No dia 19 de Setembro comemora-se o Dia Nacional do Teatro. A data homenageia uma das manifestações artísticas mais antigas da humanidade, em especial os artistas brasileiros que lutam e fazem parte dessa vertente.
O teatro, tido como arte, surgiu na Grécia Antiga. Já por aqui, em terras brasileiras, o teatro nasceu no século XVI e, como entretenimento passou a ser comum após a chegada da Família Real Portuguesa, o que ocorreu em 1808.
Inúmeros são os artistas do teatro brasileiro. Entre eles podemos citar Bibi Ferreira, Nelson Rodrigues, Procópio Ferreira, Dias Gomes, Marco Nanini, Paulo Autran, Raul Cortez, Martins Pena, Sílvia Orthof, Manual Antônio de Almeida e Machado de Assis.
Para celebrar a data fiz uma lista com dez livros sobre o teatro brasileiro ou artistas que representam a obra. A lista poderia ser maior, porque são vários os títulos disponíveis. Confira:
Teatro da Obsessão: Nelson Rodrigues
Autor:
Sábato Magaldi
Editora: Global Editora
Nelson Rodrigues passou pelo teatro brasileiro como uma espécie de tsunami. Provocativo, demolidor, obcecado, despertou cóleras terríveis e admirações enlevadas, tal como se a realidade, por alguns momentos, se transformasse numa cena de suas próprias peças. Dentro desse clima meio surrealista, o público vaiava com furor ou aplaudia. A censura fazia a sua função, proibindo sete de suas peças. Nunca se havia visto nada semelhante na história do teatro brasileiro. Acompanhando com interesse apaixonado a carreira "do maior autor teatral brasileiro de todos os tempos, do dramaturgo que deu dimensão universal à nossa literatura dramática", Sábato Magaldi teve oportunidade de estudar toda a sua obra, peça a peça. São esses trabalhos, elaborados como prefácio ao "Teatro Completo de Nelson Rodrigues", que se acham reunidos em "Teatro da Obsessão: Nelson Rodrigues".
Dividido em três módulos (peças psicológicas,
míticas, tragédias cariocas), o livro pode ser lido como um curso de introdução
à obra do autor pernambucano e uma espécie de vacina contra "os equívocos
que praticamente acompanharam o lançamento de todos os espetáculos",
muitos dos quais ainda vivos e robustos. Com precisão, em linguagem límpida e
raciocínio claro, Sábato Magaldi analisa as peças como realidade teatral, sem
perder de vista as suas repercussões na sociedade brasileira, ainda bastante
preconceituosa. Numa análise técnica, ressalta a força do diálogo de Nelson
Rodrigues e o fato de suas peças pertencerem "desde o início, ao domínio
do teatro e da literatura, feito que não era a norma entre nós".
"Teatro da obsessão" é estudo fundamental à compreensão de um autor
que teve "a coragem de desmascarar o homem, despido de véus
embelezadores", sendo capaz de ir "ao fundo da miséria existencial,
num mundo aparentemente regido pelo absurdo".
Calabar: O Elogio da
Traição
Autores:
Chico Buarque e Ruy Guerra
Editora: Civilização Brasileira
“Calabar” desmistifica o conceito de traidor e a noção vazia e abstrata de traição. Questiona valores e revela contradições com visceral humor. É um texto “malcomportado”. E por isso estimula a elaboração de um espetáculo debochado, capaz de assumir a quase anárquica, mas organizada colagem e a justaposição de imagens e épocas.
Arena, Oficina, Anchieta e
outros palcos
Autores:
Antônio Abujamra, Renato Borghi, Tônia Carrero, José Celso Martinez, Antunes
Filho
Editora: SESC SP
É um livro raro que conta com prefácio de Lauro César Muniz Muniz. Nomes centrais da nossa dramaturgia são entrevistados e compõem, assim, uma breve história do moderno teatro brasileiro. Registra, ainda, os bastidores dos principais movimentos teatrais. São atores e diretores que dedicaram a vida ao teatro e fizeram história nos palcos. Antônio Abujamra, Antunes Filho, Gianfrancesco Guarnieri, Marília Pêra, Myriam Muniz, Renato Borghi, Tônia Carrero e Zé Celso Martinez Corrêa reveem sua trajetória e as lutas políticas e estéticas que marcaram suas carreiras. Suas conquistas artísticas confundem-se com a construção do teatro e da cidadania nacionais. Engajados, contestadores, críticos, irônicos ou exagerados, esses artistas que enfrentaram a censura militar durante a ditadura fazem aqui um balanço crítico de suas lutas e realizações, e contam histórias de produções emblemáticas, como "Eles Não Usam Black-Tie".
Dercy de Cabo a Rabo
Autora: Maria Adelaide Amaral
Editora: Globo Livros
Dercy à moda de Dercy: franca, escrachada,
irônica, vital. Dos palcos do teatro mambembe às telas de TV de todo o país,
foram 101 anos vividos com intensidade. Dramas fortes, comédias pessoais,
casamentos desfeitos, uma filha, bisnetos. E o teatro, sempre o teatro, sua
fonte de energia. "Dercy de Cabo a Rabo", as memórias desabusadas,
ditadas a Maria Adelaide Amaral, delineiam o retrato de uma unanimidade
nacional. O livro é a base da minissérie "Dercy de Verdade", também
escrita por Maria Adelaide, que a Rede Globo veiculou em janeiro de 2012.
"A minissérie destina-se a resgatar essa grande personalidade do palco,
cinema e televisão e a mostrar ao Brasil quem, de fato, era Dercy", revela
Maria Adelaide, que foi convidada pela própria para escrever o livro. Dercy lhe
disse: "Você fala palavrão diretinho, deve falar desde criança. Você
parece minha filha, aliás gostaria que você fosse minha filha." Nas telas,
as atrizes Heloísa Périssé e Fafy Siqueira encarnarão a Dercy dos palcos,
comediante, mãe e amante. "O amor que tenho por Dercy foi herdado dos meus
pais, que eram fãs dela e viram todos os seus espetáculos. Li este livro em
1994, presente de meu pai, e devo dizer que desde então ele passou a ser,
literalmente, meu livro de cabeceira. 'Dercy de Cabo a Rabo' é uma leitura
leve, divertida e verdadeira que apresenta um exemplo de mulher a ser seguido,
alguém que através de sua força e coragem conseguiu respeito entre artistas,
políticos e todo o povo brasileiro", conta Fafy.
Bendito
Maldito
Autor:
Oswaldo Mendes
Editora:
Leya
'Nesta biografia,
um dos grandes dramaturgos brasileiros é homenageado por Oswaldo Mendes, seu
amigo jornalista e crítico de teatro. Mendes reproduziu a estrutura de uma
clássica peça em três atos. Ela permite acompanhar, dramaticamente, a evolução
do personagem, enquanto outras vidas cruzam seu caminho. Uma linha do tempo
acompanha a narrativa e permite ao leitor identificar a época em que aconteceu
a ação e o ajuda a entender motivações de muitos episódios. O dramaturgo Plínio
Marcos nunca falou de si mesmo: deu voz aos deserdados, aos excluídos, a quem
não a tinha. Por isso, foi censurado tantas vezes, a começar por ''Barrela''.
Durante os anos de regime militar, entre 1964 e 1982, enfrentou a repressão,
sem alterar um centímetro seu foco de visão. ''Navalha na carne'', ''Dois
perdidos numa noite suja'', ''O abajur lilás'' são obras que só encontram
paralelo nas peças de outro autor e cronista, o carioca e também censurado
Nelson Rodrigues.'
O Auto
da Compadecida
Autor:
Ariano Suassuna
Editora:
Agir
O ‘Auto da
Compadecida’ consegue o equilíbrio perfeito entre a
tradição popular e a elaboração literária ao recriar para o teatro episódios
registrados na tradição popular do cordel. É uma peça teatral em forma de Auto
em 3 atos, escrita em 1955 pelo autor paraibano Ariano Suassuna. Sendo um drama
do Nordeste brasileiro, mescla elementos como a tradição da literatura de
cordel, a comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura
popular e tradições religiosas.
Apresenta na escrita traços
de linguagem oral (demonstrando, na fala do personagem, sua classe social) e
apresenta também regionalismos relativos ao Nordeste. Esta peça projetou
Suassuna em todo o país e foi considerada, em 1962, por Sábato Magaldi "o
texto mais popular do moderno teatro brasileiro".
O Pagador de Promessas
Autor: Dias Gomes
Editora: Bertrand Brasil
Nesta peça de
renome internacional, o autor narra o emocionante calvário do simplório
Zé-do-Burro: para cumprir promessa feita a Iansã, pela cura de seu burro, ele
divide seu sítio com os lavradores pobres e carrega pesada cruz de madeira no
percurso de sessenta léguas, com o objetivo de depositá-la no interior da
igreja de Santa Bárbara, em Salvador.
Ao contrário do
que acontece com muitas obras teatrais de qualidade, que se iniciam com ímpeto
e às vezes o mantêm até certa altura para nos frustrar no final, esta peça de
Dias Gomes é um todo completo e acabado: o seu final não resulta em frustração,
mas em plenitude. E para isso é preciso que se reúnam, na realização da obra,
aqueles fatores imponderáveis que dão nascimento à verdadeira obra de arte.
Antologia
do Teatro Brasileiro (Século XIX )
Autores:
Alexandre Mate e Pedro Schwarcz
Editora:
Penguin – Companhia das Letras
Desde o século XIX, quando a tradição teatral
começou a se consolidar no Brasil, um gênero em especial se destacou como
vocação maior da dramaturgia nacional: a comédia. Apesar de desdenhado por
críticos, intérpretes e até pelos próprios autores, o texto cômico se mostrou
uma tentação irresistível para muitos autores, até mesmo para os grandes nomes
do período romântico brasileiro.
A Bruxinha que era Boa - E outras
peças
Autora: Maria Clara Machado
Editora: Nova Fronteira
Volume 5 da Coleção Teatro de Maria Clara Machado. Peças da edição: "A Bruxinha que era Boa"; "Quem Matou o Leão?"; "O Patinho Feio"; "Camaleão e as Batatas Mágicas"; "O Alfaiate do Rei" - As peças são acompanhadas por fotos de diferentes montagens, pesquisadas no arquivo do Tablado. Neste volume, a orelha é assinada por Miguel Falabella. Em "A Bruxinha que era Boa", a bruxinha Ângela é um fracasso na Escola de Maldades da Floresta. De castigo, ela é levada para a Torre de Piche, mas acaba conhecendo Pedrinho, um jovem lenhador que não se assusta com a sua aparência e pode ajudá-la a ganhar a tão sonhada vassoura a jato.
A Pele do Lobo - e outras peças
Autor:
Artur Azevedo
Editora: Hedra
Apresenta as seguintes peças teatrais:
"Amor por Anexins", "A Pele do Lobo", "O
Oráculo", "Como eu me Diverti!", "O Cordão" - Textos
curtos de Artur Azevedo, nosso primeiro grande homem de teatro, cuja temática
gira em torno de costumes nacionais. "Amor por Anexins", de 1870, foi
a primeira peça do autor. "A Pele do Lobo", de 1875, faz uma sátira
divertida ao sistema de policiamento do Império. "O Oráculo", de
1907, é um texto que dialoga com a tradição da comédia. Os textos "Como eu
me Diverti!", de 1893, e "O Cordão", de 1908, tratam ainda do
carnaval e são exemplos importantes da conturbada posição de Artur Azevedo
entre os escritores de seu tempo, por ser um autor eminentemente popular. Esta
edição é organizada por Larissa de Oliveira Neves, especialista na obra de
Artur Azevedo.
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