O azul do oceano e dos céus como convite ao
desfrute da liberdade.
Marília Lima faz da introspecção um chamado
para a comunhão com o mundo. O azul, tão panorâmico da capa do livro, ao mesmo
tempo que fala da calmaria, remetendo os olhos do observador para as paisagens
bucólicas da natureza, chama ao isolamento, a algo natural e essencial à
condição humana.
O texto de orelha dá pistas do que o leitor
encontrará no livro: “A vida é ambígua; por um lado, as coisas mais simples e
delicadas estendem-se à vista, no céu azul e aberto, na figura dos pássaros
livres e seus cantos; no entanto, figuras tão frágeis, perdem suas forças na
impossibilidade de voar amplamente, devido as prisões das gaiolas”.
De fato, os poemas de Marília Lima carregam
essa mensagem de liberdade e contemplação da natureza. Sua poesia, no entanto,
também aponta para a existência das dificuldades, as inúmeras pedras encontradas
pelo caminho, que são os desdobramentos das coisas desordenadas e caóticas de
um mundo, muitas vezes, propício a tristezas e tragédias. Versos duros e
cortantes “como a rigidez / do cão morto na sarjeta, / o vizinho que se
suicidou”.
A obra busca ainda retratar o vasto universo que
é o interior do ser humano, tão socialmente contido, mas, ainda assim,
essencialmente livre. Não à toa a figura dos pássaros voando amplamente,
desenvoltos no céu azul, acaba por ser uma recorrência na poética da autora. Para
a escritora Stella Florence, existe um lugar secreto, repleto de enigmas e
sentimentos, sendo que “ao poeta cabe o universo num punhado de palavras; cabe
tornar o detalhe, infinito”. E é isso o que Marília Lima faz neste conjunto de
poemas enfeixados neste Azul, livro
publicado pela editora Penalux.
A liberdade paira escancaradamente nessas
páginas. “Em criança, cuidei de passarinhos”, diz a poeta. “Ficou em mim esta
fugacidade. Num segundo, estar aprisionado entre mãos; no outro, a amplidão da
liberdade”.
Fica ao leitor o convite para voar na poética
de Marília Lima.
O lançamento do livro ocorre no dia 30 de
junho, sábado, na Champanharia Sacra
Rolha (Rua Rio Grande, 304, São Paulo, SP.)
Serviço:
Livro: Azul, de Marília Lima. Poesia. Formato: 14X21, 94 p., 2018.
Disponível em:
http://editorapenalux.com.br/loja/azul
Sobre a
autora:
Marília
Lima é paulistana,
licenciada em Letras pela PUCC (Pontifícia Universidade Católica de Campinas) e
leciona Português para Estrangeiros. Participou de algumas antologias, entre
elas: “Vento a Favor”, “Antologia Rio 2001” e “Painel Brasileiro de Novos
Escritores 13 - Câmara Brasileira de Jovens Escritores”. Mantém a página “Chuva
na Vidraça” no Facebook. E, sim, acredita totalmente na frase de Ferreira
Gullar: “A arte existe porque a vida não basta.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário.