira a entrevista na íntegra. Vale a pena ler!
Tomo
Literário: Como foi o seu primeiro
contato com a literatura?
Alan
Santiago: Está
aí uma resposta que eu queria dar com precisão. Não sei qual o primeiro livro
que li. Porém, o meu primeiro contato com o mundo das histórias escritas foi ouvindo
minha mãe ler para mim e meu irmão gibis da Turma da Mônica. Quando aprendi a
ler, continuei lendo os gibis. Na adolescência eu me afastei desse hábito e
lembro que lia os livros obrigatórios do colégio, apenas para passar de ano.
Alguns eu nem lia, de alguma forma achava o resumo dos livros e pronto.
Apenas quando entrei no pré-vestibular que eu
tomei gosto pela leitura, talvez tenha sido influência da professora de
literatura, não sei, mas a partir de 1997, começo realmente a ler. Leio os
livros obrigatórios para o vestibular e vou em busca de formar o meu gosto
literário. Então todo o mês eu comprava um livro de gênero diferente e países
diferentes, li romances australianos, clássicos russos, policial holandês,
drama brasileiro, enfim fui pulando de galho em galho até descobrir o que me
dava prazer em ler.
Tomo
Literário: Como surgiu a ideia do seu
livro Umami: A receita da vingança, publicado pela Pendragon?
Alan
Santiago: A
descoberta do meu gosto literário, romance policial, certamente é ponto inicial
da ideia do Umami. Queria escrever um romance, já que já tinha escrito livros
de não ficção. A ideia da história, foi surgindo. Muito influenciado pelo
cinema coreano, por causa da temática de vingança e onde todos os personagens
tem atitudes condenáveis.
Na época que comecei a escrever, estava me
interessando por gastronomia e pensei em criar um personagem principal chef de
cozinha. Depois determinei que ele seria uma pessoa normal, mas desequilibrada,
então na hora o maior desequilíbrio que eu visualizei era de um pai escrevendo
um diário para a filha, contando como executar um plano de vingança.
Depois a trama foi desenrolando sozinha na
minha cabeça.
Tomo
Literário:
Seu
livro está na Biblioteca Nacional de Portugal. Qual o sentimento de ter o livro
disponível fora do Brasil?
Alan
Santiago: A
primeira vontade que vem a cabeça é ir até Lisboa e ver o meu livro (risos).
Mas é uma alegria imensa saber que alguém em outro país pode ler algo que
criei.
Nunca frequentei muitas bibliotecas, mas
constantemente ia até a biblioteca da Universidade de Brasília e ficava
vagando, procurando por autores que eu desconhecia. Depois ia até as
prateleiras com livros em outras línguas e procurava por línguas que eu não
tinha capacidade de ler e abria o livro e tentava imaginar a história.
Quem sabe, em Portugal não exista alguém com
gosto tão peculiar como esse que tinha. Espero que o livro possa aparecer em
outras bibliotecas do mundo.
Tomo
Literário:
Faça o seu próprio hambúrguer – 50 receitas
da refeição favorita de quem gosta de gordice é outro livro publicado em 2016.
Fale-nos sobre o livro e o processo de unir 50 receitas que foram testadas.
Alan
Santiago: Como
eu disse anteriormente, numa época da minha vida, comecei a ter gosto pela
culinária e hambúrguer, sempre foi um dos meus pratos prediletos.
Além disso, o vício de escrever já estava
atuando em mim. Não conseguia ficar sem escrever. Tinha acabado o meu livro da
NFL, estava com um pouco de dificuldade com a história do Umami, então não
estava escrevendo.
Voltando aos hambúrgueres, eu já tinha feito
alguns e então anotei a receita. Tinha outras receitas que eu peguei na
internet e adaptei uma coisa ou outra. Quando percebi eu já tinha quase umas
trinta receitas anotadas e feito quase todas. Então pensei, porque não fazer um
livro?
Fui em busca de novas receitas quando
determinei o número de 50 receitas e fiz todas as receitas.
Certamente, foi a melhor preparatório
(produção) de livros que já fiz.
Tomo
Literário:
Falemos
sobre NFL – a liga de futebol americano. Você tem dois livros que abordam o
assunto. Neles tem o olhar de um torcedor, de um pesquisador do tema ou as duas
coisas mescladas?
Alan
Santiago: Sou
torcedor do NY Giants, coleciono algumas coisas do time, como livros de
história, mas sou fã do esporte. Gosto de ver os jogos, se meu time estiver
jogando e estiver bem, seria o ideal. Porém, nos dois livros eu fui
pesquisador.
Sempre gostei de aprender, gosto de
pesquisar, meus três livros não lançados são de pesquisa e gosto de história.
Quando resolvi estudar sobre a NFL, fui ler sobre a história da liga e comecei
a me interessar e acreditei que outras pessoas podiam ter o mesmo interesse.
Por isso, eu tive a ideia de escrever o livro.
Hoje em dia eu prefiro escrever romance, mas
quando aparece algo novo para eu pesquisar eu me dedico completamente ao
assunto.
Tomo
Literário:
O
que te inspira a escrever?
Alan
Santiago: Quando
eu tinha uns seis anos eu falei para os meus pais que eu queria ser escritor.
Não imagino o motivo de ter falado isso. Quando tinha uns dez anos tentei
escrever um livro, não tinha noção do que estava fazendo, o livro não passou da
primeira página.
Sempre que eu brincava com os bonecos dos
Comandos em Ação, eu criava histórias, algumas se arrastavam por dias. Acredito
que vem daí o meu gosto por criar história.
E criar essas histórias, para mim, sempre foi
algo lúdico. Não sei se pode ser inspiração, mas escrever uma história é
diversão, é alegria. Acho que todos nós queremos ser felizes, então essa deve
ser a minha inspiração, fazer algo que me deixe mais feliz.
Agora o que me inspira a criar histórias,
certamente é a leitura. Não só a literatura, mas a leitura diária. Além de
filmes e seriados. Consumi tantas histórias boas, que algumas eu pego como
inspiração.
Tomo
Literário:
Está
trabalhando em algum novo projeto literário? Pode nos contar?
Alan
Santiago: Como
eu falei, não consigo ficar parado. Antes de escrever o Umami eu já tinha uma
história na minha cabeça. Um amigo e eu tínhamos um projeto de escrever 7
livros, todos com histórias independentes, mas que se passava no mesmo
universo. Na época eu fiquei encarregado de escrever três livros.
Comecei, então, a escrever o meu primeiro
livro, que era a história de um Papai Noel assassino. Porém, por causa de um
problema no meu computador eu perdi a história toda, na época devia ter umas 50
páginas escritas.
Enquanto eu escrevia Umami eu lembrei do
personagem e lembrei que queria fazer vários livros no mesmo universo, então
inseri no Umami alguns personagens que seriam aproveitados em outros livros.
Enfim, já finalizei mais dois livros que se
passam nesse universo. As histórias são independentes, mas de alguma maneira se
complementam. O próximo livro é sobre esse serial killer que se veste de Papai
Noel e o terceiro é o desdobramento desses acontecimentos. Agora vou revisar as
histórias para começar o processo de publicação.
Quando acabei as histórias, me senti órfão
novamente e comecei então a escrever uma história de detetive particular, o
tipo de literatura que mais me agrada. Enquanto escrevo esse, já penso em
várias outras histórias para esse detetive atuar.
Junto aos romances que escrevo, estou também
trabalhando com uma biografia, que deverá ser lançada no ano que vem.
Tomo
Literário:
Que
autores você recomenda ou quais autores influenciaram o seu trabalho como
escritor?
Alan
Santiago: São
vários autores que me faz ler o livro em um dia ou que me faz ficar ansioso
para os lançamentos. Quando compreendi o que eu gostava, literatura policial,
eu fui fisgado pela literatura noir da década de 30 e 40. Raymond Chandler,
certamente é o autor que me fez ser fã desse tipo de livro.
Quando li toda a sua obra, comecei a procurar
por outros autores, li vários, alguns me agradaram e outros nem tanto. Porém,
consegui achar alguns: Dennis Lehane, John Katzenbach, John Verdon, Jo Nesbo e,
principalmente, Harlan Coben. Poderia dizer que eles são os autores que me
influenciam. Gosto da maneira que eles escrevem. Livros simples de ler, mas com
um conteúdo viciante.
Recentemente li Matthew Fitzsimmons e gostei
muito. Até agora no Brasil só tem um livro traduzido, porém, espero que os
outros não demorem para chegar.
Além desses autores, o cinema coreano também
me influenciou e influencia bastantes. Foi mais de uma centena de filmes
daquele país assistidos e que deram asas a minha imaginação.
Tomo
Literário:
Que
livros, de quaisquer gêneros, você indicaria aos leitores e de que maneira
esses livros te tocam?
Alan
Santiago: Uma
resposta simples seria qualquer livro dos autores acima. Porém existem outros
autores que me influenciariam.Primeiro começo por um já citado, indico Janela
para a Morte do Raymond Chandler, pois foi o primeiro livro noir que li e que me tornou fã do autor.A
metamorfose de Franz Kafka é outro livro que indico. Faltam palavras para falar
desse livro, a história é contada de forma sensacional.
Crime e Castigo de Fiódor Dostoiévski é outro
livro que me influenciou, primeiro, que na época que li, achei uma leitura
densa, muitas vezes cansativa, mas não conseguia parar de ler. Mesmo com uma
fala de um personagem durar quase duas páginas, aquilo me prendia. Nem precisa
falar sobre a história, que beira a perfeição.
O Cortiço do Aluísio de Azevedo, também
merece destaque, pois foi o primeiro livro que li obrigado e gostei. Lembro de
achar a história boa, os personagens eram carismáticos, tinha vontade de estar
naquele cortiço para conhecer aquelas pessoas.
Agora os dois livros que tenho as melhores
recordações é de um brasileiro e um americano. O primeiro é: O Alienista do
Machado de Assis. Já tinha livro alguns livros do autor, é o meu autor
brasileiro preferido e certo dia peguei esse fino livro para ler. A história me
agrada muito, o jeito que ela é contada é muito boa, os personagens são reais
praticamente. Frequentemente eu penso que a história tinha que ser adaptada
para o cinema ou televisão nos dias de hoje.
Apanhador no Campo de Centeio do JD Salinger,
sem dúvidas é o meu livro preferido. Não sei explicar muito bem a magia que o
livro causou em mim. Lembro que quando comprei o livro, em um Shopping em
Brasília, tive que esperar um pouco para ser atendido numa outra loja e nisso
comecei a ler o livro. Após sair da loja, procurei um banco vazio no shopping e
fiquei um pouco mais de uma hora lendo a história do Holden Caulfield. Virei fã
do autor, li toda a sua obra, li todas biografias em português, estou
aguardando lançar o filme sobre o Salinger no Brasil. Enfim, esse é o livro que
sempre recomendo a todos.
Tomo
Literário:
Quer
deixar algum comentário para os leitores?
Alan
Santiago: Leiam
e não tenham vergonha do que leem. Por alguns anos, quando era mais novo, tinha
vergonha de dizer que gostava de literatura policial, pois algumas pessoas
achavam que era quase um subgênero da literatura.
Pouco depois deixe e me importar e fui atrás
daquilo que gosto. Por isso, se você gosta de ler autoajuda, literatura
policial, romance, fantasia, histórias religiosas, clássicos ou qualquer gênero
não se importe com o que os outros vão pensar ou falar de você.
Outro comentário, procurem autores novos, dê
oportunidade para os autores nacionais também, há muita história boa sendo
contada no Brasil, há muitos autores bons. Dê espaço na sua estante para
autores que você não conhece, não precisa ser necessariamente só brasileiros,
mas viaje pelo mundo sem sair da sua casa.
Foto: Reprodução |
Saiba
mais sobre o escritor
Alan Santiago Silva nasceu em Brasília (DF)
em 1980. Formado em Jornalismo na UVV no Espírito Santo e em Publicidade e
Propaganda no UniCeub em Brasília. Trabalhou em grandes agências de comunicação
do Brasil e participou nas relações públicas de grandes eventos esportivos. Já
escreveu e escreve de maneira esporádica para sites esportivos.
Apaixonado por esportes, comida, televisão,
história e pesquisa começou a se aventurar no mundo literário e escreveu três
livros que ainda não foram publicados: A
VIOLÊNCIA CULT – Curiosidades sobre Quentin Tarantino, livro
que traz inúmeras curiosidades sobre o diretor até o lançamento de Kill Bill 2.
Sua próxima obra foi UFC
em números, novamente trazendo curiosidades e informações extra
do maior evento de MMA. O próximo livro escrito foi A Turma do Charlie Brown,
que conta um pouco da história do autor Charles Schulz e, principalmente, um
levantamento de todos os personagens que foram imortalizados nas tiras do
cartunista.
Acompanhe o autor
Páginas Facebook: https://www.facebook.com/alan.santiago.autor/
Site: www.alansantiago.net
Conheça
os livros
Faça o seu Próprio Hambúrguer: 50 Receitas da Refeição Favorita de quem
Gosta de Gordice
O livro traz 50 receitas de hambúrguer, a
maioria a base de carne de boi. Aqui você não encontrará receitas com carne de
peixe, aves e, muito menos, receitas vegetarianas. Todas as receitas foram
testadas e muito bem provadas e aprovadas. Algumas delas tiveram como base
receitas encontradas na internet ou no caderninho de receitas da vovó, mamãe e
titia, porém, todas foram adaptadas, ou seja, elas são originais.
Disponível
na Amazon.
A versão em inglês também está na Amazon.
Make your own hamburger: https://goo.gl/xwO5yH
Umami: A receita da vingança
Até onde o amor por sua filha é a desculpa
para seguir o caminho de ódio, morte e vingança? Harold Agate conseguiu o que
poucos chefs de cozinha podiam sonhar: uma bela esposa, uma filha adorável,
estabilidade financeira, cursos de especialização ao redor do mundo, sua
franquia gastronômica e a abertura do seu primeiro restaurante de alta
gastronomia. Porém, para ele, isso ainda não significava a felicidade plena, fantasmas
de seu passado ainda o assombravam e ele precisava acabar com todos eles.
Depois de rever, mesmo que virtualmente, os seus antigos amigos de formação,
Harold sente a sede de vingança acordar de um longo sono e, cheio de ódio, vai
atrás daqueles que um dia o fizeram sofrer.
Disponível na Amazon.
NFL em Números: Todos os jogos da NFL
A
princípio o assunto não parece muito interessante para os fãs da bola oval, mas
depois de começar a ler, quem é fã do esporte irá gostar. Aqui você saberá qual
o time tem mais jogos na NFL, quais são os principais confrontos, quem é
freguês de quem, quais os jogos são mais equilibrados, quem são os reis da pós
temporada.
O livro traz os confrontos de todos os times desde 1920 até 2016, mesmo aqueles que não existem mais até os que estão na ativa.
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O Início da NFL: 1920-1952
O
livro é uma reunião de detalhes do início da NFL e as histórias das franquias
que disputaram a liga entre 1920 e 1952. Ano que a última franquia da liga
deixou de existir.
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