[Lista] Curiosidades sobre Hilda Hilst - Tomo Literário

[Lista] Curiosidades sobre Hilda Hilst

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Hilda Hilst, cujo nome completo era Hilda de Almeida Prado Hilst, nasceu no dia 21 de abril de 1930 em Jaú, cidade do interior de São Paulo. Foi poeta, ficcionista, cronista e dramaturga. É considerada pela crítica especializada como uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX e faleceu no dia 04 de fevereiro de 2004 na cidade de Campinas.

Confira algumas curiosidades sobre a escritora.

Hilda Hilst sempre foi uma leitora voraz. Quando criança gostava muito de biografias de santas. De tanto ler sobre o assunto, um tema que lhe era muito caro, ela dizia ter uma imensa vontade de também se tornar uma santa ou, na menor das hipóteses, ser freira. Hilda frequentou o colégio de freiras Santa Marcelina e passava horas ajoelhada, rezando, chamando por Deus. As freiras do colégio, no entanto, a desencorajaram, porque acreditavam que Hilda não tinha vocação nem dedicação suficientes.



Durante o período em que cursou Direito na Universidade do Largo São Francisco, Hilda Hilst era uma aluna de pouca assiduidade. No primeiro ano da faculdade ela chegou a ser reprovada na matéria de Direito Romano pelo simples fato de não ter comparecido aos exames. A escritora, então estudante, ficou de segunda época nas matérias de Teoria Geral do Estado e Direito Civil. Ao longo do período da faculdade, além da preocupação da saúde de seu pai que sofria de esquizofrenia, ela vivia um ritmo bastante agitado e atribulado, com uma vida social que requeria a presença dela em bares, jantares em homenagens a intelectuais e até lançamentos de livros.

A escritora, que nasceu em Jaú, cidade do interior do estado de São Paulo, tinha uma vida amorosa agitada. Em 1953 envolveu-se com Vinicius de Moraes, a quem havia sido apresentada por um amigo em comum. O Poetinha era casado e eles começaram a sair, mantendo um intenso romance. Para Hilda, Vinicius de Moraes era adorável e sensível, mas, algum tempo mais tarde, passou a afirmar que a poesia dele era medíocre. Coincidentemente, suas declarações carregadas de adjetivos nada nobres, foram próximas ao término do relacionamento que tiveram.



Ainda na década de 1950 ela passou uma temporada na França e envolveu-se num romance breve com o ator Dean Martin, que foi uma figura hollywoodiana importante no século XX e chegou a atuar tanto no cinema quanto na música e na televisão. Mas, o interesse de Hilda Hilst era em se aproximar de Marlon Brando e seduzi-lo. Hilst chegou a invadir um quarto de hotel onde Brando estava hospedado. Para isso, inventou uma história dizendo que era jornalista e que queria fazer uma entrevista com o astro. No entanto, a tentativa de conquistá-lo deu errado e nem a entrevista aconteceu. Hilda havia bebido um pouco mais e o ator estava em companhia de uma possível amante, segundo ela mesmo chegou a relatar.

No final do ano 1958, durante um encontro de poetas, Hilda se aproximou de João Ricardo Barros Penteado, que se tornaria um de seus grandes amores. Ela se relacionou com ele por três anos e meio, segundo informações de amigos e relatado em entrevistas e na própria biografia da escritora. Ele era oito anos mais jovem que Hilda e formado em Direito. Hilda não teve filhos, mas com João Ricardo, foi o único homem sobre o qual ela chegou a comentar que pensaria em ter um filho. Ela sempre dizia que João Ricardo havia sido o homem mais lindo com quem convivera. O relacionamento deles inspirou Hilda a compor “Sete cantos do poeta para o anjo”, em 1962.

Numa tarde de 1963 Hilda passeava pela Rua Augusta, em São Paulo, que na época era frequentada pela elite paulistana. Ela estava acompanhada de Marilda Pedroso. Dante Casarini, um funcionário do Ministério da Fazenda do Rio de Janeiro, estava em férias em São Paulo e também passeava por ali. Hilda o viu parado na loja Maria Picola. Ousada, não hesitou em ir até a porta da loja encantada com a beleza do rapaz. Ela se apresentou e passou o número do telefone, numa demonstração clara de uma mulher de atitude. Durante a noite ele ligou para Hilda que mandou um motorista pegá-lo no hotel. Quando chegou na casa dela, localizada no Sumaré, havia uma mesa posta para um jantar à luz de velas. Dante ficou um ano morando com Hilda em São Paulo até que se mudaram para a fazenda onde foi construída a Casa do Sol, em Campinas.



Em razão do livro “Telefone para o além”, que foi publicado na década de 1960 pelo sueco Friedrich Jurgenson, que afirmava ser possível registrar vozes de espíritos com um gravador, Hilda Hilst passou a tentar reproduzir experimentos semelhantes. Ela tratava tal questão com um viés científico e não como misticismo. Quando alguém mencionava que também ouvia vozes, Hilda era enfática em afirmar que não eram vozes que ela ouvia da própria cabeça e que ela estava tentando maneiras de se comunicar com os mortos por meio de ondas radiofônicas.

Em 1976 Bruna Lombardi acabava de lançar um livro, o seu primeiro livro de poesias, chamado “No ritmo dessa festa”. A atriz mandou um exemplar para Hilda, que não chegou a ler o livro e dizia que tratava-se de uma “poesia medíocre”. Bruna ligava para a Casa do Sol constantemente querendo saber a opinião de Hilda, que desconversava. Quatro anos depois, ela foi na noite de autógrafos do livro “Tu não te moves de ti”, que ocorreu na Livraria Cultura e a atriz pressionou Hilda dizendo que ela não escaparia. Bruna colocou Hilda contra a parede: “O que você achou do meu livro?”. Hilda tinha bebido um pouco e respondeu: “Olha, você é tão linda, fica tão bem na televisão... você deveria continuar por aí mesmo, porque você é um corpo bonito, sua poesia é péssima.” Chocada com a resposta da escritora, Bruna foi embora.

Hilda Hilst adorava beber Manhattans, sua bebida preferida, feita de uísque e vermute. No bar que frequentava, ela gostava de subir ao palco e cantar uma de suas músicas preferidas: “The Man I Love”, composta por George e Ira Gershwin e interpretada por Billie Holliday e Ella Fitzgerald. O problema é que quando estava alterada o show não parava. Ela chegava ao final da música e recomeçava, causando desconforto nos outros frequentadores do bar. Numa determinada ocasião o público começou a vaiar e ela simplesmente passou a atirar azeitonas até que alguém a tirasse dali.

No fim dos anos 1980, depois de ter publicado 28 livros, Hilda estava descontente com o desconhecimento dos leitores em relação a sua obra. Reclamava da dificuldade de encontrar suas publicações em livrarias e só vê-las em sebos. Ela desejava ser lida, como quer todo escritor, e queixava-se que o mercado brasileiro valorizava mais os autores estrangeiros. Até Paulo Coelho ela incluía no rol de autores nacionais injustiçados, mesmo considerando a obra do autor “uma brincadeira”, “uma coisa fantasiosa”.

Hilda sempre dizia não entender o motivo de não ser lida. E procurava razões para isso. Uma das alternativas que ela apontava era o medo do autoconhecimento que poderia ser provocado pela leitura de seus livros. Assim como havia acontecido com ela, como leitora, os seus leitores poderiam ser provocados a refletir sobre a existência. Ela dizia: “Eu tinha que sacudir as pessoas e toda a frivolidade, a futilidade de cada dia.”

Madonna em foto do livro Sex


Com o lançamento do livro “O caderno rosa de Lori Lamby”, em 1990, Hilda pensou que a estratégia de ser mais lida e vendida estava dando certo, mesmo com o editor Massao Ohno considerando “um pouco baixaria, subliteratura”. Houve até reimpressão do polêmico livro. Essa nova fase de Hilda despertou a atenção da imprensa brasileira. Em 1992 Madonna publicou o livro erótico “Sex”, um dos momentos mais marcantes da carreira da rainha do pop, e uma leitora mandou uma carta ao jornal Correio Popular de Campinas para que Hilda expusesse sua opinião sobre o livro. Ela respondeu: “Fiquei com inveja e pena de mim. Durante quarenta anos, escrevi obras-primas do sexo e não aconteceu nada. Se aos vinte anos tivesse tirado uma fotografia beijando a bunda de um homem, teria ficado tão rica quanto a Madonna.”



Em 1995 Hilda Hilst se viu sozinha na Casa do Sol. Recebia apenas algumas visitas aos finais de semana. A solidão se combinou com a idade, e a escritora passou a beber mais do que costumava beber. Segundo informações veiculadas em sites que falam sobre a autora, ela chegava a beber duas garrafas de vinho do Porto ou uma de uísque por dia. Muitas vezes, Hilda recebia pessoas estranhas na casa e se encontrava em estado de embriaguez. Estava sem empregados, tinha sérios problemas com dinheiro, estava chafurdada em dívidas de IPTU e com a entrada de pessoas estranhas na Casa do Sol perdeu muitas coisas de valor, inclusive joias. Hilda passava a maior parte do tempo assistindo televisão. Seu último livro havia sido lançado dois anos antes, em 1993 sob o nome de Rútilo Nada.



Em 1996 Hilda Hilst sofreu uma grande perda, a do amigo Caio Fernando Abreu, autor do livro Morangos Mofados (1982), que morreu de AIDS, em 26 de fevereiro daquele ano. Anos antes eles haviam feito um pacto estranho: quem morresse primeiro, iria avisar o outro. Após a morte do amigo, a escritora disse a outros amigos que viu Caio circulando nos jardins da Casa do Sol.

O loteamento de terras e a construção de uma estrada que ligaria Campinas a Mogi-Mirim, bem em frente à propriedade que outrora havia pertencido à mãe de Hilda e que agora abrigava sua casa, causaram grandes transtornos para Hilda. Antes, os impostos da chácara eram pagos com valores de construção rural. Com o desenvolvimento a região passou a ser considerada urbana e Hilda teve que começar a pagar IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), cujo valor é muito mais elevado do que o valor que pagava como imóvel rural. Ela tinha que pagar não só o de sua casa, mas o de todos os terrenos que haviam sido vendidos a partir do loteamento da propriedade, já que a prefeitura alegava que não havia comprovação da venda dos terrenos para outrem.




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