[Entrevista] Rafael Sales - Tomo Literário

Rafael Sales é autor da série Silhuetas na Penumbra, que foi publicada no Wattpad e está chegando em livro físico pela PenDragon. Além disso tem contos publicados em antologias e outras publicações em plataformas de leitura. Ele falou ao Tomo Literário sobre tornar-se escritor, processo de escrita, novos projetos e o mercado literário. Confira a entrevista.

Tomo Literário: Quando e como você decidiu se tornar escritor?

Rafael Sales: Eu sempre amei criar histórias, personagens e mundos ficcionais. Tentei por inúmeras vezes desenvolver HQs, escrevia páginas e páginas de planejamento das histórias, mas sempre parava no momento de desenhar quadro por quadro. Em algum ponto da minha infância para a adolescência fui apresentado ao RPG de mesa. Com meus amigos, elaborei e criei o meu próprio jogo de RPG e resolvi resgatar as histórias planejadas para as HQs com as narrativas surgidas nas seções de jogo. Escrevi o primeiro conto e nunca mais parei. Hoje tenho a convicção que quero escrever durante o tempo que minha mente e a criatividade permitir.  

Tomo Literário: Você é autor da série Silhuetas na Penumbra lançada no Wattpad e que em breve será publicada pela PenDragon. Como surgiu a ideia da série?

Rafael Sales: O universo da série passou por diversas mudanças desde sua idealização, ela surgiu dos jogos de RPG e do cenário de campanha criado para aquele jogo. Quando escrevi os primeiros rascunhos eu queria misturar tudo o que me inspirava, todas as criaturas lendárias que via em filmes, livros e toda forma de entretenimento, explorando o fantástico. Porém, eu era muito novo naquela época, em meados de 2010, e minha rede de influências não era tão vasta, percebi que a primeira versão do livro reproduzia apenas mais do mesmo de obras estrangeiras. Eu queria um diferencial, uma identidade nacional para o que escrevia, foi quando passei a pesquisar mitologias nativas, no mesmo tempo que conheci autores como Felipe Castilho, Walter Tierno, Câmara Cascudo e vi as infinitas possibilidades que o livro poderia tomar. Reformulei todo o enredo, acrescentei muito de diversas mitologias indígenas de diferentes etnias misturado a criaturas que já vivem no imaginário popular. Transformar aquela primeira versão em série surgiu do meu objetivo de criar uma certa expectativa para o livro, assim, escrevi os contos e o volume bônus e disponibilizei no Wattpad e no LuvBook, e o retorno foi melhor do que eu esperava, conquistando leitores e o prêmio oficial do Wattpad em 2017.

Tomo Literário: Quanto tempo levou o processo da escrita até a proposta de publicação do livro? Qual foi a etapa mais complexa?

Rafael Sales: Todo o processo foi um pouco conturbado. Levei três meses para escrever a primeira versão, um ano entre revisão, preparação de texto, analise de propostas de publicação, seis anos longe da escrita com o original engavetado, aproximadamente oito meses para reformular todo o original e mais um ano entre publicação online, eventos, network e finalmente o contrato com a PenDragon. A etapa mais complexa, sem dúvida, foi me despir dos preconceitos em torno do folclore e mitologia nativa e acreditar que era possível escrever esses temas para um público não infantil, e manter o tom que eu desejava para a série. 

Tomo Literário: O Wattpad, LuvBook e Sweek são plataformas que permitem ao autor formar uma base de leitores? Como tem sido a aceitação da série por lá?

Rafael Sales: Não sou tão ativo no LuvBook e Sweek como sou no Wattpad, e neste último eu venho colhendo bons frutos até hoje, mesmo após a publicação do último conto na plataforma e não colocando mais nada inédito há quase um ano. Periodicamente recebo comentários carinhosos e feedback positivo e parece que a cada vez mais novos leitores se unem a série, colocando os contos em suas bibliotecas e votando nos capítulos disponíveis nas plataformas.

Tomo Literário: Como você vê o cenário literário nacional atual? Quais são os maiores desafios para o escritor?

Rafael Sales: Não sei se é pelo meio, ou fatia de mercado que pertenço com os amigos escritores que convivo, mas eu vejo uma sutil alteração no modo de produzir livros, personagens e enredos. A representatividade está sendo levada mais a sério e muitos autores se preocupam em não reproduzir estereótipos. Tem muita gente boa produzindo ótimos livros, porém, ainda sinto que falta profissionalizar o mercado, em ambos os lados. Editoras surgem quase no mesmo passo que autores são publicados e às vezes essa presa em fazer acontecer não dá espaço para uma análise minuciosa do original, uma lapidação do material bruto. Toda profissão requer especialização e estudo, mas no Brasil parece que uma parcela dos escritores é movido pela intuição e criatividade e ignora o lado técnico, profissional do processo.  Encontrar uma boa equipe editorial que avaliará e guiará o escritor sem dúvida é um dos grandes desafios, outro é  vender o livro, fazê-lo chegar até os leitores em meio a tanto outros títulos de nomes consagrados que já vem com marketing pronto.


Tomo Literário: Você tem contos publicados em antologias, que permitiu publicação de suas histórias além das plataformas. Do que tratam os contos? Qual a sua sensação ao vê-los publicados e como foi a sessão de autógrafos?

Rafael Sales: Entre 2010 e 2012 participei de algumas antologias, escrevendo contos com diversos temas seguindo as propostas dos organizadores, mas sempre guiado por elementos fantásticos. No começo desde ano tive o prazer de participar da antologia “Amor sem Limites”, que conta com o primeiro conto da série Silhuetas na Penumbra fora das plataformas, e foi uma experiência incrível ver o modo como a série está se expandindo, para este ano, estarei presente em mais duas antologias, e em uma delas estará outro conto que faz parte da série. Retornar para o meio literário após tanto tempo foi incrível, reencontrei pessoas queridas e estrei laços com autores que eu sempre admirei, e estavam presentes no dia do lançamento. Sempre digo que volto renovado após uma sessão de autógrafos, pois o contato direto com o leitor, a troca de conhecimento, de abraços, de energia é muito importante e me faz ver que vale a pena todo o esforço e trabalho para se ter um material publicado.

Tomo Literário: De modo geral o que te move a escrever?

Rafael Sales: As pessoas precisam do lúdico, e fico contente quando descubro que uma pessoa, ao menos, se identificou com algum personagem, ou esqueceu todos os problemas, frustrações, medos, mergulhando no universo que eu criei. Acredito que todo artista tem a missão de dar esse frescor a humanidade, uma alternativa saudável de fuga.

Tomo Literário: Você tem algum método ou processo de escrita? Elabora um planejamento da história ou se põe a escrever a partir da ideia, sem planejamento prévio?

Rafael Sales: Ultimamente passo mais tempo planejando uma história do que de fato escrevendo. Gosto de criar uma premissa, desenvolver cada personagem e sua participação na história e resumir os acontecimentos previstos para cada capitulo, dificilmente eu chego no final da história do mesmo modo como planejei, mas ter tudo encaminhado me auxilia até nas prováveis mudanças que o enredo possa ter.

Tomo Literário: Você está trabalhando em algum novo projeto literário? Pode nos contar?

Rafael Sales: Com a pré-venda do livro pela PenDragon se aproximando, estou ainda no processo de revisão e preparação do texto. Tenho dois projetos pausados que pretendo retomar em breve, mas nada que eu possa adiantar.

Rafael Sales | Foto: Reprodução

Tomo Literário: Quais são os escritores que você admira ou que exerceram alguma influência sobre o seu trabalho como escritor?

Rafael Sales: O primeiro escritor nacional de literatura fantástica que tive contato foi André Vianco, e por muito tempo foi minha grande influência, mas logo se somaram Eduardo Spohr, Carolina Mancini, Stephen King, Neil Gaiman, J.K Rowling, Suzanne Collins entre muitos outros.

Tomo Literário: Que livros, de quaisquer gêneros, você recomenda aos leitores? De que forma esses livros te tocam?

Rafael Sales: Não recomendo gênero, recomendo o livro, pois não importa o que você leia, desde que leia, pois a leitura desperta nosso raciocínio, imaginação, ajuda na comunicação e expressão de ideias. Sou fascinado por literatura fantástica e mergulho completamente nos livros, sou daqueles que chora e ri tanto lendo quanto escrevendo.

Tomo Literário: Deseja deixar algum comentário para os leitores?

Rafael Sales: Gratidão! Pois sem leitores não existiria motivos para continuar escrevendo, e são vocês a maior fonte de inspiração de todo escritor.

Conheça os livros do autor:


A série Silhuetas na Penumbra está disponível no Wattpad. São oito contos e um volume bônus.

No Luvbook você também encontra a série Silhuetas na Penumbra e Círculo de Folhas.

No Sweek você encontra Venha Para o Jantar. 

A antologia Amor Sem Limites pode ser encontrada no site: http://amorsemlimites.esy.es/Loja/

Silhuetas na Penumbra nas redes sociais:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário.

Pages