“Impressionante
como a gente é o que o passado faz da gente.”
Verônica é secretária no Departamento de
Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) em São Paulo. Certo dia ela presencia
o suicídio de Marta Campos, que até então ela sequer sabia quem era. Verônica
decide saber mais sobre aquela mulher e qual o motivo a teria levado a se
matar, sobretudo porque a mulher soltara uma enigmática frase enquanto se
lançava à morte: “Agora ele vai ser capaz
de me amar”.
Em paralelo vamos adentrar também a história
de Janete, uma mulher que reside na zona leste de São Paulo e que liga para
Verônica revelando que pode ser assassinada por seu marido. Verônica também vai
querer desvendar o que acontece com Janete. Brandão, o marido, trata as
mulheres que pega na rodoviária de São Paulo de maneira torturante, enquanto
sua esposa Janete, com a cabeça numa caixa, ouve a crueldade com que ele as
trata.
“Dentro
da caixa, vai ficando mais e mais quente, ela transpira por todos os poros e
perde a noção do tempo. A simples tarefa de respirar se dificulta a cada minuto
e a gola da blusa começa a encharcar...”
Durante a trajetória percorrida por Verônica,
em busca de pistas sobre o homem que teria se relacionado com Marta e para
incriminar o marido de Janete, ela vai passar por momentos de tensão e
descobertas no melhor estilo dos livros de suspense. É eletrizante a narrativa
empregada por Andrea Kilmore ao longo de toda a obra.
Verônica tem diante de si dois casos para
descortinar e chegar efetivamente aos culpados. É importante mencionar que ela
faz essas investigações de maneira particular, embora trabalhe no DHPP. Ela se
utiliza de suas artimanhas para conseguir acesso a várias informações. Ainda
que ela trabalhe num departamento policial é mister dizer que sua atuação é
como secretária. Daí decorre o seu jeito próprio de investigar os casos,
baseado em seu instinto e pelo que absorve em seu trabalho, mais do que pela
técnica utilizada por investigadores profissionais.
Num dos casos ela terá ajuda da esposa do
algoz e no outro ela conta apenas com sua veia investigativa.
“Existem
coisas na vida que transformam a gente. Naquela madrugada, dentro do carro,
fumando um maço inteiro de cigarros já velhos que encontrei esquecido no
porta-luvas, enquanto escutava tortura, gritos, tiros e perseguição pelas
caixas de som do meu rádio, me transformei em uma nova mulher” – revela Verônica
num dos capítulos do livro.
A protagonista não é uma heroína ou mocinha
típica. Ela tem atitudes que podem ser contestadas, o que a torna mais humana,
mais real e a aproxima do leitor. É, em suma, uma personagem crível. Essa forma
de construção dos personagens se revela em outras figuras do livro, como é o
caso de Janete, que em dados momentos parece determinada a denunciar o marido,
mas que também revela temor com o que pode acontecer e tem sentimentos
controversos, posto que ama aquele homem. Carvana, o chefe do departamento em
que Verônica trabalha, também tem um viés dúbio. É um homem que tem um trabalho
de responsabilidade, mas que parece dar de ombros, como quem deixa claro para
os funcionários: “Não me encham”.
O livro é arrasador. A narrativa é fluída, em
primeira pessoa pela visão de Verônica, e cheia de reviravoltas que prendem a
atenção.
Andrea Kilmore consegue imprimir ritmo,
nuances psicológicas que expressam muito bem a mente de um criminoso, carrega
tensão, suspense, violência e dissimulações. A própria Verônica é uma
personagem muito bem construída e a história é cruelmente perturbadora.
Trata-se de um livro admirável de suspense policial e assassinos cruéis.
Um livro da literatura nacional contemporânea
que, espero, conquiste cada vez mais leitores do gênero policial. O mistério
não fica apenas no livro. Após concluir a leitura desse excelente thriller,
fica a pergunta: quem é Andrea Kilmore?
Sobre a
autora
Andrea Kilmore é uma revelação que não pode
se revelar, e seu verdadeiro nome continua um mistério até para a editora. Após
trabalhar infiltrada em um caso e sofrer uma grande perda pessoal, a autora se
viu obrigada a assumir uma nova identidade. E com ela, uma nova vocação.
Escondida n as sombras, buscou na literatura a saída para vencer a depressão e
não calar sua voz. Assim nasceu Andrea Kilmore, pseudônimo batizado com sangue.
Todo o contato com os editores da DarkSide Books foram feitos por intermédio de
um advogado. Por questões de segurança, seu estilo de vida é extremamente
reservado e não lhe permite conceder entrevistas ou participar de eventos
públicos. Ela escreve thrillers como os grandes mestres, e sua experiência de
vida confere uma autenticidade que poucas vezes encontramos em suspenses
policiais. A escritora conheceu de perto a verdadeira face do mal. Mesmo com
tantos mistérios, sua literatura é vibrante e cruel – como a realidade.
Ficha Técnica
Título: Bom Dia, Verônica
Escritor: Andrea Kilmore
Editora: DarkSide Books
Edição: 1ª
ISBN: 978-85-9454-017-1
Número
de Páginas:
256
Ano: 2016
Assunto: Literatura
brasileira
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