Aislan Coulter é considerado uma das promessas do horror
nacional. Suas histórias trazem uma mistura bem brasileira aliada ao grotesco.
É conhecido como mestre do regionalismo gore. Ele falou ao Tomo Literário sobre
seus livros, indicações de obras, terror nacional e fecha o ciclo de autores entrevistados em 2017. Confira.
Tomo
Literário: Como foi o início de sua
incursão pelo meio literário?
Aislan
Coulter:
Como leitor eu comecei cedo. Havia uma estante cheia de livros na minha casa, eu
e meu irmão crescemos embaixo dela. Meus pais e minha tia nos incentivam. Minha
casa era repleta de livros, revistas sobre cinema, Hqs e filmes. Eu cresci nos
anos 80/90, a época das grandes franquias.
Como escritor foi em 1991. Eu ganhei um
prêmio de redação no colégio e fui convidado para escrever no jornal. E isso me
ajudou muito. Mais tarde fui convidado a me retirar do jornal por causa de um
texto polêmico que escrevi. Foi aí que descobri o poder da escrita (risos).
Anos depois publiquei em algumas antologias. O resultado não me agradou nenhum
pouco e foi justamente isso que me levou a estudar a escrita criativa de forma
mais profunda.
Tomo
Literário: Como surgiu a ideia do seu
livro Twittando com o Vampiro?
Aislan
Coulter:
O universo vampiresco sempre esteve presente na minha vida. Meu primeiro livro
foi o Drácula de Bram Stocker, depois li Carmilla de Sheridan La Fanu e na
sequência Entrevista com o Vampiro da Anne Rice. Depois vieram os livros do
Jason Dark, a série Assombração da Ediouro, Frota dos Vampiros e Disco Drácula.
Isso em meados de 92. Eu era fã da
Hammer Films e assisti a todos os grandes clássicos do gênero. Twittando com o
Vampiro é uma homenagem a essa época fantástica.
Tomo
Literário: O Cordel de Sangue é um livro
que se ambienta no sertão. Como foi o processo de escrever este livro?
Aislan
Coulter:
O Sertão me fascina. Sua cultura, suas histórias, o misticismo. Sou fã do
Glauber Rocha e o filme Corisco e Dadá, de Rosemberg Cariri, é o meu filme de
cabeceira. Durante o processo de escrita, assisti a muitos filmes sobre o
cangaço, caneta e papel na mão, anotando tudo, cada diálogo, cada gesto.
Aprender a língua foi o meu maior desafio.
Tomo
Literário: Seu terceiro livro está
chegando. Fale um pouco sobre ele.
Aislan
Coulter:
Chama-se Lobisomem. E novamente trago um monstro clássico com uma roupagem gore
e alguns espectros. Em noites de lua cheia, ele se senta na última poltrona, no
último vagão. Ali acontece a metamorfose e ninguém escapa. É um livro sobre
lobisomem, fantasmas e um casamento fracassado. Ah, e alguns trens estraçalhados também.
Tomo
Literário: Quanto tempo levou todo o
processo de escrita e qual foi o maior desafio?
Aislan
Coulter:
Meu processo de escrita é composto por várias reescritas e muitos cortes.
Afinal, escrever é cortar. Eu escrevo todos os dias. Tenho uma rotina de
escrita e escrevo em qualquer lugar. Já escrevi em banheiros públicos, em
rodoviárias empoeiradas e dentro de ônibus. Não importa a condição ou situação.
Finalizo o primeiro rascunho em dois ou três meses e aí vem a outra etapa,
muitas reescritas.
Tomo
Literário: O que te fascina em escrever
terror?
Aislan
Coulter:
O terror me fascina. Eu sei que numa perspectiva clínica sou apenas um cara
colocando os demônios no papel (risos). Mas, na verdade, sou apenas um cara que
escreve as histórias que gostaria de ler.
Tomo
Literário: Quais são os escritores que
influenciaram o seu trabalho como escritor ou aqueles escritores nos quais você
se inspirou em algum momento?
Aislan
Coulter:
A lista é gigantesca. Eu leio muito e leio de tudo. Sou um leitor de ficção
barata de carteirinha, mas leio clássicos também. Deixe me ver…Willian
Hjortsberg, Willian Golding, Philip K. Dick, Jason Dark, Jack Woods, Stephen
King, Ray Bradbury, Martin Cruz Smith, Clive Barker, Chuck Palahniuk, James
Herbert, Anne Rice, Heinlein, Asimov,
John Grisham, George Orwell, William Gibson, Anthony Burguess, Gillian Flyn… Tem um autor brasileiro
que descobri nos últimos meses, uma escrita incrível, seu nome é M R Terci. Escreveu
vários livros, eu li Mythos e Assombrada BR, dois livros impactantes.
Tomo
Literário: Na sua visão, como está o
mercado para livros nacionais de terror?
Aislan
Coulter:
O público está crescendo, as editoras estão apostando na literatura nacional de
terror. Temos grandes autores, grandes obras. Acho que estamos vivendo um grande momento.
Tomo
Literário: Que livros, de quaisquer
gêneros, você indicaria aos leitores e de que maneira esses livros te tocam?
Aislan
Coulter:
Que eu indicaria... Vamos lá... Coração Satânico (Willian Hjortsberg), Sonham
os Androides com Ovelhas Elétricas ( Philip K. Dick) O Cemitério (Stephen
King), O Senhor das Moscas( Willian Golding), O Apanhador no Campo de Centeio
(J.D.Salinger) Livros de Sangue(Clive Barker), Laranja Mecânica(Anthony
Burgess), 1984(George Orwell), O Sobrevivente(Chuck Palahniuk) Entrevista com o
Vampiro( Anne Rice), Livros de Sangue( Clive Barker), Besta-fera ( Jack Woods),Terrores
da Noite(M.C.Smith), A Firma ( John Grisham) Mythos, Assombrada BR ( M R
Terci). Todos esses livros me tocaram de uma maneira especial, como leitor e
como escritor. São uma verdadeira aula de escrita.
Tomo
Literário: Quer deixar algum comentário
para os leitores?
Aislan
Coulter:
Quero agradecer e dizer que é um prazer estar nestas páginas, um imenso prazer
estar no Tomo Literário. Muito obrigado. Gostaria de dizer aos leitores que
temos escritores, cineastas, roteiristas talentosos em nosso país. Deem uma
chance à literatura e ao cinema nacional. Só você, leitor/telespectador, pode
acelerar o desenvolvimento da produção nacional.
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Aislan Coulter é uma alegria ver o seu trabalho sendo reconhecido, parabéns!!!
ResponderExcluirAlém de ótimo escritor é excelente músico!!!!
Aislan, você é talentoso em tudo que se propõe a fazer.Feliz por você.
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