Editora 106 chega com proposta de publicação baseada no desejo do leitor e na ousadia, mas sem abrir mão de uma gestão inteligente
O que determina o sucesso de uma editora: a habilidade para assimilar tendências ou a capacidade de se antecipar a elas? Por entender que a publicação daquilo que o público deseja é tão importante quanto propor novas experiências de leitura, a Editora 106 chega ao cenário editorial brasileiro como resultado do encontro entre as psicanalistas Fernanda Zacharewicz e Gisela Armando, que já editavam obras na área da Psicanálise sob o selo Aller, e o jornalista Omar Souza, publisher com mais de 20 anos de experiência. A nova casa publicadora estreia com quatro lançamentos até o fim de 2019.
Diferentemente de outras editoras, que costumam abrigar os títulos dirigidos a cada gênero ou tipo de público sob um selo específico, a marca 106 estará presente em praticamente todas as obras. A diferenciação se dará nos sub-selos, indicados logo abaixo do logotipo: 106 Ideias (ensaios, biografias, Filosofia, História etc.), 106 Pessoas (desenvolvimento pessoal, espiritualidade, negócios etc.), 106 Histórias (ficção histórica e contemporânea), 106 Clássicos (obras e autores consagrados), 106 Crônicas (textos produzidos por alguns dos melhores cronistas nacionais e internacionais), entre outros. A única exceção será o selo Aller, já consolidado no universo psicanalítico brasileiro, e que identificará os livros publicados para esse segmento.
Para resumir a filosofia de trabalho da 106, Omar Souza diz: “Editorialmente falando, vamos sempre buscar equilíbrio entre o que está em evidência e a ousadia, seja em termos de conteúdo ou forma. No que diz respeito à gestão, a ideia é buscar as melhores práticas e os processos mais eficientes.” O publisher considera a distribuição o maior desafio. “Está claro que os modelos tradicionais precisam de revisão. E nisso queremos inovar. ”
Cada sub-selo é uma representação que formaliza o compromisso com determinado público, como explica Gisela Armando. “Produzir bons livros e temas que possam acrescentar conhecimento, saber e prazer às pessoas nos traz o sentimento de estarmos de fato contribuindo de forma positiva na vida dos leitores. Mais que uma empresa, desejamos realizar uma contribuição social efetiva.”
Já Fernanda Zacharewicz celebra o momento da vida em que tem a oportunidade de colocar em prática suas duas maiores paixões: a psicanálise e a literatura. “Editar um livro é, para mim, contribuir para a formação de sujeitos que possam pensar o mundo e atuar nele de maneira mais consciente e responsável desde uma perspectiva voltada aos direitos humanos.” Fernanda faz coro com os demais sócios ao afirmar que ler é “movimento, caminho e convite”.
Sempre que possível, a Editora 106 oferecerá lançamento simultâneo em plataformas físicas (livros impressos) e digitais (ebooks e audiolivros) a partir dos melhores e mais relevantes canais para divulgação e comercialização de seus títulos. Como é o caso da obra de estreia, A Rainha do Ignoto, publicada sob o selo 106 Clássicos, com lançamento em outubro tanto em livrarias quanto em marketplaces. Trata-se do primeiro texto longo de realismo fantástico produzido no Brasil, escrito no fim do século XIX por Emília Freitas — mulher, abolicionista, republicana, socialista, militante contra a pena de morte, contra a intolerância religiosa e contra a tortura. Pincelado com tons de sobrenatural, o livro conta a história de uma comunidade feminina autônoma e misteriosa no interior do Ceará que se dedica a ajudar mulheres oprimidas ou doentes.
Ainda em outubro, chega às livrarias físicas e virtuais o livro Economia da Longevidade, escrito pelo jornalista Jorge Félix, doutor em Ciências Sociais com vasta pesquisa na área de Gerontologia e comentarista no programa Bem-estar, na TV Globo. Na obra, ele mostra como, por questões históricas e de planejamento, o envelhecimento populacional no Brasil é um problema bem mais complexo que a mera discussão sobre a previdência social: à medida que aumenta a expectativa de vida no país, também se agrava a situação do idoso.
No mês seguinte chega Porventura, do jornalista Mauro Ventura, que resgata a tradição e preserva o legado dos grandes cronistas brasileiros ao reunir textos inéditos e outros de grande repercussão publicados em veículos como Jornal do Brasil e O Globo, além da internet. São dezenas de crônicas que trafegam entre as ruas de um Rio de Janeiro tão lindo quanto ardiloso, pelas alas estreitas das favelas onde pessoas realizam projetos sociais extraordinários ou pelos cômodos do lar onde a convivência com a família e os amigos proporciona experiências inusitadas. Ainda em novembro, a Editora 106 lança O vento, a chama, estreia do psicanalista Laerte de Paula no romance com uma obra de estrutura e linguagem surpreendentes sobre o amor e suas impossibilidades.
Paralelamente, o selo Aller também apresenta novidades. Em outubro, o novo livro da psicanalista francesa Colette Soler, autora de Lacan leitor de Joyce, aborda uma questão recorrente desde o título: Homens, mulheres. Outro título que chega em outubro é Psicanalistas do século XX — Volume 1, de Rosângela Verzini. Está prevista ainda a publicação de Passo a passo I, livro da francesa Rithée Cevasco sobre Topologia, tema assíduo na Psicanálise, e um título do psicanalista francês Érik Porge ainda sem título em português.
Depois de tantas novidades, resta a reflexão: em um momento crítico para o mercado editorial como o atual, não seria arriscado lançar uma nova casa publicadora? Segundo Omar Souza, a resposta é “sim” e “não”, dependendo da abordagem. “Antes de tudo, precisamos ter em mente que os leitores existem, e suficientes para tornar o Brasil uma potência editorial. A crise atual, provocada pela situação de duas grandes redes de livrarias, fez toda a cadeia do livro repensar seus processos de gestão, mas o desejo de conhecer mais sobre um assunto ou mergulhar numa grande história nunca deixou de existir.”
Sobre Gisela Armando: psicanalista, membro da Internacional dos Fóruns do Campo Lacaniano, membro do Departamento de Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, com 30 anos de experiência na clínica psicanalítica e passagem por cargos de gestão dessas instituições, tendo também realizado trabalhos de gestão de pessoas. É cofundadora da Aller Editora.
Sobre Fernanda Zacharewicz: psicanalista, doutora em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e mestre em Gerontologia Social pela mesma instituição, é membro da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano e cofundadora da Aller Editora.
Sobre Omar Souza: jornalista com passagens por veículos como Jornal do Brasil e O Estado de S. Paulo, possui mais de 20 anos de experiência na área de publicação de livros, tendo ocupado cargos executivos em editoras como Record, Thomas Nelson Brasil e HarperCollins Brasil (estas como diretor editorial). Possui MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas.
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